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Consumidor quer usar Black Friday para se livrar dos efeitos da inflação

Consumidor quer usar Black Friday para se livrar dos efeitos da inflação

De acordo com levantamento, 65,4% dos entrevistados esperam conseguir entre 20% e 50% de desconto sobre o preço dos produtos

Publicado em 7 de novembro de 2021 às 13:54

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Em tempos de vacas magras, os brasileiros querem aproveitar a Black Friday para se livrar dos efeitos da inflação, que acumula mais de 10% de alta nos últimos 12 meses. De um universo de 7.449 consumidores pesquisados pela internet entre 22 e 26 de outubro pela fintech Trigg, moradores das principais capitais do país, apenas 2% não querem comprar absolutamente nada pela internet no próximo dia 26 de novembro.

De acordo com o levantamento, 65,4% dos entrevistados esperam conseguir entre 20% e 50% de desconto sobre o preço dos produtos. "A expectativa dos consumidores é que o desconto compense a inflação", disse à reportagem o presidente da Trigg, Wellington Santos.

Comércio da Glória, em Vila Velha, na Black Friday 2020
Comércio da Glória, em Vila Velha, na Black Friday 2020. (Carlos Alberto Silva)

Mais de dois terços dos entrevistados (67,9%) pretendem gastar mais de R$ 1.000 no próximo dia 26. Desse total, 30% planejam investir mais de R$ 3.000 nesta Black Friday. Eletrodomésticos (41,3%) e tecnologia (29,5%) lideram o ranking das principais intenções de compra.

"O interesse pela compra de eletrodomésticos me surpreendeu", disse Santos. "Mas como o consumidor passou mais tempo em casa, por conta do home office, é natural que ele queira aproveitar a poupança que ainda tem para trocar aparelhos antigos", diz o executivo, que acredita que a próxima Black Friday deve faturar mais do que o Natal de 2020.

Quase metade dos consumidores (49%) respondeu que planeja gastar mais no evento deste ano do que no do ano passado. Ao mesmo tempo, 71% dos entrevistados afirmaram que pretendem comprar os presentes de Natal na Black Friday.

Santos chama a atenção para o planejamento da compra. "Fizemos o levantamento no final de outubro, ou seja, um mês antes do evento, e a maioria das pessoas [87%] já estava pesquisando preços", afirma. "Isso é positivo, porque indica uma compra mais pensada, e não por impulso, que é o que gera o endividamento".

Frete grátis ou barato (48,6%) e facilidade no pagamento (47,8%) estão entre os principais atrativos para o consumidor fazer uma compra online. Na sequência, estão valores acessíveis (resposta de 43%) e cashback (30,8%) - que é a possibilidade de ganhar créditos para uma próxima compra.

Essa disposição está sendo explorada pela Trigg. "Na Black Friday, vamos lançar uma promoção em que o cliente do cartão de crédito vai receber cashbacks de até R$ 2.000, por sorteio", diz Santos. Lançada em 2017, a fintech já oferece cashback de até 1,3% do valor das compras nas operações usuais do cartão.

De acordo com o levantamento, 97% dos entrevistados vão pagar as contas da Black Friday com cartão de crédito. Mas nem todos pretendem fazer compras online: 35% preferem adquirir os produtos direto nas lojas físicas.

FALTA DE RESPEITO ESPANTA CONSUMIDOR

A busca por uma boa pechincha não é determinante na internet, mesmo fora da Black Friday. Outra pesquisa realizada online pela MRM, agência de marketing digital do grupo McCann - desta vez com 1.000 consumidores de várias regiões do país, entre 12 e 18 de agosto -, apontou que 60% deixariam de comprar um produto com bom preço e qualidade se a empresa desrespeitasse os mais pobres.

A mesma atitude seria tomada se a empresa testasse o produto em animais (49% das respostas), não se preocupasse com o meio ambiente (48%) ou com a diversidade (47%).

"Por outro lado, entre os concorrentes que apresentem um produto similar em preço e qualidade, ganha a preferência do consumidor quem oferecer melhor experiência de compra, com um site de fácil navegação (resposta de 69%), ou for bem avaliado por outros consumidores (59%) ou apresentar uma boa reputação (55%)", disse à Folha Eduardo Soutello, diretor da MRM Commerce, unidade da MRM Brasil responsável pela pesquisa.

Curiosamente, preocupação com meio ambiente (21%) e causas sociais (14%) - questões tão em voga por conta dos critérios ESG (de governança ambiental, social e corporativa) adotados pelas empresas - são menos relevantes para motivar a decisão de compra. "Mas a falta de respeito a essas questões são determinantes para impedir a compra", destaca Soutello.

O executivo chama a atenção para o quanto os grandes marketplaces como Amazon, Mercado Livre e Magalu (50%) se tornaram importantes frente aos sites de busca (57%), como Google, na hora de pesquisar produtos. "Os marketplaces precisaram se calibrar para tornar a sua navegação agradável, ao mesmo tempo que tiveram que atrair mais sellers [vendedores] para aumentar sua oferta de produtos", afirma, destacando que sites de avaliação (44%), como o Reclame Aqui, também são muito consultados nas buscas online antes da compra.

Quanto aos meios de pagamento mais usados pelo internauta, o cartão de crédito continua liderando, com 59% de participação. "85% dos entrevistados também disseram gostar muito do modelo de cashback", diz Soutello. Mas, segundo a pesquisa, o boleto bancário resiste ao Pix, mesmo um ano depois do lançamento do meio de pagamento digital instantâneo. O tradicional boleto responde por 15% das vendas online, enquanto a fatia do Pix é de 11%.

Mais da metade dos consumidores (58%) disseram seguir alguma marca nas redes sociais, especialmente pelo interesse em promoções (61%). As cinco marcas mais citadas pelos entrevistados, de maneira espontânea, foram Lojas Americanas (21%), Magalu (19%), Nike (15%), Adidas (12%) e Amazon (9%).

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Existe um ponto em que as grandes empresas ainda precisam se esmerar na internet: os anúncios. Apenas 24% dos consumidores disseram que as propagandas que recebem são exatamente do seu interesse. Para 11%, elas nunca são relevantes e, para 61%, às vezes.

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