Publicado em 1 de outubro de 2020 às 10:45
A maioria (72,8%) das empresas do comércio varejista declarou sentir dificuldades em obter acesso aos fornecedores de insumos, matérias primas ou mercadorias na segunda quinzena de agosto, mesmo após cinco meses de pandemia e com a flexibilização do distanciamento social. O número caiu com relação aos 15 dias anteriores (78,5%), mas ainda segue o mais alto entre todos os segmentos de atuação no país. >
Os dados fazem parte da Pesquisa Pulso Empresa, que acompanha os principais efeitos da pandemia de Covid-19 na atividade das empresas não financeiras e faz parte das estatísticas experimentais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).>
O comércio é o ramo de atividade que encontra mais dificuldades na obtenção das mercadorias. Em todo o setor, contando também atacado (53,6%) e veículos (42,2%), a percepção fica em 66,7% das empresas.>
A dificuldade é bem superior ao declarado pelos ramos da indústria (51,8%), construção (40,6%) e serviços (26%). Por outro lado, o setor de comércio foi o que mais apresentou empresas apontando facilidades (10,5%) para achar os insumos.>
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Na média, 46,8% das empresas apontam dificuldade no acesso aos fornecedores, e apenas 7,3% disseram o contrário. As demais 44,2% não observaram alteração significativa.>
Flávio Magheli, coordenador do IBGE, apontou que a pesquisa em um primeiro momento percebeu impactos negativos relacionados à demanda, como vendas, produção e atendimento, devido ao fechamento das lojas e ao isolamento social promovido em todo o país para conter o avanço da Covid-19. Depois, a percepção mudou.>
"Em um segundo momento, o que passou a prevalecer foram os pontos relacionados à oferta e à cadeia de suprimentos, devido às dificuldades de acessar fornecedores", disse Magheli.>
O comércio varejista também é o segmento onde as empresas declararam sentir mais dificuldade na capacidade de realizar pagamentos de rotina: mais da metade (54,7%) confessaram o empecilho. O número está bem acima da média do país (40,3%).>
O varejo é o ramo com mais empresas em funcionamento no país, com 1,084 milhão, quase uma a cada três das que estão em atividade (3,4 milhões). Dessas, 44,7% tiveram dificuldade na fabricação dos produtos ou na capacidade de atender aos clientes, mais uma vez a maior marca entre todos os segmentos.>
Outras 35,7% das empresas do comércio varejista ainda reportaram ter sentido diminuição nas vendas ou serviços especializados.>
De acordo com o IBGE, caiu para 33,5% quantidade de empresas que percebem impactos negativos da pandemia nos negócios. Nos 15 dias anteriores, eram 38,6% com essa sensação, entre as 3,4 milhões em operação no Brasil.>
A melhora na percepção atingiu todos os setores. A maioria (52,6%) das empresas de maior porte sinalizou maior incidência de efeitos pequenos ou inexistentes na quinzena do que impactos negativos.>
Segundo o coordenador do IBGE, a flexibilização do distanciamento social fez com que as empresas passassem a perceber cada vez menos impactos negativos na pandemia, mas que isso varia de acordo com cada local.>
"Os municípios tiveram ações diferenciadas e, apesar de avançarem no movimento de abertura, muitos ainda operam com controles e restrições de horário ou capacidade", disse Magheli.>
As empresas que informaram maior incidência de efeitos negativos na segunda quinzena de agosto são do ramo de construção (40%), seguido pelo comércio (36%).>
Na indústria, por outro lado, foi onde reportaram 40,3% de impactos pequenos ou inexistentes, assim como nos serviços, com 43,2%.>
De acordo com o coordenador do IBGE, do ponto de vista setorial, no início da pesquisa, havia uma incidência forte de dificuldades na indústria, na construção, nos serviços e principalmente no comércio, devido à grande dependência dos pequenos comércios em relação às lojas físicas. E que algumas ainda veem o cenário difícil.>
"Ao longo desses três meses, ocorreu uma retomada gradual, mas no final de agosto 33,5% das empresas ainda sinalizam algum grau de dificuldade", afirmou Magheli.>
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