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Golfinhos surpreendem banhistas na Praia da Costa, em Vila Velha

Golfinhos surpreendem banhistas na Praia da Costa, em Vila Velha

O "boto-cinza" vive no litoral capixaba e, com sorte, pode ser visto durante todo o ano; vídeos foram gravados na manhã desta quinta-feira (4)

Publicado em 4 de fevereiro de 2021 às 17:05- Atualizado Data inválida

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Alguns capixabas tiveram a sorte de ver golfinhos nadando a poucos metros de distância, no mar da Praia da Costa, em Vila Velha. O encontro inesperado aconteceu na manhã desta quinta-feira (4). Os vídeos encantam pela beleza, nas imagens é possível ver pelo menos oito deles saltando.

Os registros são do advogado Diego Schuttz, que praticava canoagem com mais 11 pessoas. "Saímos por volta das 7h40 e avistamos os golfinhos uns 20 minutos depois. De duas semanas para cá tem sido comum, mas nem sempre conseguimos filmar ou tirar foto. Dessa vez eu consegui", comemora.

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Nós vimos por bastante tempo. Tinham dois grupos. Quando eles apareceram, o treino parou, porque é bem emocionante ao vivo. É fantástico

Diego Schuttz
Advogado que gravou os golfinhos
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Segundo ele, as outras duas turmas da canoagem também conseguiram avistar os golfinhos nesta manhã, e o próprio Diego já tinha visto em outra oportunidade, quando estava em Aracruz, no Norte do Estado, próximo ao encontro do mar com a foz do Rio Santa Cruz. "Mas não foi tão de perto", admite.

Coordenador do Projeto Amigos da Jubarte, o ambientalista Thiago Ferrari assistiu ao vídeo e identificou, pelas nadadeiras dorsais, que os golfinhos são da espécie Sotalia guianensis, popularmente conhecida como "boto-cinza". Segundo ele, a costa do Espírito Santo é o lar desses animais e, por isso, eles podem ser vistos durante todo o ano.

"Diferentemente das baleias jubartes, que vêm até o Estado para se reproduzir, os golfinhos nascem, se reproduzem e se alimentam aqui. O boto-cinza é a espécie mais costeira entre as principais da nossa região. Neste caso, ele deve ter se aproximado do raso atraído por algum cardume", explica.

O fato dos golfinhos terem sido avistados em grupos também é comum. "São animais extremamente inteligentes e têm um cuidado parental evoluído, muito próximo de nós seres humanos, como se fosse uma família. Passam ensinamentos de caça de geração a geração, por exemplo", comenta Thiago.

Golfinhos saltaram perto de capixabas que faziam canoagem na manha desta quinta-feira (4), na Praia da Costa (VV)
Golfinhos saltaram perto de capixabas que faziam canoagem na manha desta quinta-feira (4), na Praia da Costa (VV). (Diego Schuttz)

Ainda de acordo com o ambientalista, o boto-cinza mede entre 1,70m e 1,90m de comprimento. A média de peso é de 40kg e eles podem saltar impressionantes cinco metros de altura. A alimentação é composta basicamente de peixes, mas pequenos crustáceos, lulas e polvos podem acabar virando presas.

No litoral capixaba ainda são comuns o golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) e o golfinho-de-dentes-rugosos (Steno bredanensis). Porém, esses dois são mais oceânicos e, consequentemente, mais difíceis de serem vistos próximos ao litoral. Essas espécies também são bem maiores: podem chegar a 3,80m e 650kg.

É TENTATOR, MAS MANTENHA DISTÂNCIA

A fama que os golfinhos têm de serem dóceis procede. No entanto, não é por isso que ao vê-los você pode ficar próximo deles ou tentar tocá-los. "Eventualmente, alguma manobra de caça ou natação pode causar um acidente e deixar alguém ferido", alerta o ambientalista.

Dentre as três espécies mais comuns no Espírito Santo, o boto-cinza é justamente a que tem o comportamento mais arredio, de menos aproximação. O ambientalista também orienta os banhistas para que não deem qualquer tipo de alimento para atraí-los e, se possível, mantenham uma distância de 100 a 200 metros do animal.

PARA O FUTURO: OBSERVAÇÃO DE GOLFINHOS

Apesar de fazerem apenas pequenas migrações, esses mamíferos aquáticos não ficam exatamente nos mesmos pontos e o mapeamento de onde encontrá-los é um desafio. Ainda assim, o projeto Golfinhos do Brasil já conseguiu identificar alguns locais e espera fazer turismo de observação no futuro.

"Já sabemos que alguns grupos vivem próximo ao Porto de Tubarão (em Vitória), em praias de Vila Velha e na região entre as Três Ilhas e o Parque Paulo César Vinha (em Guarapari). Se conseguimos desenvolver a rota dos golfinhos, podemos ter um trabalho similar ao que já fazemos com as baleias Jubarte", adianta Thiago.

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