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Publicado em 29 de junho de 2023 às 20:16
O primeiro resultado do Censo 2022 mostrou que, dos 78 municípios do Espírito Santo, a Serra foi o que mais ganhou novos moradores em 12 anos. A cidade recebeu 103.319 habitantes, passando de 417.330, em 2010, para 520.649, em 2022 – um aumento de 24,8%.>
E os números da Serra não ficam em evidência só no Espírito Santo. O município também se sobressai no Brasil, sendo o 12º a ganhar mais moradores em valores absolutos, de 2010 a 2022. Na lista de 12 cidades que tiveram maior aumento de população, oito são capitais. Entre elas, estão Manaus (AM), Brasília (DF), Goiânia (GO) e Florianópolis (SC). Já a Serra aparece em destaque ao lado de cidades como Sorocaba (SP), Parauapebas (PA) e Uberlândia (MG).>
No Espírito Santo, o crescimento da Serra chegou a ser o dobro da cidade que ficou na segunda colocação em aumento no número absoluto de habitantes. Vila Velha ganhou 53.136 habitantes, passando de 414.586 para 467.722 – um aumento de 12,8%.>
Serra e Vila Velha foram destaque em crescimento na Grande Vitória, enquanto Vitória e Cariacica ficaram na estabilidade. Ao comparar com a pesquisa feita em 2010, a Capital cresceu 1% em população. Naquele ano, a cidade tinha 319.738 moradores. Em 2022, o número passou para 322.869, um aumento de 3.131 habitantes. >
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Entre os fatores que explicam o intenso crescimento da Serra, que foi a primeira cidade do Estado a alcançar meio milhão de habitantes, está o dinamismo econômico. Segundo Giovanilton Ferreira, professor do Mestrado de Arquitetura e Cidade da UVV, o município é o grande polo industrial do Estado. >
Para o professor, a Serra concentra a força econômica ligada à indústria e isso é um elemento de atração de novos moradores. "Comparativamente, o custo da terra e habitação em Vila Velha e Vitória tende a ser mais caro do que na Serra. Por isso, acaba sendo uma opção de moradia bem localizada, por estar na Grande Vitória, mas com custo mais baixo", detalha.>
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) reforçam a posição da Serra de crescimento em relação ao Estado. A cidade foi a que mais criou novos empregos no mês de maio, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (29), com saldo de 1.857 empregos. Ao considerar todo o ano de 2023, também foi a líder no Espírito Santo, com saldo de 4.396 novos postos de trabalho.>
Além disso, o professor lembra que, no início da década de 2010, houve grande número de lançamentos de condomínios habitacionais no município, com o programa Minha Casa Minha Vida. Portanto, o Censo 2022 já contabiliza o resultado desses empreendimentos. >
Giovanilton avalia que o município também avançou na infraestrutura, o que dinamiza e atrai mais negócios e pessoas. Ele destaca que as condições viárias da Serra são mais estruturadas do que de Vila Velha, bem como registra menos alagamentos.>
Giovanilton Ferreira
Professor do Mestrado de Urbanismo e CIdade da UVVJá o diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira, destaca que a cidade tem plano diretor que prevê a expansão de empreendimentos imobiliários inclusive nos modelos de condomínios de luxo, como Alphaville e Boulevard Lagoa. O que faz com que moradores de Vitória e Vila Velha migrem para esses locais. >
"Além disso, a Serra é dinâmica, com grandes pontos de comércio e polos geradores de tráfego, como shoppings centers e até um a céu aberto, que é a Avenida Central, de Laranjeiras", destaca.>
Lira cita ainda outro fator que pode ter contribuído em parte para o aumento da população na Serra: a mudança em regulamentação de área pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com relação a Vitória. Algumas regiões do Bairro de Fátima e de Manoel Plaza, que, antes do início da década de 2010 constavam como sendo parte da Capital, passaram a integrar o município serrano.>
O prefeito da Serra, Sérgio Vidigal, que está no seu quarto mandato à frente da cidade, comenta que, na década de 1970, a Serra tinha 17 mil habitantes, quando o Brasil tinha 90 milhões. Agora são mais de 500 mil habitantes, enquanto o país tem 203 milhões.>
Questionado sobre qual motivo tem levado tanta gente para a Serra, o prefeito destaca que, entre os fatores, está a extensão territorial, com um modelo de relevo favorável a receber muitos conjuntos habitacionais, além de o metro quadrado de Vitória ser muito caro.>
Vidigal também elenca que o início do crescimento da cidade começou na década de 1970 junto com o êxodo rural, ao mesmo tempo que a Serra passou a ser o maior polo industrial, tendo a planta da atual ArcelorMittal Tubarão, na época CST, atraído muitos moradores.>
"A Serra tem um fator imbatível que é a sua infraestrutura. Tirando o problema da BR 101, que vai acabar em dezembro, dentro da cidade tem uma estrutura boa, com vias largas e de fácil acesso. Creio que todos esses fatores contribuíram muito. Hoje, na Serra, dá para fazer tudo: trabalhar, estudar, ter lazer, morar. Isso tudo contribui para o crescimento populacional. E vamos continuar crescendo mais do que a média nacional, pelo menos nos próximos 10 anos", frisa.>
Entre os desafios para os próximos anos está a maior dependência da população da cidade do setor público em comparação com Vitória, por exemplo. O prefeito exemplifica que, enquanto em Vitória 61% da população tem plano de saúde, na Serra esse número não chega a 20%. Assim, com o crescimento da população, vêm também mais impactos na educação, saúde e assistência. Vidigal também ressalta que, como a cidade é mais horizontalizada, tem custo de manutenção muito alto, com 1.118 km de vias asfaltadas.>
Sérgio Vidigal
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