Publicado em 11 de agosto de 2020 às 17:37
O presidente da Confederação Nacional das Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, e outras nove pessoas foram denunciadas nesta terça-feira (11) sob acusação de peculato (uso de cargo para desvio de recursos) pelo Ministério Público Federal em Pernambuco.>
A denúncia é um desdobramento da Operação Fantoche, desencadeada pela Polícia Federal em 2019. A investigação constatou supostos desvios de mais de R$ 2,5 milhões do Sesi (Serviço Social da Indústria) na execução de projetos culturais em parcerias com ONGs e empresas privadas.>
A verba estava atrelada a contrato de patrocínio do projeto Relix Pernambuco 2014, voltado para ações educativas e culturais no âmbito da reciclagem de lixo.>
O Sesi afirma que seguiu todos os trâmites legais e nega quaisquer irregularidades.>
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Constam também como denunciados pelo mesmo crime Ricardo Essinger, que era diretor regional do Sesi na época das supostas irregularidades, e Ernane Aguiar Gomes, então responsável pela superintendência da entidade em Pernambuco.>
De acordo com a denúncia oferecida à Justiça, eles teriam realizado a liberação de recursos sem nenhum tipo de avaliação financeira, pesquisa de mercado ou acompanhamento da execução orçamentária.>
O Ministério Público em Pernambuco afirma que esta conduta possibilitou o enriquecimento ilícito de terceiros às custas de verbas do chamado Sistema S.>
Também foram denunciados Hebron Costa Cruz de Oliveira e Romero Neves Silveira Souza Filho, respectivamente presidente e diretor sociocultural do Instituto Origami. A entidade, conforme a denúncia, teria utilizado empresas de fachada para simular pagamentos por serviços não executados.>
Constam ainda no rol de denunciados os irmãos Luiz Otávio Gomes Vieira da Silva, Lina Rosa Gomes Vieira da Silva e Luiz Antônio Gomes Vieira da Silva, que eram responsáveis pela empresa Aliança Comunicação e Cultura Ltda.>
As investigações apontaram que a empresa foi a principal destinatária das verbas repassadas mediante a emissão de notas fiscais faturadas em favor do Instituto Origami.>
A Polícia Federal apontou na investigação que a empresa era contratada inicialmente de forma indevida por inexigibilidade de licitação.>
Segundo o Ministério Público Federal, um relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) revelou que, entre 2010 e 2017, houve o aporte de mais de R$ 260 milhões por parte do Sesi nos projetos.>
Chamou a atenção dos investigadores o volume de contratos com os departamentos regionais do Sesi nos estados de Pernambuco, Paraíba, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Alagoas. O montante superava de maneira significativa a média nacional.>
Também foi alvo da denúncia o então secretário estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Sérgio Luís de Carvalho Xavier, apontado como articulador para a implantação do Relix em Pernambuco, e o empresário Julio Ricardo Rodrigo Neves.>
O Sesi afirma que o auxílio financeiro que concedeu ao departamento regional em Pernambuco para patrocínio do projeto Relix seguiu rigorosamente os trâmites e os controles da instituição, além de ter sido fiscalizado e certificado por auditorias externas e demais órgãos de controle.>
O Sesi destacou também que forneceu toda a documentação requerida pelas autoridades, e que seu presidente, Robson Braga de Andrade, prestou todos os esclarecimentos à Justiça.>
"A instituição dispõe de vários mecanismos de controle e de conformidade, incluindo um amplo programa de compliance, e permanece à disposição para prestar à Justiça os esclarecimentos complementares que se fizerem necessários", diz a nota.>
A entidade comunicou ainda que a atribuição do Ministério Público Federal para apresentar a denúncia e a competência da Justiça Federal ainda estão em discussão no STJ (Superior Tribunal de Justiça).>
A Aliança Comunicação declarou que há 57 anos atende clientes públicos e privados em todos os estados brasileiros. De acordo com a empresa, nos últimos 18 anos, a CGU (Controladoria Geral da União) auditou e aprovou todas as prestações de contas apresentadas pelo grupo nos projetos executados junto ao Sesi.>
A empresa destaca que todas as contas dos projetos apresentados foram aprovadas pelo TCU.>
"Além disso, no trâmite de captação de patrocínios através da Lei de Incentivo à Cultura, o projeto Relix passou por criteriosa análise técnico-financeira do Ministério da Cultura", diz a nota.>
A Aliança, por meio do escritório de advocacia contratado para fazer sua defesa, alega que a operação Fantoche foi conduzida por autoridades sem competência jurisdicional e resultou em denúncia criminal que ignora formalidades legais.>
Os demais denunciados pelo Ministério Público Federal não foram localizados.>
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