Publicado em 8 de abril de 2021 às 14:39
- Atualizado há 5 anos
O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta quinta-feira (8) que a sanção do Orçamento de 2021 como está deixa o governo em uma "sombra legal". Ele disse esperar que Executivo e Congresso cheguem a uma solução para os números após reconhecer a possibilidade de erros "aqui e lá". >
O Orçamento foi aprovado pelo Congresso sem despesas suficientes para despesas obrigatórias, como aposentadorias, após números terem sido subestimados pelo Ministério da Economia e parlamentares terem direcionado verbas para emendas.>
O time de Guedes vê risco de o governo cometer crime de responsabilidade se o texto for sancionado sem alterações, como mostrou a Folha. A situação gerou desentendimentos entre governo e parlamentares aliados, que dizem que os números foram combinados com o Executivo.>
Segundo Guedes, as emendas à proposta de Orçamento estavam sendo alinhadas com o Congresso para serem direcionadas inclusive a programas do próprio governo, mas os números teriam extrapolado o discutido inicialmente.>
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"Houve um excesso ao que era planejado no começo", disse o ministro em videoconferência produzida pela Câmara Brasileira-Americana de Comércio. "É inexequível, eu não posso executar dessa maneira porque é muito grande, porque os acordos políticos têm que caber no Orçamento", afirmou.>
O governo estuda agora vetar emendas produzidas pelo Congresso, mas isso desagrada parlamentares -que ameaçam retaliações ao governo caso a medida seja adotada.>
"Havia um acordo político e o problema é como entregá-lo. Um [sancionar o Orçamento como está] é politicamente conveniente, mas legalmente deixa o Executivo em uma sombra legal. Outro [barrar as emendas] é legalmente perfeito, mas politicamente inconveniente", disse o ministro.>
Guedes afirmou que os problemas foram observados porque, segundo ele, essa é a primeira vez que o que chamou de "coalizão política de centro-direita" com o Congresso produziu um Orçamento em conjunto.>
"É um time que nunca jogou junto. Agora [a estratégia] é uma política de dizer 'como podemos corrigir isso juntos' do que propriamente 'estamos brigando'. Não estamos brigando [com o Congresso]. Somos parceiros", disse.>
"Há muito barulho agora sobre problemas no Orçamento, mas espero que isso seja só barulho. O sinal é que a coalizão política vai pela primeira vez aprovar um Orçamento unida. Então é normal alguns erros aqui e lá, alguns excessos aqui e lá, mas esperamos que isso acabe bem", disse.>
Apesar de Guedes não especificar quais erros foram cometidos, os problemas no Orçamento foram influenciados também porque o ministério deixou de atualizar as projeções de inflação na proposta que enviou ao Congresso.>
A proposta considerava 2,09% para o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que embasa o reajuste do salário mínimo e, em consequência, despesas como aposentadorias. Mas o indicador fechou 2020 em 5,45%.>
Mesmo com a diferença entre os percentuais, o Ministério da Economia não enviou um comunicado oficial ao Congresso sobre a necessidade de calibrar as despesas com base no novo cenário –nem em 12 de janeiro, quando o INPC foi divulgado, nem em março, quando o projeto ainda não havia sido votado.>
O Orçamento de 2021 foi, então, aprovado com recursos abaixo do mínimo para pagamentos obrigatórios, como aposentadorias e seguro-desemprego. O governo teve mais de dois meses entre a consolidação de dados e a votação da proposta no Congresso para arrumar os números.>
Guedes disse em ocasiões anteriores que seria equivocado mandar uma modificação no Orçamento porque isso, segundo ele, tomaria mais 20 ou 30 dias.>
Nesta quinta, Guedes chamou o imbróglio no Orçamento de temporário e afirmou ter ocorrido mais de "um problema de coordenação do que qualquer outra coisa".>
Para ele, impasses no Orçamento acontecem também em outros países, como Estados Unidos e Alemanha.>
Ele citou como exemplo o plano de construção do muro na fronteira com o México pelo então presidente americano Donald Trump, que chegou a travar os gastos do governo dos EUA diante do impasse sobre a medida na discussão do orçamento.>
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