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Morte de gêmeos no ES: Corpo de Bombeiros conclui perícia de incêndio

Morte de gêmeos no ES: Corpo de Bombeiros conclui perícia de incêndio

O incêndio aconteceu no dia 14 de maio deste ano e vitimou os irmãos Ayla e Gabriel, de 2 anos. Três hipóteses são as mais prováveis, segundo o laudo pericial

Publicado em 16 de setembro de 2020 às 13:26

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Os gêmeos Gabriel de Jesus da Silva e Ayla Sofia de Jesus da Silva, de 2 anos de idade, morreram em um incêndio que atingiu uma casa no bairro Aroeira
Os gêmeos Gabriel de Jesus da Silva e Ayla Sofia de Jesus da Silva, de 2 anos, morreram em um incêndio que atingiu uma casa no bairro Aroeira, em São Mateus. (Arquivo pessoal)

Corpo de Bombeiros concluiu no início deste mês o laudo pericial que investigou as causas do incêndio no imóvel onde moravam os irmãos Ayla Sofia de Jesus da Silva e Gabriel de Jesus da Silva, de 2 anos. O caso aconteceu no dia 14 de maio deste ano, em São Mateus, na Região Norte do Espírito Santo. Três hipóteses foram apontadas no laudo, mas a conclusão da perícia foi de causa indeterminada.

De acordo com o capitão Rainer, do Corpo de Bombeiros, várias hipóteses possíveis foram testadas durante as investigações e algumas delas foram desconsideradas.

“A perícia é pautada pela metodologia. A gente segue todo o passo a passo para entender ao máximo o cenário naquele local. Dessa forma, a gente prova quais hipóteses não são viáveis e, avaliando essas hipóteses e vendo que não eram viáveis, elas são descartadas. Todas as hipóteses são testadas nesse período”, explicou.

Segundo o capitão, após um longo trabalho de apuração, algumas hipóteses foram submetidas a um programa de simulação de incêndio. “Ao final, chegamos a três hipóteses que vimos viabilidade e submetemos ao programa de simulação de incêndio, que auxilia bastante, já que é uma metodologia confiável, por ser feita por um computador”, reforçou.

FOGO SE ALASTROU POR MEIO DE COLCHÃO

O laudo pericial apontou que o fogo se alastrou por meio de um colchão. “Utilizando esses recursos, a gente chegou num aproximado do que teria ocorrido no dia da ocorrência, que seria o colchão sendo o causador da disseminação do incêndio que a perícia se esmera em achar”, afirmou. 

CAUSA DO INCÊNDIO

Além disso, a investigação tentou descobrir o que teria provocado o incêndio que matou os irmãos. “Sobre o que pode ter causado o incêndio, a gente chegou a três possibilidades, que é o efeito termoelétrico, uma ação acidental ou uma ação pessoal. Em cima dessas três possibilidades, a gente faz a busca. No entanto, não foi possível definir quais das três foi, de fato, o que causou o incêndio, porque a gente achou possibilidade em todas”, destacou o capitão.

Para tentar descartar a hipótese de ação pessoal, várias testemunhas foram ouvidas e colaboraram com o resultado da perícia. “O laudo ficou como indeterminado, justamente por não termos desconsiderado as outras hipóteses. Tinham muitas chances de ser um curto-circuito, poderia ser um acidente, chegamos a ouvir pessoas ligadas à família, mas elas também não foram capazes de excluir a hipótese de algo proposital”, concluiu.

FATOR DE DESASTRE

Em entrevista à reportagem de A Gazeta, o capitão Rainer revelou que a casa onde as crianças moravam era considerado um fator de risco devido à quantidade de situações poderiam provocar acidentes.

Aspas de citação

A situação de destruição do lugar e outras situações encontradas revelavam que o ambiente era propício para que tivesse um fator de desastre. Tinha muita mobília, muito material combustível, a gente tinha um fogão com botijão de gás, roupas, alimentos, além de três pessoas vivendo em 12 metros quadrados

Capitão Rainer
Corpo de Bombeiros do Espírito Santo
Aspas de citação

“As ligações elétricas não eram adequadas, a energia vinha direto da rua, essas emendas eram mal feitas, o que gerava um aquecimento da estrutura elétrica”, completou.

Além da perícia dos Bombeiros, a reportagem de A Gazeta demandou a Polícia Civil nesta quarta-feira (16) para saber o resultado do laudo cadavérico. Na manhã desta quinta-feira (17), a PC informou que "todos os laudos foram encaminhados ao Ministério Público Estadual".

A reportagem também demandou o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) para saber sobre a conclusão do laudo cadavérico e detalhes da denúncia apresentada pelos promotores na Justiça. Assim que a demanda for respondida, essa matéria será atualizada.

Irmão gêmeos morrem em incêndio em São Mateus
Irmão gêmeos morrem em incêndio em São Mateus. (Raphael Verly)

MÃE VIRA RÉ

O pedido de indiciamento de Márcia de Jesus, feito pela Polícia Civil, foi analisado por promotores do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), que apresentaram denúncia à Justiça no dia 26 de maio e foi incluída no processo.

No dia 9 de junho, o juiz Paulo Sarmento de Oliveira Junior recebeu a denúncia apresentada contra Márcia de Jesus pelo Ministério Público e a mãe das crianças passou a ser ré no processo que apura a morte dos irmãos. O caso continua tramitando na 3ª Vara Criminal de São Mateus.

RELEMBRE O CASO

Os irmãos Ayla de Jesus Silva e Gabriel de Jesus Silva, de 2 anos, morreram após um incêndio na casa onde moravam no bairro Aroeira, em São Mateus, no Norte do Estado, no dia 14 de maio.

A mãe das crianças, Márcia de Jesus da Silva, foi levada para prestar esclarecimentos na delegacia. Para o delegado, a mãe das crianças contou, na ocasião, que estava usando o fogão com uma panela de pressão. Disse ainda que achou que teria desligado esse fogo e foi à casa de uma irmã a poucos metros do imóvel onde morava com os filhos. As crianças estavam acordadas. Quando a mãe retornou, já viu a casa incendiada.

Após o depoimento na Polícia Civil, Márcia foi presa e autuada por abandono de incapaz com resultado de morte e encaminhada ao presídio. No mesmo dia em que deu entrada no sistema penitenciário, em 15 de maio, a mãe das crianças teve a liberdade provisória concedida pela juíza Fábia Medice de Medeiros.

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