Publicado em 22 de maio de 2020 às 19:02
Em reunião ministerial, o ministro Paulo Guedes (Economia) defendeu que o governo privatize o Banco do Brasil, instituição que julgou estar pronta para ser vendida para a iniciativa privada. A defesa sofreu resistência por parte do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que defendeu que só se fale em venda da instituição após 2023, ou seja, depois das próximas eleições presidenciais.>
"É um caso pronto e a gente não tá dando esse passo. Senhor já notou que o BNDES e a Caixa que são nossos, públicos, a gente faz o que a gente quer. Banco do Brasil a gente não consegue fazer nada e tem um liberal lá. Então tem que vender essa porra logo", afirmou Guedes em reunião ministerial do dia 22 de abril.>
A fala consta em vídeo gravado pelo Palácio do Planalto e tornado público nesta sexta-feira (22).>
O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu tornar pública a íntegra do vídeo da reunião ministerial citada pelo ex-ministro Sergio Moro em depoimento à Polícia Federal como um indício de que o presidente Jair Bolsonaro desejava interferir na autonomia da Polícia Federal.>
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O assunto sobre a privatização do banco ocorreu ao fim da reunião. Bolsonaro questionou Rubem Novaes, presidente da instituição, se ele não teria nada para falar.>
Guedes tomou a palavra e aproveitou para defender a privatização do BB.>
"O Banco do Brasil não é tatu nem cobra. Porque ele não é privado, nem público. Então se for apertar o Rubem, coitado. Ele é super liberal, mas se apertar ele e falar: 'bota o juro baixo', ele: 'não posso, senão a turma, os privados, meus minoritários, me apertam.' . Aí se falar assim: 'bota o juro alto', ele: 'não posso, porque senão o governo me aperta.'. O Banco do Brasil é um caso pronto de privatização", defendeu o ministro.>
Ao longo da conversa, Novaes fala sobre a importância da instituição na agriculta, mas depois é estimulado pelo chefe da equipe econômica a defender a privatização do banco. >
Guedes pede que o presidente do BB "confesse seu sonho" sobre o tema.>
Bolsonaro, reticente à agenda privatista, interrompe e diz: "Faz assim: só em 2023 cê confessa, agora não", diz, insinuando que esse assunto só seja tocado após as próximas eleições presidenciais, de 2022, nas quais o presidente tem pretensões de se recandidatar.>
"Em relação (risos) à privatização, eu acho que fica claro que com o BNDES cuidando do desenvolvimento e com a Caixa cuidando do financiamento da área social, o Banco do Brasil estaria pronto para um programa de privatização, né?", afirma Novaes.>
Bolsonaro então insiste que esse tema seja tratado apenas após as eleições de 2022.>
"Isso aí só se discute, só se fala isso em 2023, tá?", afirmou.>
Novaes se queixa de que hoje a instituição tem pagado muito caro por antigos privilégios, como prioridade em folhas de pagamento, mas diz que atualmente não se trata mais de privilégio.>
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