Publicado em 22 de dezembro de 2020 às 19:01
Lançado em 1996, o funk "Pastor Marginal", de autoria do cantor capixaba Jefinho Faraó, voltou a bombar nas redes sociais nesta terça-feira (22). O motivo? A prisão do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), pastor licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, em uma operação conjunta do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) e da Polícia Civil, em uma ação que investiga um suposto esquema de pagamentos de propina para a liberação de contratos da prefeitura carioca. >
Artistas como Gregório Duvivier, Antonio Tabet e outros soltaram a polêmica apresentação de "Pastor Marginal" no programa "Cidade Alerta", da TV Vitória, afiliada da RecordTV no ES, realizada em 2014. Polêmica porque a música que fala do proprietário da emissora foi cantada ao vivo em um programa de sua grade.
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Na época do lançamento, em 1996, a música era uma "homenagem", se assim podemos dizer, a outro pastor da mesma congregação, Edir Macedo, acusado por Faraó, na letra da composição, de "catar o dinheiro do povo". Em conversa com o "Divirta-se", Jefinho afirmou que a prisão de Crivella comprova o caráter atemporal de sua "criação". >
"Cara, meu funk sempre será atual! É um manifesto contra pessoas que usam a religião para roubar o povo, independente se eles forem políticos ou não. A música foi feita há mais de 20 anos, mas esta aí, na boca de um povo indignado, cobrando justiça", esbraveja o MC, afirmando que seu telefone não parou de tocar e suas redes sociais estão recebendo várias mensagens de pessoas de todo o país. >
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"A mesma história é 'contada' há muitos anos, pois conhecemos bem quem são as pessoas ligadas a essa igreja", pontua, em tom crítico, sem medo de ser perseguido por fiéis da congregação comandada por Edir Macedo. "Eles já fazem isso há anos. Estou acostumado", brinca. >
O próprio cantor capixaba fez um post em suas redes, tendo como base a postagem do humorista Gregório Duvivier no Twitter. >
Com vários projetos em mente, Jefinho Faraó, que anda fazendo uma série de lives dedicadas ao funk retrô, em parcerias com outros grupos, como a banda Soltos e Prensados, afirma estar compondo letras inspiradas na história de vários políticos brasileiros, em especial os envolvidos em assuntos polêmicos, como a corrupção. >
"Tenho vários políticos na mira para os meus manifestos. Um deles é o presidente Jair Bolsonaro, que há muito tempo já está merecendo uma 'homenagem'", brinca, soltando uma gargalhada do outro lado do telefone. >
"Pastor Marginal", gravada em parceria com MC Flavinho, saiu do papel graças ao apoio do empresário Raul Moreira e do lendário Mister Catra (morto em 2018), que foi primordial para que a música fosse lançada em LP de vinil. >
"Assisti a uma reportagem antiga do 'Jornal Nacional' que mostrava Edir Macedo com uma mala cheia de dinheiro, durante um show no Maracanã. Fiquei muito indignado e comecei a escrever a letra por impulso, sem imaginar que ela teria essa repercussão toda.">
A primeira viralização nas redes sociais aconteceu em março de 2014, quando Jefinho Faraó apresentou "Pastor Marginal" no já citado programa da Record TV. "Muitos consideraram um abuso, mas retirei o nome da igreja na hora da apresentação. Cantei em uma emissora ligada ao pastor de propósito, porque, na época de seu lançamento, muitas rádios ligadas à Igreja Universal recusaram tocá-la. Não poderia perder a oportunidade de fazer esse manifesto", complementa, fazendo questão de continuar falando sobre seus novos projetos. >
"Além das lives, estou com a agenda movimentada com a gravação de várias músicas novas, algumas com participações de gente importante na cena musical, como Jair J3, Monkey Jhyan, Cicerone MC e Banda Cinza", enumera, empolgado. Vida longa ao famoso manifestante capixaba! >
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