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Corpos são trocados e família enterra pessoa errada em São José do Calçado

Corpos são trocados e família enterra pessoa errada em São José do Calçado

Família de Ana Maria de Souza Fonseca, de 77 anos, vítima da Covid-19, descobriu após enterro que havia sepultado corpo de outra idosa

Publicado em 8 de abril de 2021 às 20:59

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Família fez enterro de idosa nesta quinta-feira (08))
Família fez enterro de idosa nesta quinta-feira (08)). (Thales Rodrigues)

Uma família de São José do Calçado, no Sul do Espírito Santo, tomou um susto ao enterrar uma familiar que foi vítima da Covid-19. Eles descobriram horas depois do sepultamento, que aconteceu nessa quarta-feira (7), que o corpo dela foi trocado e que eles enterraram o corpo de outra pessoa.

Ana Maria de Souza Fonseca tinha 77 anos e ficou 20 dias internada no Hospital São Vicente de Paula, em Bom Jesus do Itabapoana, no Noroeste do Rio de Janeiro. Os familiares fizeram um ato rápido, sem velório, na quarta. O caixão estava lacrado e enrolado em um plástico.

"Fomos para o cemitério para recebê-la. Chegou aqui, o carro da funerária disse que não poderia abrir o caixão, por ser Covid. Fizemos a oração, nos despedimos, ela foi enterrada e fomos embora", disse uma sobrinha da vítima, Luciana Dias.

Outra sobrinha da vítima, Marcia de Souza contou que a suspeita da troca surgiu horas após o enterro. “Fui avisada através de uma ligação do hospital para que eu que fosse lá liberar o corpo da minha tia. Lá, falei com a assistência social da unidade e acionei uma funerária, que informou que eu poderia voltar para São José do Calçado, pois iriam encaminhar o corpo até o cemitério, e realizamos o sepultamento. À noite, o hospital ligou novamente perguntando se não faria a liberação do corpo e falei que havia enterrado”, relatou Marcia.

CASO DE POLÍCIA

A família descobriu que o corpo sepultado era de outra senhora vítima da Covid-19, que também estava internada na unidade. Na manhã desta quinta-feira (08), os familiares de Ana Maria foram até o cemitério novamente e, ao chegar lá, tomaram outro susto. O jazigo da família estava aberto e sem nenhum caixão dentro. A Polícia Militar foi chamada e um boletim de ocorrência foi registrado.

"De madrugada, minha prima recebeu uma ligação do hospital, de que os corpos foram trocados. Não era a tia Nana. Nós corremos para vir ver o que estava acontecendo. A família do corpo enganado, que é do Rio de Janeiro, já tinha vindo aqui, pego, e levado para seus familiares. O buraco ficou ali, aberto, e ficamos esperando a tia", descreveu a sobrinha da vítima, Luciana Dias.

Quando a Polícia Militar chegou ao local, além dos familiares, estavam ainda o procurador do município, o secretário de Obras e o advogado do Hospital São Vicente de Paula. O corpo da mulher foi, então, encaminhado para o hospital para fazer a troca de cadáveres.

De acordo com a polícia, no momento em que o corpo seria colocado no veículo de transporte da funerária aconteceu um equívoco e foi colocado o corpo de uma outra mulher. O fato teria ocorrido ainda no hospital. Após a chegada da PM, o corpo da mulher  enterrada foi encaminhado para o hospital para fazer a troca e reparação do erro cometido.

No início da tarde desta quinta-feira (8), o corpo de Ana Maria chegou ao cemitério. A família disse que o funcionário da funerária não usava equipamentos de proteção, o caixão não estava enrolado no plástico e a tampa de madeira que cobre o vidro da urna foi aberta. Assim como da primeira vez, foram os familiares que carregaram o caixão.

A família de Ana Maria realizou o sepultamento da idosa nesta tarde. Segundo familiares, eles ajudaram a carregar o caixão até o jazigo, pois não havia coveiros suficientes. A família pretende entrar com processo na Justiça contra os envolvidos na troca dos corpos.

OUTRO LADO

Sobre a troca, a assessoria jurídica do Hospital São Vicente de Paulo disse, por meio de nota, que instaurou uma sindicância para poder apurar o fato. Afirmou que todos os familiares foram contatados pelo hospital, que ofereceu total auxílio às famílias de imediato. 

"Lamentamos profundamente a dor dos familiares pela perda de seus entes queridos e apuramos o equívoco feito pela funerária. Tão logo sejam apuradas mais informações, poderemos seguir com uma nova nota de esclarecimento", diz parte da nota.

Procurada pela reportagem, a funerária não quis se pronunciar sobre o caso no momento.

A Prefeitura de São José do Calçado informou por meio de nota que a troca dos corpos ocorreu na cidade vizinha, em Bom Jesus do Itabapoana, e que o cemitério de Calçado apenas recebeu. 

Ainda de acordo com a prefeitura, o responsável pelo cemitério local foi notificado para prestar esclarecimentos em relação a sua vestimenta, pois, segundo o município, a prefeitura disponibiliza todo o equipamento de proteção. Se houver necessidade, o mesmo será implicado nas diretrizes administrativas, informou a prefeitura.

O município disse ainda que registrou um boletim de ocorrência e acionou a Polícia Militar.

A reportagem procurou a Polícia Civil e aguarda um retorno.

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