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Justiça dá aval a recuperação extrajudicial e ações das Casas Bahia sobem

Justiça dá aval a recuperação extrajudicial e ações das Casas Bahia sobem

Juiz diz que documentos apresentados pela companhia comprovam concordância dos principais bancos credores com o plano

Publicado em 29 de abril de 2024 às 18:59

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SÃO PAULO - A Justiça de São Paulo deu aval nesta segunda-feira (29) ao pedido de recuperação extrajudicial do Grupo Casas Bahia, feito na véspera. Desde a abertura do pregão, mesmo antes de o tribunal deferir o pedido, as ações da companhia dispararam, o que mostra que a medida foi avaliada positivamente pelo mercado.

Analistas veem na operação um alívio para o caixa da rede de varejo, bem como uma oportunidade de a empresa focar no seu plano "transformacional".

Casas Bahia entra com pedido de recuperação extrajudicial
Casas Bahia teve pedido de recuperação extrajudicial aceito pela Justiça. (Divulgação)

Com isso, as ações da companhia saltaram 32% nesta segunda (29), a R$ 7,18, registrando o melhor desempenho percentual do dia entre os papéis do Ibovespa. No ano, porém, ainda acumulam queda de 37%.

"A medida traz uma importante margem de manobra para os fluxos de caixa de curto e médio prazo da Casas Bahia e, até certo ponto, diminui os riscos de preocupações com liquidez", afirmaram os analistas do Bradesco BBI em relatório a clientes considerando a decisão como algo "muito positivo".

"Acreditamos que a administração da empresa pode agora ter um foco maior e fazer um esforço maior na execução do seu plano de transformação sem a distração de resgates significativos de caixa que acontecem no curto prazo", acrescentaram Pedro Pinto e equipe nos comentários enviados nesta segunda-feira (29).

Na decisão que deferiu o pedido de recuperação extrajudicial, o juiz Jomar Juarez Amorim, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça de São Paulo, argumentou que a documentação apresentada pela Casas Bahia evidencia o cumprimento do artigo 163 da Lei 11.101/2005.

A legislação prevê a "concordância dos credores que representam mais de metade dos créditos abrangidos pelo plano de recuperação extrajudicial" para que o pedido seja aceito, segundo o magistrado.

"Assim, determino a suspensão, pelo prazo de 180 dias, de todas as execuções contra a requerente movidas por credores sujeitos ao plano de recuperação", concluiu o juiz.

Ainda segundo a decisão, a companhia deverá comprovar, nesse prazo, o envio de carta aos credores sujeitos ao plano. O documento deverá conter a relação de todos os credores sujeitos ao plano e o meio de acesso ao conteúdo do plano.

O montante de R$ 4,1 bilhões em dívidas citado no pedido envolve determinadas emissões de debêntures "e certas CCBs emitidas junto a instituições financeiras". O plano não inclui dívidas operacionais com fornecedores e parceiros e não impacta trabalhadores ou clientes.

A estratégia prevê o alongamento de amortização de dívida, incluindo carência de 24 meses para pagamento de juros e de 30 meses para pagamento de principal. Além disso, inclui a possibilidade de credores apoiadores converterem parte de dívida em participação na empresa.

Segundo a Casas Bahia, o "reperfilamento" da dívida preservará cerca de R$ 4,3 bilhões no caixa da companhia nos próximos quatro anos. Além disso, o prazo médio da dívida sairá de 22 para 72 meses, com redução de 1,5 ponto percentual no custo médio.

Os analistas do Safra também afirmaram que a notícia é positiva em termos de fluxo de caixa, mas ponderaram que, apesar da redução no custo, o pagamento total de juros subirá substancialmente – de R$ 971 milhões para R$ 2,397 bilhões – impactando o fluxo de caixa futuro.

Em relatório a clientes, Vitor Pini e Tales Granello acrescentaram que a administração terá chance e tempo para focar no seu "turnaround" e avaliam que a empresa deve lançar um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) em breve, o que proporcionará a chance de aumentar as vendas com mais crédito a ser concedido aos clientes.

A expectativa é que o plano seja homologado em até 40 dias, já que a empresa tem o apoio de credores que detêm cerca de 55% da dívida elencada no processo, disse o presidente-executivo da Casas Bahia, Renato Franklin, em apresentação a analistas.

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