Publicado em 6 de dezembro de 2021 às 17:35
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) abriu novo processo para investigar declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a Petrobras. É o terceiro procedimento envolvendo o presidente e a estatal em pouco mais de um mês. >
A autarquia não revela o teor da investigação, que foi aberta nesta segunda-feira (6), mas a reportagem apurou que tem relação com a afirmação feita por Bolsonaro no domingo (5) a respeito de redução nos preços dos combustíveis nesta semana.>
O presidente da República disse em entrevista ao site Poder360 que a Petrobras vai anunciar uma série de reduções nos preços dos combustíveis, começando nesta semana. Ele não informou, porém, qual seria o valor da redução nem quando ocorreria.>
"A gente anuncia agora, esta semana, pequenas reduções, a princípio toda semana, do preço dos combustíveis", afirmou. Em comunicado enviado à CVM, a Petrobras afirmou que não há ainda decisão tomada sobre mudanças nos preços.>
>
As únicas informações públicas sobre o processo aberto nesta segunda indicam que a CVM vai apurar o cumprimento das regras de divulgação de notícias, fatos relevantes e comunicados por empresas com ações negociadas em bolsa.>
No dia 25 de outubro, a autarquia havia aberto um processo para investigar declarações de Bolsonaro sobre privatização da estatal, que tiveram forte impacto nas negociações de ações da companhia na Bolsa de São Paulo.>
A Petrobras foi levada a publicar um comunicado afirmando que questionou o governo sobre estudos para privatização e, uma semana depois, recebeu resposta do Ministério da Economia contradizendo a afirmação de Bolsonaro sobre estudos para a privatização.>
Segundo a estatal, o ministério disse "não haver fato relevante a ser comunicado ao mercado pela União neste momento ou recomendação de inclusão da desestatização da Petrobras no Programa de Parcerias de Investimentos.">
Afirmou ainda que "não há estudos ou avaliações em curso que tratem do tema no âmbito da secretaria especial do Programa de Parcerias de Investimentos do ME [Ministério da Economia]".>
Outro processo foi aberto no dia 27, logo após Bolsonaro dizer que a estatal estava prestes a anunciar novos reajustes nos preços dos combustíveis. As declarações foram dadas pelo presidente pouco antes do último anúncio de reajuste para gasolina e diesel, no dia 25.>
A Petrobras nega que antecipe decisões sobre reajustes a autoridades e diz que sua política de preços prevê o monitoramento constante dos mercados internacionais, com análise sobre o comportamento dos preços internos em relação aos externos.>
Com a popularidade afetada pela escalada dos preços dos combustíveis, Bolsonaro vem buscando transferir a responsabilidade desde o início do ano, atacando governadores, postos e distribuidoras. Após os reajustes de outubro, o presidente passou a mirar a estatal.>
Ele criticou os elevados lucros da empresa, disse que o governo não tinha interesse nos dividendos que ela distribui, pregou um papel social em suas atividades e defendeu sua privatização, alegando que não pode interferir na gestão da empresa, mas recebe a culpa pelos altos preços.>
A CVM tem processos abertos também para investigar declarações do presidente da República no início do ano, quando ele decidiu demitir o então presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, por redes sociais, sem cumprir os ritos de divulgação de comunicados ao mercado.>
Naquela ocasião, a empresa perdeu em apenas um dia R$ 102,5 bilhões em valor de mercado, como resposta aos sinais de interferência política na gestão da companhia.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta