Publicado em 23 de setembro de 2021 às 14:59
O governo considera elevada a chance de haver uma nova prorrogação do auxílio emergencial caso não seja concretizada rapidamente uma solução para o crescimento da conta de precatórios - dívidas do governo fruto de sentenças judiciais e que não têm mais possibilidade de recurso. >
A possibilidade entrou no radar de membros do governo diante do prazo curto para que o tema seja resolvido. O risco, para membros da equipe econômica, é que eventual renovação do auxílio seja feita em valor maior do que o vigente hoje no programa que se encerra em outubro (R$ 150 a R$ 375). A avaliação é que isso geraria descontrole na economia. >
Para técnicos, o governo e o Congresso têm menos de um mês para aprovar proposta que limita os gastos com precatórios e abre espaço para o Bolsa Família turbinado. >
A equipe econômica é contra a prorrogação do auxílio emergencial. Em busca de acelerar esse debate, governo e a cúpula do Congresso fizeram um acordo na terça-feira (21) para travar as despesas com precatórios. >
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Segundo relatos, a medida deve criar uma válvula de escape para liquidar parte dos débitos que forem adiados. Os precatórios passariam a ser considerados uma espécie de moeda que poderia ser usada em uma série de funções. >
O plano prevê uma autorização para que credores do governo possam usar esses títulos em privatizações, para comprar ações de estatais, pagar outorga de concessões, comprar imóveis públicos, compensar valores a receber em contratos de petróleo e abater débitos inscritos na dívida ativa. >
Para estados e municípios, poderá ser feito um encontro de contas. Se um estado é dono de precatórios, mas tem dívidas com o governo federal, esses débitos poderão ser liquidados diretamente. >
O objetivo da equipe econômica é viabilizar o plano de redução do Estado defendido pelo ministro Paulo Guedes (Economia) ao mesmo tempo em que evitaria um crescimento em bola de neve da conta de precatórios nos próximos anos. >
Em conversas com membros do Judiciário, ministros foram informados que os precatórios passam por uma espécie de bolha, que deverá se esvaziar nos próximos dois ou três anos, voltando gradualmente à normalidade. >
A conta de precatórios cresceu de R$ 54 bilhões neste ano para R$ 89 bilhões em 2022, o que comprime o Orçamento e inviabiliza o lançamento do Bolsa Família turbinado. Esse tema é tratado como o problema do momento pelo governo. >
No acordo, está previsto um teto de R$ 39 bilhões para esse gasto em 2022, o valor restante será empurrado para anos seguintes, entrando em uma fila por ordem cronológica de inscrição. A ideia é que débitos de pequeno valor tenham prioridade. >
As medidas devem ser incorporadas a uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que tramita no Congresso. >
Entre os pontos, também deve haver uma autorização para que precatórios inscritos nessa fila tenham pagamento antecipado, desde que haja um desconto de até 40% sobre o débito. >
O credor também terá opção de parcelar esses débitos, alongando os pagamentos a uma taxa de remuneração mais elevada, com ganho acima da Selic (taxa básica de juros). Isso porque novos precatórios serão corrigidos apenas pelo valor da Selic. >
Segundo fontes, o texto ainda não está fechado e pode haver mudanças. >
A ideia do governo é que o mecanismo seja permanente. Ou seja, o crescimento do valor a ser pago anualmente em precatórios será limitado à variação da inflação. >
O Judiciário poderá determinar pagamentos em valores maiores, mas o excesso de gasto acima do teto entrará na fila para pagamentos e terá à disposição esses mecanismos de abatimento, como a compra de imóveis, de ações e pagamento de dívida. >
O plano do governo é resolver o problema dos precatórios e viabilizar um Bolsa Família (rebatizado de Auxílio Brasil) com benefício médio de R$ 300 por família a um custo total próximo a R$ 60 bilhões por ano. Hoje, a verba do programa é de R$ 35 bilhões. >
Para isso, será necessário solucionar o problema dos precatórios e aprovar a reforma do Imposto de Renda. Isso porque a taxação de dividendos foi a fonte escolhida pelo governo para compensar esse gasto adicional com o programa social. >
O novo programa deve ter público ampliado de 14 milhões para 17 milhões de famílias. O governo ainda estuda a criação de um benefício adicional, um vale gás que seria pago a famílias mais pobres.>
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