Publicado em 18 de março de 2021 às 15:50
- Atualizado há 5 anos
O Ministério da Economia está recalculando a necessidade de recursos demandados para o pagamento do seguro-desemprego, após verificar que os dados foram superestimados no ano passado.>
A revisão da metodologia tem como objetivo reduzir as chances de erros e liberar espaço orçamentário para outros programas.>
A revisão nas contas deve ser intensificada por mudanças nas regras de pagamento do benefício, que estão em preparação e devem entrar em vigor por meio de MP (medida provisória).>
As novas normas terão como objetivo cortar recursos reservados hoje ao trabalhador demitido e redirecioná-los ao novo programa de manutenção do emprego, medida anticrise a ser anunciado pelo governo.>
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Entre as mudanças no seguro-desemprego está previsto, por exemplo, o corte no valor concedido a quem for demitido, por meio de um escalonamento decrescente de 10% a cada parcela.>
O novo programa de manutenção do emprego, em elaboração devido ao avanço da Covid-19 em 2021, permitirá corte de jornada e salário ou suspensão de contrato do trabalhador, que receberá como compensação um benefício emergencial dos cofres públicos (o BEm, como batizou o governo).>
O modelo segue os moldes de medida similar lançada em 2020, que custou R$ 33,5 bilhões e não precisou de compensações por ter sido criada quando as regras fiscais haviam sido suspensas.>
Em 2021, sem um estado de calamidade em vigor, o programa deve demandar entre R$ 5,8 bilhões e R$ 6,5 bilhões. A medida deve durar quatro meses.>
O secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, foi questionado na terça-feira (16) se as mudanças no seguro-desemprego vão compensar os custos do novo programa.>
"Estamos estudando, tudo isso depende de um crivo bastante apurado. Mas rapidamente teremos as respostas", afirmou durante entrevista sobre os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).>
Pelas estimativas do Ministério da Economia, entre 2,7 milhões e 3 milhões de trabalhadores serão incluídos no novo programa de manutenção de emprego, ao sofrerem corte de salário ou suspensão de contrato.>
Cada trabalhador deve receber, em média, um valor total de R$ 2,1 mil durante o programa.>
Enquanto prepara as mudanças, o governo verificou que o seguro-desemprego tinha R$ 45 bilhões para pagamentos em 2020 -mas que, no fim das contas, acabou demandando R$ 5 bilhões a menos.>
As contas foram feitas originalmente pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministerio da Economia, e começaram a ser alvo de análise pela Secretaria Especial de Fazenda.>
Contribui para reforçar a necessidade de mudanças o fato de até mesmo na reta final do ano os dados terem continuado superestimados.>
Ate o mês de outubro, haviam sido executados R$ 34,4 bilhões no seguro. Para a despesa total do ano chegar a R$ 45 bilhões, seria necessária uma aceleração discrepante do ritmo observado até então.>
Em 2020, o choque da pandemia provocou um desligamento em massa, principalmente em março e abril. No entanto, as demissões se estabilizaram no segundo semestre.>
Técnicos do Ministério da Economia também apontam nas discussões sobre a revisão na metodologia que o seguro-desemprego tem tido um movimento descolado dos ciclos econômicos.>
A variação estaria sendo inversa à esperada, com mais pagamentos em momentos de crescimento da atividade.>
A explicação estaria ligada à formalização do mercado de trabalho brasileiro, principalmente a partir dos anos 2000. De acordo com a análise, o aumento no emprego formal é o que naturalmente eleva o volume de demissões.>
Em outros momentos, a probabilidade de demissão é vista pela pasta como relativamente constante.>
Apesar de a pandemia ter adicionado incerteza para prever os números corretamente no ano passado, o Ministério da Economia tem ressaltado internamente que melhorar as metodologias de cálculo é importante para amenizar o problema da escassez de recursos.>
Enquanto subestimar recursos necessários coloca em risco a implementação de politicas publicas, superestimá-los reduz ainda mais o espaço para despesas discricionárias e gera dificuldade até para créditos extraordinários (que ficam fora do teto, mas sujeitos à meta fiscal).>
Integrantes da pasta reforçam a necessidade de revisar cálculos como o do seguro-desemprego ao afirmarem que projeções que não se concretizam também podem gerar contingenciamentos desnecessários em outras áreas do Orçamento e afetar a execução de diferentes medidas.>
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