Publicado em 10 de fevereiro de 2020 às 15:38
Sem respostas oficiais sobre o enxugamento do Bolsa Família, partidos da oposição querem que o ministro Osmar Terra (Cidadania) vá ao Congresso dar explicações. >
Terra era ministro do Desenvolvimento Social durante o governo de Michel Temer (MDB). Em meados de 2017, ele se vangloriava de ter zerado a fila de espera do programa pela primeira vez.>
No governo de Jair Bolsonaro (sem partido), ele continua no comando do programa social que busca proteger pessoas extremamente vulneráveis.>
Só que agora Terra adota uma postura oposta: evita falar sobre a barreira à entrada de novos beneficiários, esconde dados sobre os problemas e, como solução, aposta numa reformulação que enfrenta resistência dentro do governo federal e que não tem prazo para ser lançada.>
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A fila de espera se forma quando pedidos demoram mais de 45 dias para serem respondidos. Esse atraso atinge cerca de 1 milhão de famílias, que aguardam, desde 2019, para entrar no programa.>
O governo tem usado diversos subterfúgios para não tornar oficialmente público o retrocesso no Bolsa Família. Nem mesmo os pedidos de informação enviados pela Câmara são respondidos.>
No Senado, o líder da minoria, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), deve apresentar nesta terça (11) um requerimento de convite para Terra ir explicar a forte barreira ao ingresso de famílias no programa. O convite ainda precisa ser analisado pela comissão de fiscalização e controle da Casa.>
O PSOL na Câmara apresentou, na sexta-feira (7), um requerimento para convocar o ministro a um debate no plenário sobre o assunto -o que ainda precisa ser votado pelos deputados. Se a convocação for aprovada, o ministro é obrigado a comparecer.>
Além disso, o partido entrou com uma representação no TCU (Tribunal de Contas da União) para que o órgão investigue os problemas no orçamento do Bolsa Família e a omissão de dados.>
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) tenta obter informações sobre os cortes desde outubro. Parlamentares têm a prerrogativa de solicitar explicações ao governo por meio de requerimentos chancelados pela cúpula da Câmara.>
O governo, por sua vez, é obrigado a responder e tem prazo para isso. O pedido feito no início de outubro foi adiado sucessivamente até que, no fim de novembro, o Ministério da Cidadania encaminhou um documento, mas sem respostas sobre a fila de espera.>
Segundo a equipe de Terra, não foi possível apresentar dados porque o deputado teria requisitado a quantidade de pessoas na fila, e não o número de famílias (indicador para medir a cobertura do programa).>
A pergunta do deputado, porém, se referia à quantidade de famílias, contrariando o argumento do governo Bolsonaro para esconder os dados.>
Valente, então, entrou com um segundo pedido de informações, no fim de novembro. O prazo de resposta terminava em 10 de janeiro, mas o Ministério da Cidadania protelou novamente esse limite.>
"Trata-se de conduta extremamente grave e atentatória às competências da Câmara dos Deputados, inclusive configurando crime de responsabilidade", diz o pedido do parlamentar do PSOL ao TCU.>
O órgão terá ainda que decidir se abre ou não uma auditoria no Bolsa Família.>
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