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Publicado em 26 de novembro de 2022 às 11:54
- Atualizado há 3 anos
Familiares, amigos e moradores da região de Coqueiral de Aracruz, no Litoral Norte do Espírito Santo, onde duas escolas foram alvos de um ataque a tiros na manhã de sexta-feira (25), se reuniram na manhã deste sábado (26) para velar os corpos das vítimas da tragédia, que deixou pelo menos quatro mortos –três professoras e uma estudante – e 12 feridos. >
Entre os mortos está Selena Zagrillo, de 12 anos. A estudante do Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC) morreu no local, após ser atingida por dois tiros. Ela está sendo velada na capela mortuária de Coqueiral de Aracruz. >
Segundo informações da família, o velório vai até as 13h, quando o corpo da menina será levado para sepultamento na cidade de Ibiraçu, município vizinho de Aracruz.>
Velório de Selena Zagrillo, de 12 anos, em Aracruz
Auxiliar de serviços gerais da escola, Glória Barcelos Loyola lamentou a perda de Selena, considerada uma menina atenciosa. “Não tivemos nem como socorrer. Já estava morta, tadinha”. E acrescentou: “Ela era muito linda. Levava biscoitinho para a gente. Nossa. Vai ficar tudo na memória.”>
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Ela conta ainda que estava limpando a escola no momento em que o ataque aconteceu e que, a princípio, pensou que o barulho era referente a algum tipo de brincadeira. “Aí quando eu vi ele chegando, já tirando a arma, começou a atirar. Foi a hora que todo mundo saiu correndo. Meu sobrinho (que estuda na escola) já estava lá em cima, subiu uns dez minutinhos antes. Graças a Deus ele está bem.”>
Morador da região, o pintor Carlos César Souza dos Santos também está entre as pessoas que apareceram para prestar as condolências e declarou que a sensação é de tristeza e perplexidade diante do ocorrido.>
“Eu nunca tinha visto isso. Vi na televisão, no Rio de Janeiro, em São Paulo. E eu falava: Deus abençoe para que nunca aconteça por aqui. E agora aconteceu. Fiquei muito chocado com isso. Fui lá ver a criança. Ontem eu fui ali perto da escola, estava cheio de polícia. É muito triste, triste mesmo. Aquela situação ali, ver a família chorando… É muito triste ver uma criança, uma jovem dentro de um caixão, os familiares, amigos, todos chorando. Tem muita gente aqui homenageando a vida dela. E fica a saudade agora.”>
As outras duas vítimas são as professoras da Escola Estadual Primo Bitti, Maria da Penha Pereira de Melo Banhos, de 48 anos, conhecida como "Peinha", e Cybelle Passos Bezerra, de 45 anos.>
O corpo de Cybelle também está sendo velado na capela mortuária de Coqueiral, segundo informações do G1 ES. Já o corpo de Peinha foi levado para ser velado na capela mortuária do bairro Jardins, em Aracruz. O sepultamento dela está previsto para as 14h; a família não informou o local.>
A professora de biologia Jéssica dos Santos Conceição Perini compareceu ao velório de Peinha, para despedir-se da colega, que era querida por muitos. >
“Os alunos chamavam ela de Penhoca, carinhosamente. Era uma pessoas super prestativa, tudo que a gente precisasse ela estava sempre pronta para ajudar. Era uma pessoa maravilhosa. Ela era ótima. Nunca imaginávamos isso. A gente vê televisão acontecendo e nunca imagina que vai acontecer conosco. Infelizmente, hoje a gente chora pela morte de duas das nossas colegas, e as outras que estão hospitalizadas, a gente não sabe realmente como está o estado de saúde.”>
Velório da professora Maria da Penha Pereira de Melo Banhos
Jéssica também estava na sala dos professores no momento do ataque e relatou os momentos de terror.>
“Nós ouvimos barulho. A princípio a gente achou que era bombinha, antes de ele entrar na sala. Mas eram muitos e começamos a correr. Mas jamais imaginamos que poderia ser algo entrando, talvez um tiroteio ali do lado de fora. E aí, de repente, a gente viu ele entrando pela porta. Foi um desespero. Eu me abaixei em frente ao sofá e só fiquei ali deitada, esperando o tiro chegar em mim. Eram muitos tiros, muitos tiros. E eu estava esperando a hora que ia chegar o meu, só pedindo a Deus que, se fosse minha hora, me perdoasse.”>
E emendou: “Fiquei um tempo ali abaixada ainda e quando abri os olhos, vi o sangue, foi que percebi o estrago que ele tinha feito, todos que estavam a minha volta agoniados, a professora do lado agonizando, a Penha que já imaginávamos que tinha falecido, outras duas de bruços. Um cenário de terror que a gente nunca deseja para ninguém passar.”>
Pai de uma estudante do turno vespertino da Escola Primo Bitti, o autônomo Alex de Oliveira da Fonseca lamentou as perdas e se disse abalado com o que aconteceu.>
“De repente, você vê naquele corredor uma pessoa correndo, puxando uma arma, mirando para acertar uma pessoa. Ninguém imaginava. Que Deus tenha misericórdia dessas famílias, e da família dos pais do menino também. Que a justiça possa ser feita, mas que Deus possa dar esse refrigério para todas as pessoas, inclusive para mim. Poderia ter sido minha filha. Minha filha estuda à tarde no Primo Bitti. Poderia ter sido ela também.”>
O autônomo fez ainda um pedido: “Que as pessoas possam ter mais empatia, se colocar no lugar das outras pessoas. Estamos vendo tempos difíceis. Que as pessoas possam ter mais amor pelas pessoas.”>
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