> >
'Marighella' vaza e produtor Fernando Meirelles fala em roubo ao atacar pirataria

'Marighella' vaza e produtor Fernando Meirelles fala em roubo ao atacar pirataria

Longa de Wagner Moura estreou nos EUA há uma semana, mas distribuidores mantém lançamento em novembro no país

Publicado em 11 de maio de 2021 às 09:14

Ícone - Tempo de Leitura min de leitura
Seu Jorge e o diretor Wagner Moura no set de 'Marighella'
Seu Jorge e o diretor Wagner Moura no set de 'Marighella'. (Divulgação)

Cerca de uma semana após estrear em salas e no streaming nos Estados Unidos, o filme "Marighella", de Wagner Moura, foi alvo de vazamento no Brasil. No último sábado, começaram a pipocar links para baixar o filme em sites diversos e até em páginas de Facebook, como a da torcida de futebol Palmeiras Antifascita.

No início da noite desta segunda, Moura, o diretor, a produtora O2 e a distribuidora Paris Filmes fizeram uma reunião para decidir o que fazer com o vazamento. "Por mim, colocava nas salas neste final de semana e na plataforma na segunda. Vamos ver o que vão decidir. Nem sei se seria possível", afirmou o produtor Fernando Meirelles, no meio da tarde. Mas não foi possível.

Após a reunião, uma nota oficial foi divulgada. "'Marighella' estreou nos Estados Unidos no dia 30 de abril. O longa foi disponibilizado em algumas plataformas digitais para usuários do país, o que possibilitou o vazamento do filme para a internet no último final de semana. A estratégia de lançamento nos cinemas brasileiros segue a mesma. 'Marighella' será lançado oficialmente no segundo semestre."

Segundo Meirelles, o filme estava marcado para estrear em 20 de novembro e, a princípio, a data se mantém. "Por alguma razão as pessoas acham que roubar fruta na árvore ou assistir filme pirata não é roubo. A mente humana é pródiga em autoengano", lamentou o produtor.

As páginas com os links piratas de "Marighella" foram sendo derrubadas durante toda a tarde de segunda. O caso lembra o do primeiro "Tropa de Elite", de 2007, quando uma versão não finalizada virou DVD, que acabou comercializada por camelôs de todo o país.

Nos Estados Unidos, o filme está recebendo críticas positivas. "É uma provocação. E também fascinante", escreveu Devika Girish no New York Times. Já o site Rotten Tomatoes, que reúne avaliações do público, "Marighella" está com pontuação alta, 88%.

Inspirado no livro escrito pelo jornalista Mário Magalhães, "Marighella, o Guerrilheiro que Incendiou o Mundo", é a estreia do ator Wagner Moura na direção.

O longa é uma cinebiografia do guerrilheiro comunista e acompanha os últimos cinco anos de vida do ex-deputado —do golpe militar, em 1964, até o seu assassinato por forças do Estado, em 1969.

O filme estreou, sob aplausos, em fevereiro no Festival de Berlim em 2019 e estava programado para entrar em cartaz no Brasil em 20 de novembro de 2019, Dia da Consciência Negra.

Em agosto daquele ano, no entanto, a produtora O2 Filmes teve dois pedidos de recurso para a comercialização de "Marighella" negados pela Ancine, a Agência Nacional de Cinema.

Um dos recursos negados se referia a um possível pedido de ressarcimento de despesas pagas com dinheiro da produtora no valor de cerca de R$ 1 milhão, por meio do Fundo Setorial do Audiovisual, o FSA. O outro questionava se a verba para comercialização do filme poderia ser adiantada.

As duas negativas foram decididas por unanimidade pela diretoria colegiada do órgão. A negação de recursos foi comemorada por Carlos Bolsonaro, filho do meio do presidente. No Twitter, ele escreveu "noutros tempos, o desfecho seria outro, certamente com prejuízo aos cofres públicos".

O caso coincidiu com um momento de avanço do governo Bolsonaro sobre a Ancine. O presidente chegou a declarar que a agência poderia extinta caso não fosse possível usar filtros nas produções nacionais.

Este vídeo pode te interessar

Ele se incomodou, por exemplo, com o fato de "Bruna Surfistinha" ter tido financiamento pelo órgão. "A cultura vem para Brasília e vai ter um filtro sim, já que é um órgão federal. Se não puder ter filtro, nós extinguiremos a Ancine. Privatizaremos ou extinguiremos. Não pode dinheiro público ser usado para fins pornográficos", declarou, em julho de 2019.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais