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'Quero cantar nossas canções até onde tiver forças', diz João Bosco sobre Aldir Blanc

'Quero cantar nossas canções até onde tiver forças', diz João Bosco sobre Aldir Blanc

Músicos lamentam morte do compositor e o homenageiam com letras de suas canções

Publicado em 4 de maio de 2020 às 14:02

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O cantor Aldir Blanc posa para foto em seu escritório, no Rio de Janeiro, em 2005
O cantor Aldir Blanc posa para foto em seu escritório, no Rio de Janeiro, em 2005. (Alexandre Campbell/Folhapress)

Após a morte do músico Aldir Blanc, aos 73 anos, por causa do novo coronavírus, na madrugada desta segunda-feira (4), diversos membros da classe artística homenagearam o compositor e comentaram a importância para a música brasileira.

"Ele era um compositor, letrista e poeta que não tem igual", afirma Moacyr Luz à Folha. Parceiro costumaz de Blanc, ele afirma que uma das maiores marcas do compositor era o ar coloquial das suas letras —uma possível influência do sambista Noel Rosa, sugere.

"Foram mais de cem músicas gravadas, e com parceiros maravilhosos, com João Bosco, Guinga e Cristóvão Bastos. Para cada um, tinha uma literatura diferente, um dicionário diferente. A gente ouvia a música e identificava logo de cara quem era o parceiro", diz Luz.

Ele conta que os dois se conheceram "para valer" nos anos 1980, quando passaram a morar no mesmo prédio e a compôr juntos. Desde então, mantiveram contato diariamente por 24 anos. "Nós vamos sentir muita falta dele, como letrista e compositor. E eu, como um amigo", continua o músico.

"Peço desculpas aos que têm me procurado hoje. Não tenho condições de falar. Aldir foi mais do que um amigo para mim. Ele se confunde com a minha própria vida", publicou o músico João Bosco no seu Instagram. O músico disse ainda esta segunda-feira se tornou um dos dias mais difíceis da sua vida.

"Perco o maior amigo, mas ganho, nesse mar de tristeza, uma razão para viver: quero cantar nossas canções até onde eu tiver forças. Uma pessoa só morre quando morre a testemunha. E eu estou aqui para fazer o espírito do Aldir viver. Eu e todos os brasileiros e as brasileiras tocados por seu gênio", finalizou Bosco.

É ao outro legado de Blanc que outros músicos fizeram referência nas redes sociais, frequentemente lembrando versos marcantes do músico. Os mais citados pertencem, provavelmente, a "O Bêbado e a Equilibrista", canção de 1979 que foi adotada como o hino da anistia, em referência à lei que concedeu perdão aos perseguidos políticos e abriu caminho para o retorno da democracia no país, e imortalizada na voz de Elis Regina.

Filha da cantora, Maria Rita foi uma das que trouxe à tona versos da canção. "Que o sr. descanse em Luz, com a certeza do tanto que nos deixou de legado, amor, senso crítico, arte, cultura. Missão cumprida! Que farra boa o céu vai presenciar!"

"Dentre as pérolas de Aldir Blanc em parceria com João Bosco, alguns versos batem forte no momento: 'tá lá o corpo estendido no chão'... 'caía a tarde feito um viaduto'", escreveu João Barone, baterista do Paralamas do Sucesso.

O ex-presidente Lula foi outro que lembrou da música, reproduzindo-a no Twitter. "Aldir Blanc foi um compositor brilhante, autor de canções que emocionam gerações de brasileiros. O Brasil, sua cultura e democracia devem muito ao seu talento e generosidade."

Já o cantor Arnaldo Antunes citou um trecho de outra música, "Mestre-Sala dos Mares". "Quando morre o autor de um verso como esse, entre tantos outros memoráveis, só nos resta chorar e reverenciar", escreveu.

Outras gerações de músicos também prestaram homenagem a Blanc. O rapper Emicida, por exemplo, escreveu que a "poesia acorda triste com a partida de mais uma caneta que nos inspirou a sonhar": "Aldir Blanc, assim como o sol, saiu de nosso campo de visão normal nessa noite [...] Obrigado por nos presentar com um país pelo qual nos apaixonamos, Seu Aldir. O maior dos obrigados."

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