Publicado em 20 de setembro de 2022 às 21:35
O Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES) começou a realizar exames para detectar a varíola dos macacos – também conhecida como monkeypox – sem a necessidade de enviar amostras para outros Estados. A testagem para a doença ainda não é oferecida de forma ampla no Brasil. Atualmente, o Governo Federal tem cerca de oito laboratórios de referência que realizam tal análise.>
Gerente de vigilância em saúde do Estado, Orlei Cardoso afirma que a novidade significa mais rapidez na detecção da doença, além de uma maior possibilidade de rastrear o comportamento dela em território capixaba. Antes, os exames eram enviados para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde, segundo ele, ficavam represados devido à alta demanda.>
Orlei Cardoso
Gerente de vigilância em saúde do Espírito SantoOrlei Cardoso afirmou também que a realização dos exames no Lacen-ES começou no último final de semana, e que o prazo médio de liberação dos resultados tem sido de 24 horas. Para realizar o teste, porém, é preciso passar por uma avaliação médica antes.>
O gerente detalhou que o laboratório usa uma tecnologia parecida com a dos exames que detectam a Covid-19. No entanto, em vez das coletas nasal e oral, como acontece no caso de suspeita de coronavírus, o foco do teste para a monkeypox é na erupção cutânea – um dos principais sintomas da doença.>
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"Esses diagnósticos são feitos através do RT-PCR, que é o padrão ouro da biologia molecular. São coletas parecidas com aquelas para a Covid-19, utilizando o swab. Mas, desta vez, será na lesão, onde há concentração de líquido nas bolhas. Se as lesões já estiverem cicatrizando, recolhemos fragmentos da crosta", explicou.>
Embora os testes já estejam sendo feitos, segundo Orlei, ainda não é possível mensurar a capacidade diária de diagnósticos do Lacen-ES. "É difícil fazer uma projeção de quantas amostras estão sendo analisadas, porque estamos começando agora. Até sexta-feira (23), teremos uma noção melhor.">
Além do represamento de testes, é possível que haja uma subnotificação da doença devido ao medo do preconceito, conforme apontou Orlei Cardoso. Apesar disso, ele acredita que o cenário tem melhorado. "Nos últimos dias, as informações sobre a doença cresceram, mas, de fato, as pessoas ainda têm receio de procurar o sistema de saúde por medo de sofrer alguma retaliação", afirmou.>
"Recentemente, a população passou a entender que qualquer pessoa pode pegar a doença, já que ela é transmitida pelo contato direto. Dessa forma, tem aumentado as notificações – o que é bom, porque se conseguimos identificar o paciente, conseguimos colocá-lo em isolamento a tempo", completou.>
Segundo o gerente, apesar da tendência de crescimento do número de casos, o cenário do Espírito Santo frente à doença ainda é estável. Até o momento, não houve a identificação de casos graves causados pela varíola dos macacos no Estado. Já no Brasil, foram registradas duas mortes: uma em Minas Gerais e outra no Rio de Janeiro. >
"Se compararmos com os outros Estados da região Sudeste, nós estamos em uma situação de equilíbrio. Temos feito o dever de casa de notificar, mas a doença também não ganhou uma proporção de forma descontrolada por aqui. O reflexo disso é que há mais de duas semanas que não temos crianças entre os casos confirmados", destacou. >
Divulgado nesta terça-feira (20), o último boletim da monkeypox apontou que há 62 casos confirmados da doença no Estado. Ainda são investigados outros 170 casos suspeitos, e 248 notificações já foram descartadas. A atualização do boletim é feita às terças e sextas-feiras, pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).>
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