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Clarinha, em coma há 20 anos, ainda mora em hospital de Vitória

Clarinha, em coma há 20 anos, ainda mora em hospital de Vitória

Até hoje não se sabe a identidade verdadeira da paciente, mas, apesar disso, o médico aposentado e coronel Jorge Potratz, que vem acompanhando de perto o caso, mantém esperanças de achar os parentes dela

Publicado em 8 de setembro de 2020 às 11:08

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Mesmo aposentado, médico visita paciente toda semana
Mesmo aposentado, médico visita paciente toda semana. (Fernando Madeira)
Clarinha, em coma há 20 anos, ainda mora em hospital de Vitória

Já se passaram mais de 20 anos desde que "Clarinha", como é carinhosamente chamada, deu entrada no Hospital da Polícia Militar (HPM). Atropelada no dia 12 de junho de 2000, no Centro de Vitória, ela está em coma na unidade de saúde. Até hoje não se sabe a identidade verdadeira da paciente, mas, apesar disso, o médico e coronel da reserva Jorge Potratz, que vem acompanhando de perto o caso, mantém as esperanças de achar a família da paciente.

Segundo ele, mesmo não trabalhando mais no centro hospitalar, as visitas continuam sendo semanais. "Ainda há algumas famílias esperando para ver o que será feito. Uma delas é do Paraná e aguarda para vir fazer o exame de DNA, mas com a pandemia ficou mais difícil. Antes o Ministério Público não tinha laboratório conveniado, agora aguarda a pandemia passar. Também existe outra família no Maranhão, com uma senhorinha que viria a ser a suposta mãe de Clarinha, mas que é muito idosa e estava hospitalizada. As outras filhas dela não parecem ter muito interesse em resolver a questão, apenas uma cunhada e a senhora hospitalizada", iniciou.

As famílias do Paraná e do Maranhão não são as únicas possibilidades de origem da paciente. "Há também uma família de São Paulo na expectativa de fazer o exame. Apesar disso, o caminho é mais complicado porque o Ministério Público só aceita fazer o teste com pai ou mãe e as pessoas disponíveis seriam irmãs. A suposta mãe dessas irmãs já faleceu e para conseguir material genético dela seria muito difícil. Mas há esperança", disse.

Em relação ao quadro de saúde da paciente, que se encontra em coma, o médico afirmou que permanece do mesmo jeito. "Ela está isolada na enfermaria, até por conta da Covid-19. É um caso sem perspectiva, mesmo com a ampla divulgação", lamentou. Potratz disse ainda que, apesar do coma, Clarinha não tem necessidade de internação, permanecendo no hospital por não ter para onde ir. 

"ENQUANTO HÁ VIDA, HÁ ESPERANÇA"

Para Potratz, sempre haverá esperanças. "Enquanto há vida, há esperança. E creio que ela não esteja onde está por acaso, talvez exista um propósito espiritual, divino, até mesmo para mim, que sigo de perto, de passar por essa experiência desafiadora e inusitada. Já são 20 anos cuidando dela. Acreditar eu acredito, sempre que aparece alguma família interessada, eu fico disponível para ajudar no que for possível. O certo seria tirá-la do hospital, não para obrigar alguém a cuidar dela, mas para que ela seja identificada e tenha apoio de algum benefício institucionalizado, sem isso fica difícil conseguir um lugar para ela ficar", afirmou.

RELEMBRE O CASO

Atropelada no Dia dos Namorados, em 12 de junho de 2000, sem portar qualquer documento de identificação, o caso da paciente ganhou repercussão após uma reportagem do Fantástico, em que um jornalista do Paraná procurou o coronel Potratz para informar que conhecia uma família que poderia ser a da paciente.

Com a ajuda da assistência social da cidade onde mora, essa família do Paraná, segundo Potratz, conseguiu que um carro trouxesse os possíveis irmã, pai e filho de Clarinha até Vitória. A viagem seria para a realização do exame de DNA. No entanto, na ocasião, o coronel entrou em contato com o Ministério Público, que informou ao médico que não havia laboratório credenciado para realizar o teste.

Depois que o caso ganhou destaque, mais de 100 pessoas de várias partes do país procuraram o Ministério Público, que é responsável pelas investigações. Algumas possibilidades foram descartadas.

Clarinha, nome que recebeu da equipe do HPM, tem marcas de cesária, o que indica que já teve filho. Pelos cálculos dos profissionais, a mulher deve ter pouco mais de 40 anos.

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