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Rotativo do cartão de crédito pode acabar, diz presidente do BC

Rotativo do cartão de crédito pode acabar, diz presidente do BC

Roberto Campos Neto também fala em criar uma tarifa para frear o parcelamento sem juros

Publicado em 10 de agosto de 2023 às 16:32

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BRASÍLIA – O presidente do Banco CentralRoberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (10) que acabar com o rotativo do cartão de crédito pode ser a solução para os juros altos e a inadimplência da modalidade.

O chefe da autoridade monetária também falou sobre a possibilidade de criar uma tarifa para frear o parcelamento sem juros.

"A gente tem 90 dias para apresentar uma solução, que está se encaminhando para que não tenha mais rotativo. O crédito vai direto para o parcelamento, que seja com uma taxa ao redor de 9% [ao mês]. Extingue o rotativo, quem não paga o cartão vai direto para o parcelamento ao redor de 9%", afirmou.

"A gente cria algum tipo de tarifa para desincentivar esse parcelamento sem juros tão longo. Não é proibir o parcelamento sem juros, é simplesmente tentar fazer com que ele fique um pouco mais disciplinado, de uma forma bem faseada para não afetar o consumo", acrescentou.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Na mira do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a taxa média de juros cobrada pelos bancos de pessoas físicas no rotativo do cartão de crédito em junho foi de 437,3% ao ano, segundo dados do BC.

O parcelamento de compras sem juros no cartão de crédito virou tema de debate no setor financeiro brasileiro depois que grandes bancos apontaram esse segmento como um dos culpados pelas altas taxas de juros do rotativo dos cartões.

De acordo com o presidente do BC, uma outra alternativa seria limitar os juros do cartão de crédito. "O problema é que os bancos provavelmente iriam retirar os cartões de circulação porque, para as pessoas que têm mais risco, os bancos não ofereceriam aquele cartão devido a uma relação de risco-retorno ineficiente", ponderou.

"O problema de cortar o número de cartões é que você sabe como começa, mas não sabe como termina, pode gerar um efeito muito grande na parte de consumo e na parte de varejo", continuou.

Segundo Campos Neto, a questão deve avançar nas próximas semanas. As negociações envolvem mudanças estruturais no crédito rotativo, o que abriria espaço para autorregulação dos próprios bancos sobre o produto.

Uma proposta que limita os juros no rotativo do cartão de crédito está em um projeto de lei que vai receber o conteúdo do Desenrola, promessa da campanha petista e um dos principais programas do governo na área econômica.

Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, as instituições financeiras tentam barrar o avanço da medida, que deve começar a ser debatida neste mês na Câmara dos Deputados.

Campos Neto compareceu no Senado Federal para prestar contas sobre as decisões tomadas pela autoridade monetária em relação à inflação, à política de juros e à estabilidade financeira. Conforme a lei de autonomia, em vigor desde 2021, o presidente do BC tem de ir ao Congresso Nacional prestar esclarecimentos ao menos duas vezes ao ano.

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