Repórter / vjacinto@redegazeta.com.br
Publicado em 27 de abril de 2023 às 19:25
Diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), o pequeno Calleb, de 3 anos, até há um ano tinha dificuldade de fazer atividades que são comuns para crianças. Ir ao parquinho, brincar na praia, ouvir música, e até o barulho do carro o assustava. Foi em uma sala sensorial implantada na creche que ele frequenta, em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, que ele ganhou um espaço que o ajuda a superar os medos.
As salas sensoriais são espaços voltados para o público de educação especial, que apresentam dificuldades motoras e de aprendizagem. No município, os locais são equipados com brinquedos e materiais que trabalham os sentidos de crianças de 0 a 5 anos.
Ao todo já são 11 salas sensoriais nos centros de educação, os CEIMs, em Colatina e cerca de 200 alunos atendidos. A ideia é estimular e preparar os alunos para atividades dentro e fora da escola.
“Nós percebemos que as crianças autistas ou que têm alguma sensibilidade, chegam à escola com dificuldades de comportamento a até no manuseio de objetos. O objetivo das salas é fazer com que essas crianças se desenvolvam, e que quando chegue no coletivo, na sala de aula, com os colegas, elas possam fazer as mesma atividades”, explica a assessora pedagógica, Nilceia Chiarelli.
O pai de Calleb, o estoquista Paulo Roberto Pereira, conta que o filho era muito sensível a barulhos. O menino chegava a se esconder quando a família tocava alguma música dentro de casa.
A realidade da família mudou depois que ele passou a frequentar a sala sensorial implantada em uma creche, no bairro Bela Vista, desde maio do ano passado. “Música é uma das coisas que ele mais gosta hoje em dia. Se colocar música para tocar precisa parar todo mundo e dançar com ele. Ele ama música”, conta o pai, orgulhoso da evolução do filho
Paulo Roberto Pereira
Pai do CallebA iniciativa das salas sensoriais existe no município desde 2017, mas foi no ano passado que ganhou reforço por meio parceria que possibilitou a criação de mais ambientes para a educação especial.
A sala que Calleb frequenta foi aberta em maio de 2022 e atende cerca de 18 alunos. O atendimento no local é feito de forma individual e com acompanhamento de profissionais. As crianças passam cerca de 30 minutos no local, de duas a três vezes por semana. O que tem sido suficiente para contribuir na evolução delas.
O planejamento das atividades é feito por professores, que conta com o apoio de estagiários, das áreas de pedagogia e psicologia, com orientação da supervisora do centro educacional e de uma equipe especializada, que faz todo o acompanhamento do trabalho, sempre mantendo um diálogo permanente com as famílias dos alunos.
“Essas salas são muito importantes, principalmente para crianças de 0 a 3 anos, que estão em um período de descobertas dos sentimentos e dos sentidos. Tudo que é trabalhado agora, nós sabemos que lá na frente nós teremos uma criança bem desenvolvida, capaz de interagir com outras crianças no meio em que ela vive, e resolver situações problemas”, afirma a diretora escolar Mônica Vasconcelos Melo.
Para os pais de Caleb, as salas oferecem espaço e recursos que muitos pais, assim como eles não podem oferecer em casa para os filhos.
“Eu e minha esposa trabalhamos e não temos muito tempo para fazer esses estímulos para que ele perca o medo. Às vezes chegamos em casa cansados, ele já estava dormindo. A sala ajudou muito nisso, porque no período que ele está na escola para que ele perdesse esses medos e pudesse evoluir”, afirma.
Como uma forma de conscientizar as pessoas sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o “abril azul”.
O mês foi proposto para dar visibilidade ao tema e reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas com o transtorno.
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