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Publicado em 17 de agosto de 2022 às 15:55
O Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF/ES) instaurou inquérito para acompanhar o caso do envio de 25 venezuelanos que estavam na cidade de Teixeira de Freitas, na Bahia, para Vitória, em ação considerada pelo órgão como irregular. O grupo de refugiados — composto por indígenas da etnia Warao — foi trazido em um ônibus fretado pela prefeitura baiana e deixado em um terreno próximo à rodoviária da Capital, na madrugada de terça-feira (16).>
Ainda na tarde de terça-feira (16), enquanto os venezuelanos continuavam sem abrigo ao lado da Rodoviária de Vitória, o MPF oficiou os órgãos públicos responsáveis por garantir que as políticas de assistência social fossem aplicadas ao grupo.>
“Como recebeu diversas informações desencontradas encaminhadas pela Prefeitura de Vitória, ainda nesta terça-feira, 16 de agosto, o MPF/ES ajuizou uma ação civil pública, em caráter de urgência, a fim de garantir que aquelas pessoas não ficassem ao relento no município”, informou.>
O órgão salientou que somente no final desta terça-feira (16) tomou conhecimento de que a Prefeitura de Vitória havia encaminhado os indígenas ao Centro Pop, onde passaram a noite. Alegou ainda que vai encaminhar as informações às procuradorias da República de Teixeira de Freitas e de Jequié, na Bahia, "para adoção das medidas que entenderem cabíveis", finalizou.>
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MPF/ES | Na íntegra
O Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF/ES) instaurou o Inquérito Civil a fim de acompanhar o caso em questão e informa que oficiou órgãos públicos responsáveis para adotar as medidas cabíveis a fim de garantir que as políticas de assistência social sejam aplicadas.
Como recebeu diversas informações desencontradas encaminhadas pela Prefeitura de Vitória, ainda nesta terça-feira, 16 de agosto, o MPF/ES ajuizou uma ação civil pública, em caráter de urgência, a fim de garantir que aquelas pessoas não ficassem ao relento no município. Somente no final do dia 16 o MPF tomou conhecimento de que a Prefeitura de Vitória teria encaminhado os indígenas ao Centro Pop, onde passaram a noite.
O MPF/ES entende que o encaminhamento do grupo pela prefeitura de Teixeira de Freitas foi irregular e já estão sendo encaminhadas informações às Procuradorias da República no Município de Teixeira de Freitas e de Jequié, ambas na Bahia, para adoção das medidas que entenderem cabíveis.
O grupo de 25 refugiados venezuelanos chegou em Vitória na madrugada de terça-feira (16). O cacique Ruben Mata, de 37 anos, afirmou que eles foram trazidos por um ônibus da Prefeitura de Teixeira de Freitas, na Bahia. Composto por crianças, adultos e pessoas acima de 60 anos, o grupo ficou da madrugada até a tarde de terça no local, sem abrigo, e sem saber como seria o acolhimento.>
Em um primeiro momento, a Prefeitura de Vitória informou que “por serem estrangeiros, o tema seria de atuação da Polícia Federal”. A corporação, por sua vez, afirmou que o caso era de responsabilidade do Executivo municipal. >
No fim da tarde, a prefeitura da Capital informou que os venezuelanos foram abrigados temporariamente no Centro Pop. A decisão ocorreu após a Defensoria Pública do Espírito Santo recomendar à prefeitura que ela providenciasse abrigo, alimentação e atendimento médico aos indígenas.>
Em entrevista ao vivo ao telejornal ES1, da TV Gazeta, nesta quarta-feira (17), o secretário de Assistência Social de Teixeira de Freitas, Marcelo Teixeira, afirmou que não fez comunicação à Prefeitura de Vitória sobre o envio dos venezuelanos por entender que deveria ter acionado somente a Fundação Nacional do Índio (Funai).>
“Comunicamos à Funai, não comunicamos à prefeitura por entendermos que essa comunicação devia ser feita à Funai. Aqui em Teixeira, pelo menos, quando nós recebemos indígenas em trânsito, a gente sempre faz esse contato diretamente com a Funai”, afirmou. >
A reportagem de A Gazeta procurou a Funai sobre a afirmação do secretário e também para checar se o órgão tem conhecimento do caso e se, de fato, também trata de indígenas venezuelanos, que no caso são refugiados. O texto será atualizado em caso de retorno. >
Acionado pela reportagem de A Gazeta, o Governo da Bahia informou que não foi acionado pelas equipes de Assistência Social das prefeituras de Jequié e Teixeira de Freitas sobre os venezuelanos que foram levados ao Espírito Santo. A Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia disse que, "apesar de a migração não ser competência estadual, mas do Governo Federal, debate estratégias para o assunto, como cursos de capacitação para os grupos, e que o tema segue em pauta com o Núcleo de Apoio a Migrantes e Refugiados da Universidade Federal da Bahia (Namir-UFBA)". >
Governo da BA | Na íntegra
A Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS) informa que não foi acionada pelas equipes de Assistência Social das prefeituras dos municípios de Jequié e Teixeira de Freitas em relação aos migrantes venezuelanos, não tendo conhecimento até este momento do caso em questão.
A SJDHDS esclarece que a questão da migração não é de competência constitucional do Governo da Bahia e, sim, do Governo Federal. Entretanto, diante da apatia do Governo Federal, o estado não pode ficar de braços cruzados tendo em vista um problema tão grave, e por isso, tem debatido estratégias para questão, a exemplo de cursos de capacitação para profissionais da Assistência Social que atendem migrantes na Bahia. Essa pauta tem sido estudada conjuntamente com o Núcleo de Apoio a Migrantes e Refugiados da Universidade Federal da Bahia (Namir-UFBA).
Juntas, as entidades objetivam otimizar esforços para a promoção, consolidação e difusão de um programa de políticas públicas voltadas para a população migrante e refugiada no território baiano. A proposta é que sejam ministrados cursos de capacitação, além de cursos de língua inglesa e espanhola.
Além disso, também há a proposta de cursos de língua portuguesa destinados aos migrantes.
A reportagem demandou o Governo Federal. O texto será atualizado quando houver retorno.>
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