Publicado em 4 de julho de 2020 às 11:49
A Defensoria Pública da União (DPU) está orientando seus defensores a ingressar com ações em todas as unidades da federação pedindo a suspensão dos pagamentos das parcelas do faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida, que contempla as famílias mais carentes, com renda até R$ 1,8 mil. Como mostrou o Estadão/Broadcast, elas são as únicas que ficaram de fora da pausa concedida pela Caixa em financiamentos imobiliários devido à crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.>
O defensor nacional de Direitos Humanos da DPU, Atanasio Darcy Lucero Júnior, orientou aos defensores regionais que analisem a viabilidade de ingressarem com o pedido em seus Estados. Até agora, as divisões do órgão em São Paulo e Ceará obtiveram decisões liminares blindando as famílias das cobranças. "Há independência para que eles analisem se entrarão, ou não, mas considero a demanda extremamente relevante", disse Lucero Junior.>
Mesmo com redução drástica em sua renda, os beneficiários do faixa 1 do Minha Casa continuam sendo cobrados pelo pagamento das prestações, que variam de R$ 80 a R$ 270.>
O faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida já beneficiou 1,4 milhão de brasileiros em cerca de dez anos de programa. Grande parte desse grupo ainda paga suas parcelas mensais do programa.>
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Outras faixas do programa, que beneficiam famílias com renda acima de R$ 1,8 mil, têm o subsídio bancado principalmente pelo FGTS. Essas conseguiram pedir a pausa nas prestações, assim como outros brasileiros que tenham financiamento imobiliário, tanto trabalhadores da iniciativa privada quanto servidores públicos.>
Em posicionamento enviado ontem ao Estadão, a Caixa disse que "atua na qualidade de gestor operacional" e que cumpre "determinações do gestor do programa, Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR)".>
Já o MDR informou que oficiou o Ministério da Economia "solicitando que fossem tomadas medidas orçamentárias que possibilitassem a suspensão das cobranças da faixa 1" e disse apoiar um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados para suspender os pagamentos.>
A defensora Viviane Dallasta Del Grossi, que ingressou com a ação em São Paulo, disse que a decisão favorável garantiu às famílias do Estado uma proteção contra cobranças durante um período de três meses. Em outras regiões, porém, as faturas continuam sendo enviadas. Ela questiona por que o governo não endereçou o problema no início da pandemia.>
"Fiquei me perguntando por que a Caixa, para outras faixas, deferiu a suspensão, e justamente a faixa mais vulnerável ficou desassistida. Eles colocam a questão de ausência de previsão legal, mas bastaria a União ter tido boa vontade. Ao fim e ao cabo, eu só consigo chegar a essa conclusão", afirmou.>
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