A taxa de transmissão (Rt) do novo coronavírus no Espírito Santo, calculada até o primeiro dia de 2021, apresenta um pequeno crescimento, sem ainda mostrar os efeitos das aglomerações e festas ocorridas no final do ano que se encerrou. O indicador saiu de 0,87 para 0,88. Mas nas regiões do interior do Espírito Santo, as taxas já começam a apresentar os efeitos do descontrole.
Pablo Lira, diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), explica que dois fatores impactam neste resultado. Um deles é que há uma janela de 14 a 21 dias para se ter repercussão de determinados eventos nos indicadores epidemiológicos. Os reflexos das aglomerações do final de 2020 vão começar a aparecer nas estatísticas a partir da segunda quinzena deste mês.
Outro ponto é que a taxa de contágio da Grande Vitória, onde estão os municípios mais populosos do Estado, apresentou, neste período, uma certa estabilização. Saiu de 0,83 para 0,8, estando pela terceira semana neste patamar. “Por conta do peso demográfico, acaba influenciando a taxa do Espírito Santo”, explica Lira.
O ideal é que a Rt, o "ritmo de contágio", e que traduz o potencial de propagação de um vírus, se mantenha abaixo de 1. Acima de 1 significa que 100 indivíduos infectados podem passar a doença para outras 100 pessoas. Em abril de 2020, por exemplo, a taxa chegou a 3,44. Ou seja, 100 infectados eram capazes de transmitir o vírus para mais de trezentas pessoas.
Mas ao contrário dos indicadores da Grande Vitória e do Estado, a taxa de contágio do interior já começa a apresentar os sinais dos efeitos das aglomerações e festas de final de ano, principalmente em algumas regiões.
A taxa do interior saiu de 0,88 para 0.93. Na prática, significa que cada 10 pessoas podiam contaminar outras nove. “O interior também mantém a tendência de aumento de casos confirmados e de óbitos”, explica Lira.
Das dez microrregiões capixabas, três se destacam pelo crescimento da taxa de contágio: a região do Caparaó, cuja taxa saiu de 0,74 para 1,21; o Centro Oeste, que passou de 0,84 para 1,25; e a Central Sul, de 0,45 para 0,98. “Conseguimos entender que a velocidade de transmissão no Sul veio com o aumento das festividades", explica Lira.
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