Publicado em 11 de agosto de 2020 às 11:15
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, afirmou que, considerando o longo histórico de taxas de juros em nível muito elevado, a Selic mais baixa pode comprometer o desempenho de alguns mercados e setores econômicos. >
O BC divulgou, nesta terça-feira (11) a ata da última reunião, que decidiu pelo corte de 0,25 ponto percentual da Selic, para 2,00%.>
"Ao analisar o sistema financeiro de forma ampla, considerado as suas diversas indústrias, mercados, produtos e serviços financeiros, o Comitê refletiu que um ambiente com juros baixos sem precedentes pode gerar aumento da volatilidade de preços de ativos e afetar, sem o devido tempo necessário de transição para um novo ambiente, o bom funcionamento e a dinâmica do sistema financeiro e do mercado de capitais", argumentou o texto.>
Assim, o comitê reforçou que novos cortes na Selic exigiriam cautela e seriam feitos de forma mais gradual. "Para tal, se necessárias, novas reduções de juros demandariam maior clareza sobre a atividade e inflação prospectivas e poderiam ser temporalmente espaçadas", explicou.>
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A ata reforçou a mensagem do comunicado da decisão, em que o BC indicou que a Selic deve continuar no mesmo patamar nas próximas reuniões, mas deixou espaço para ajustes, que deverão ser feitos de forma intercalada e de 0,25 ponto.>
Segundo o colegiado, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno.>
"O Comitê considerou que, embora assimétricas, suas projeções de inflação apresentam valor esperado abaixo da meta para o horizonte relevante para política monetária. Sendo assim, em linha com seu mandato de metas, o Comitê concluiu que seria apropriado aumentar residualmente o grau de estímulo monetário", trouxe o texto.>
Aumentar o grau de estímulo monetário significa cortar mais a taxa básica de juros. Quando a Selic está baixa, diminui o incentivo de aplicações em renda fixa, o que favorece o investimento no setor produtivo.>
A ata esclareceu que o Copom passou a utilizar o chamado "foward guidance", ou prescrição futura, como instrumento de política monetária.>
"Apesar dessas limitações, a prescrição futura seria a estratégia de implementação de política que atualmente apresenta a melhor relação custo benefício. A prescrição futura cumpre o papel de transmitir a visão do Comitê sobre suas ações futuras e tende a ajustar as expectativas expressadas na parte intermediária da curva de juros", disse o texto.>
Com isso, o BC pretende diminuir a especulação em torno da taxa básica de juros futura. Em diversas ocasiões, no entanto, a autoridade monetária não conseguiu cumprir o sinalizado no comunicado anterior.>
A ata ressaltou a dificuldade de indicar os rumos futuros da política monetária em países emergentes.>
"O Copom discutiu as limitações no uso deste instrumento em países emergentes. Em relação aos pares desenvolvidos, países emergentes são mais suscetíveis a contágio de crises externas e possuem maiores vulnerabilidades nos fundamentos econômicos. Consequentemente, devido à maior imprevisibilidade e volatilidade, o uso de tal instrumento torna-se mais desafiador.">
O BC ponderou, no entanto, que, para cumprir a sinalização, as expectativas de inflação de 2021 e, em grau menor, de 2022 devem estar próximas da meta. Além disso, deve haver manutenção do regime fiscal.>
O documento deixou de fora a inflação de 2020, que, para o colegiado, deve fechar o ano abaixo do mínimo estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4%, com tolerância de 1,5 ponto para baixo ou para cima.>
O comunicado da decisão também colocou pela primeira vez no horizonte relevante, para quando o comitê entende que a política monetária deve fazer efeito, a inflação de 2022. Os comunicados anteriores citavam apenas 2020 e 2021.>
"Satisfeitas as condições necessárias, o Copom não elevaria a taxa de juros, mas poderia reduzi-la", declarou.>
Sobre a atividade econômica, os membros do Copom avaliaram que os dados recentes sugerem uma recuperação parcial da economia.>
"Os programas governamentais de recomposição de renda têm permitido uma retomada relativamente forte do consumo de bens duráveis e até do investimento. Contudo, várias atividades do setor de serviços, sobretudo aquelas mais diretamente afetadas pelo distanciamento social, permanecem bastante deprimidas", pontuou.>
De acordo com o BC, como o fim da pandemia e dos auxílios emergenciais é imprevisível, as incertezas com relação à velocidade da recuperação econômica aumentam.>
"O Comitê ponderou que esta imprevisibilidade e os riscos associados à evolução da pandemia podem implicar um cenário doméstico caracterizado por uma retomada ainda mais gradual da economia.">
O colegiado considerou que a pandemia deve continuar a ter efeitos distintos sobre os setores econômicos. "A natureza da crise provavelmente implica que pressões desinflacionárias provenientes da redução de demanda podem ter duração maior do que em recessões anteriores.">
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