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No interior do ES, médicos fazem até rodízio para atender todos os postos

No interior do ES, médicos fazem até rodízio para atender todos os postos

Com mudança de critérios do Ministério da Saúde, que reduziu numero de vagas oferecidas, muitos municípios não conseguem suprir a demanda

Publicado em 11 de junho de 2019 às 02:40

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Mesmo que a maioria das vagas cortadas do programa Mais Médicos estejam na Grande Vitória, é no interior que a situação é mais dramática. Em Vargem Alta, Sul do Estado, havia cinco vagas, mas não há nenhum médico do programa. No local, está sendo feito um rodízio de médicos para não deixar a população desassistida.

O governo federal renovou vagas apenas em cidades classificadas como de perfis 4 a 8 de maior vulnerabilidade, com base em classificação do IBGE que leva em conta condicionantes socioeconômicas. Vargem Alta é de perfil 2 e, portanto, não foi contemplada em novo edital lançado em maio.

De acordo com a secretária de Saúde da cidade, Maria Inês Cereza, as comunidades de Richmond, Castelinho, Belém, Prosperidade e Jaciguá estão com as equipes de saúde incompletas. “Apenas duas estão funcionando completas. Nas outras, os médicos – clínicos gerais – dão suporte uma vez por semana. Mesmo assim a demanda não é suprida”, disse.

A secretária ainda disse que o município não tem condições de arcar com a contratação de médicos fora do programa Mais Médicos. “Seria um custo aproximado de R$ 50 mil com os salários e encargos”, afirmou.

CONTRATAÇÕES

A saída dos profissionais cubanos, em novembro, e a substituição por brasileiros fez com que dois médicos que atuavam em João Neiva, migrassem para outros municípios. “Atualmente estamos com duas equipes sem profissionais médicos porque não estamos conseguindo contratar para substituí-los”, afirmou o município, por meio de nota.

A cidade também está com dificuldades de fazer contratações próprias. “Aumentamos o salário dos médicos e estamos realizando, pela terceira vez, um processo seletivo”, diz a nota.

Caminhoneiro Cleber da Silva Gonçalves, de 27 anos. (Beatriz Caliman)

PROCURA

 

Em Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Estado, faltam oito dos 26 médicos previstos para a cidade. Todos solicitaram desligamento. O caminhoneiro Cleber da Silva Gonçalves, de 27 anos, mora no bairro Zumbi, um dos mais populosos do município. Ele diz que, por lá, a demanda por consulta no posto de saúde é grande e o local está com poucos profissionais. Por isso, preferiu levar a avô, de 84 anos, na Unidade de Ponto Atendimento (UPA) em outro bairro, Marbrasa. “Dizem que a prefeitura tem um plano para melhorar o atendimento. Mas, por enquanto, temos que esperar”, afirmou.

A gerente das unidades básicas de saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Cachoeiro de Itapemirim, Lidiany Rodrigues, conta que em bairros como o Aeroporto, o distrito de Córrego dos Monos, Zumbi e Nossa Senhora da Penha tinham profissionais do programa que pediram desligamento. “Hoje, todos as unidades possuem um médico. Mas com o processo de seleção vamos completar as equipes e ter cobertura 100% em todos as unidades da saúde”, afirma.

RECURSOS

Marilândia, na Região Noroeste, já contratou um médico com recursos próprios para preencher o quadro de profissionais. Das cinco vagas, uma está congelada. “Esse médico tem um custo total de cerca de R$ 13 mil”, contou o secretário de Saúde da cidade, Roberto Carlos Partelli.

Dona de casa Flaviane de Oliveira Polonini, 31 anos. (Beatriz Caliman)

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Outros municípios, como Nova Venécia, não puderam arcar com mais contratações. O município abriu mais de três processos seletivos, mas não houve interessados. “Para tentar diminuir esse prejuízo, realocamos um médico que trabalhava na cidade para atender no interior, onde os postos são mais escassos”, disse André Wiler Silva Fagundes, secretário de Saúde. (Com informações de Geizy Gomes, Leonardo Goliver, Larissa Avilez, Beatriz Caliman)

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