Publicado em 10 de maio de 2018 às 21:16
Quatro famílias aguardam a liberação do Ministério Público Estadual para fazer o exame de DNA e descobrir se Clarinha, a mulher que está internada há 18 anos sem identificação no Hospital da Polícia Militar (HPM) pertence a alguma delas. A informação é do médico que cuida da paciente por quase 18 anos, o coronel Jorge Potratz.>
De acordo com ele, uma família é do interior do Paraná, outra do Maranhão, outra de São Paulo e uma de Linhares, na região Norte do Espírito Santo.>
Na época em que o caso de Clarinha, como é carinhosamente chamada pela equipe que trabalha no HPM, ganhou repercussão após uma reportagem do Fantástico, um jornalista do Paraná procurou o coronel Potratz para informar que conhecia uma família que poderia ser a da paciente.>
Ele conseguiu o contato, me deu o telefone e eu consegui falar com a possível irmã da Clarinha. Ela disse que ia comprar um celular com WhatsApp para mantermos contato e isso demorou meses. Mas agora ela me procura quase todo dia.>
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Com a ajuda da assistência social da cidade onde mora, essa família do Paraná, segundo Potratz, conseguiu que um carro trouxesse os possíveis irmã, pai e filho de Clarinha até Vitória. A viagem seria para a realização do exame de DNA. No entanto, na ocasião, o coronel entrou em contato com o Ministério Público, que informou ao médico que não havia laboratório credenciado para realizar o teste.>
Sobre a família do Maranhão, Potratz explicou que um senhor o procurou informando que a esposa dele é uma possível irmã da paciente. A Clarinha teria dois filhos que foram viver com um avô em São Luís do Maranhão. Porém, o avô não tem muito interesse em resolver essa história. O sumiço da mãe deixou um clima esquisito na família.>
Apesar de não demonstrarem tanto interesse em realizar o exame de DNA, o coronel Potratz explicou que o Ministério Público do Espírito Santo ficou de ver com o Ministério Público do Maranhão a possibilidade do teste ser feito a partir de uma decisão judicial.>
OUTRAS>
Uma família de São Paulo procurou o coronel Potratz no ano passado. No entanto, o médico disse que tem pouco contato com eles. Potratz orientou que os familiares procurassem o Ministério Público para dar encaminhamento ao caso. Ele também ficou sabendo de uma família de Linhares que estava disposta a fazer o teste de DNA, mas o médico não soube informar em que ponto está a situação. Procurado, o Ministério Público do Espírito Santo informou que acompanha o caso, mas não respondeu se as famílias já fizeram o teste de DNA.>
ESPERANÇA>
Depois de tantos anos, o coronel Potratz disse que tem muita expectativa da família do Paraná ser a biológica de Clarinha. Os possíveis filho e pai estavam muito dispostos a virem até aqui. Segundo a irmã, Clarinha saiu em busca de trabalho e nunca mais deu notícias.>
Clarinha foi atropelada no 12 de junho de 2000, no Centro de Vitória. Ela não tinha nenhuma identificação quando foi socorrida. A paciente permanece sob os cuidados dos profissionais do HPM e ainda recebe as visitas do coronel Potratz.>
NÃO HÁ NECESSIDADE DE INTERNAÇÃO>
Potratz disse que, apesar de estar em coma, Clarinha não tem necessidade de ficar internada. Ela permanece no HPM, pois não tem para onde ir. Segundo ele, a paciente poderia estar em uma casa ou em uma instituição de caridade.>
Ela toma um comprimido anticonvulsivante porque teve uma sequela do acidente. Já tentei tirar o remédio, mas aí ela fez convulsão, então nuncamais deixei faltar.>
A alimentação de Clarinha é feita por uma sonda. Além disso, ela faz uso de fraldas e produtos de higiene pessoal como shampoo, sabonete e hidratante.>
MINIENTREVISTA>
Tenho um carinho por ter cuidado dela - Jorge Potratz, médico aposentado do HPM>
O coronel Jorge Potratz cuidou de Clarinha desde quando ela deu entrada no Hospital da Polícia Militar (HPM), em 2000. Mesmo aposentado, toda semana o médico dedica um tempo para encontrar a paciente.>
Você acredita que uma dessas famílias pode ser a biológica de Clarinha?>
Eu tenho muita expectativa na família do Paraná. Mandei fotos e vídeos da Clarinha e a irmã acha mesmo que a Clarinha é a irmã dela. Eles não tem foto dela antes do sumiço, eles são muito humildes e estão muito dispostos a vir aqui.>
Clarinha toma algum medicamento?>
Ela toma um remédio anti-convulsivante. Durante esses anos ela ficou com uma sequela. Eu tentava tirar esse remédio, mas ela fazia convulsão. Então nunca mais deixei faltar. É apenas um comprimido por dia.>
Mesmo aposentado o senhor a visita?>
Eu vou lá de duas a três vezes na semana para acompanhá-la. Tem semanas que vou mais, tem semanas que vou menos. Mas sei que ela está recebendo todos os cuidados da equipe médica que ficou no hospital.>
O senhor se apegou a ela?>
Eu tenho um carinho muito grande por ter cuidado dela por 18 anos. Tenho uma grande expectativa que vamos encontrar a família de Clarinha.>
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