Vinícius, Geisylan (ao fundo) e Carlos (beijando as mãos) junto com o Papa Francisco em um encontro inesquecível no Vaticano
Vinícius, Geisylan (ao fundo) e Carlos (beijando as mãos) junto com o Papa Francisco em um encontro inesquecível no Vaticano. Crédito: Divisione Produzione Fotografica

Seminaristas do ES entregam imagem de santa e recebem benção do Papa no Vaticano

Geisilan e Vinicius, de 22 anos, e Carlos Daniel, de 23, estudam para a vida clerical na Serra; eles puderam abraçar, beijar as mãos e conversar com o pontífice no dia 9 de agosto, durante uma das audiências gerais da Igreja Católica

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Construída de forma artesanal e com muita admiração, uma imagem de Nossa Senhora da Saúde ligou o município de Colatina, na região Noroeste do Estado, ao lugar mais sagrado do mundo para os católicos. Seminaristas capixabas foram até o Vaticano no dia 9 de agosto e puderam conhecer o Papa Francisco, além de presenteá-lo com a obra de arte.

Vinícius Mantovani Rampineli e Geisilan Barbosa dos Santos, ambos de 22 anos, e Carlos Daniel de Souza Martins, de 23, estudam para a vida clerical na Serra. Eles atuam na Diocese de Colatina, que abrange vários municípios do interior do Estado. O trio conseguiu a oportunidade do encontro poucos dias após participarem da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Lisboa, Portugal.

"Foram pelo menos dois anos de organização para podermos ir para a Europa. Pensamos assim 'poxa, já que vamos cruzar o oceano, por que não ficar um pouco mais e conhecer o centro da nossa Igreja?'. Roma, no caso. Então, depois da Jornada, fomos para lá", explicou Carlos Daniel, que conversou com A Gazeta por chamada de vídeo, quando em solo italiano.

De acordo com o seminarista, um amigo que deu a ideia deles conhecerem o Santo Padre – algo que nunca imaginaram que seria possível. Dom Lauro Sérgio Versiani Barbosa, bispo da Diocese à época, precisou escrever uma carta para a Casa Pontifícia (como se fosse uma "prefeitura" do Vaticano), que autorizou a entrada de Vinicius, Geisilan e Carlos Daniel. O encontro, então, estava marcado para acontecer durante uma das famosas Audiências Gerais da Igreja Católica.

"Não foi um momento importante só para nós, como para todos os católicos que ali estavam. As pessoas vêm do mundo inteiro para ver o Vaticano e, muitas vezes, o próprio Papa. Algumas pessoas do nosso lado estavam com fotos da família; tinham muitos casais de noivos, que se casaram nas suas cidades, nas suas paróquias, e foram até o Vaticano receber a benção do Santo Pai", destacou Carlos.

Encontro inesquecível

O tão aguardado momento aconteceu por volta das 9h, dentro da Sala Paulo VI. Ao todo, cabem cerca de seis mil pessoas no local, que fica na lateral da Basílica de São Pedro. O trio se sentou na terceira fileira de cadeiras, e o primeiro a cumprimentar o Papa Francisco foi Vinicius. Natural de Linhares, assim como Geisilan, foi o jovem quem informou que os seminaristas eram do Brasil. 

"Ele desceu do local onde fez a catequese e veio com a cadeira de rodas, pois estava um pouco debilitado, né? Segurei na mão dele, pedi a benção e beijei a mão. Na hora que levantei a cabeça, falei que éramos seminaristas brasileiros. Até repetiu 'Brasil?' e abriu um sorriso no rosto. Foi extremamente carinhoso, mesmo sem dizer muita coisa", relembra Vinicius. 

Vinicius foi o primeiro a cumprimentar Papa durante audiência
Vinicius foi o primeiro a cumprimentar Papa Francisco durante audiência. Crédito: Divisione Produzione Fotografica

Nas semanas anteriores ao encontro, Geisilan já tinha ensaiado tudo o que ia falar: por completar mais um ano de vida em 8 de agosto, um dia antes de ver o Papa, ele sabia que gostaria de uma benção especial de aniversário. "Só que, quando ele chegou perto de mim, eu perdi as palavras. Fiquei apenas olhando. Tanto que na foto eu estou com cara de bobão, né? Peguei na mão dele e fiquei olhando. Depois, passou para o Carlos", conta.

Geisilan Barbosa dos Santos

Seminarista

"O Francisco foi o Papa que consegui acompanhar de verdade. Tenho 22 anos, e ele está no 'governo' há dez. Os outros tenho admiração, mas não foram meus contemporâneos. Para mim, ele é uma inspiração na sua forma de pastorear, com humildade e simplicidade "

Quem entregou a obra sacra ao Papa foi o aracruzense Carlos Daniel, o último a cumprimentá-lo. Segundo ele, o líder religioso foi muito atencioso e ainda permitiu que o jovem lhe desse um abraço e um beijo no rosto. O seminarista também aproveitou o momento para repassar mensagens de amigos e familiares que são fiéis católicos. 

"Disse ao Santo Padre que éramos ‘seminaristi brasiliani’ [seminaristas brasileiros] e que ‘Nostra Signora della Salute’ [Nossa Senhora da Saúde] é a padroeira de nossa diocese. Ainda disse a ele que trazia no coração muitas pessoas e que algumas delas, mesmo sem saber desse encontro, pediram que eu levasse seus cumprimentos também ao papa. Então pedi: ‘posso abraçar o senhor?’ Para minha alegria ele disse: ‘Sí, sicuramente' [sim, seguramente]", descreveu.

Carlos Daniel de Souza Martins, de 23 anos, abraça Papa
Carlos Daniel de Souza Martins, de 23 anos, abraça Papa. Crédito: Divisione Produzione Fotografica

"Além dela ser padroeira da nossa diocese, essa santa atende aos clamores por saúde. E nós sabemos que o Santo Padre precisa de saúde. Já é um senhor de mais de 80 anos, que já tem certa dificuldade se locomover. Então também era uma forma de manifestar nossa oração por ele", completou o jovem.

A obra

Quando a Covid-19 chegou ao Estado, o hoje artesão Luiz Carlos Borges Júnior, de 35 anos, não sabia como iria sustentar a família. Na época, ele trabalhava no setor de eventos, um dos mais afetados pelo isolamento social. Foi quando resolveu se dedicar ao artesanato – mais especificamente, à arte sacra. Tempos depois, surgiu a Hebreus Doze, cuja fama "decolou" até o outro lado do mundo.

"Senti muita angústia por não poder levar dinheiro para dentro de casa. E nunca tinha encostado em madeira antes, nem sabia como fazer. A empresa nasceu do fato de eu ser católico e não ter um trabalho naquele momento. Foi na base da oração mesmo. Se eu não tivesse fé, certamente a Hebreus não existiria", pontuou.

Imagem de Nossa Senhora da Saúde entregue ao Papa
Imagem de Nossa Senhora da Saúde entregue ao Papa. Crédito: Reprodução | Hebreus Doze

Júnior, como é conhecido, conta que o pedido para confeccionar a obra veio após realizar alguns trabalhos no interior do Espírito Santo. Admiradores do trabalho dele, os seminaristas entraram em contato e fizeram a encomenda. O artesão só não imaginava, no entanto, que teria uma arte nas mãos do Santo Padre.

Luiz Carlos Borges Júnior

Artesão

"Foi uma alegria muito grande poder confeccionar a obra. Isso coroou todo o trabalho que venho fazendo nos últimos anos. Além do lado profissional, tem o de admiração"

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