Administrador de Empresas (UERJ), pós-graduado em Engenharia Econômica (UERJ), certificado CFP® e Ancord. 21 anos de carreira no mercado financeiro, com passagens pelo atendimento Private, Alta Renda, Gestora de Recursos, Tesouraria e Educadoria Corporativa. Desde 2018, sócio da Pedra Azul Investimentos, escritório de assessoria de investimentos sediado em Vitória-ES.

Ainda compensa investir em Previdência Privada?

A falta de confiança em uma aposentadoria digna por meio do sistema público fez o brasileiro procurar alternativas. Mas é preciso entender como a Previdência Privada funciona para otimizar as vantagens.

Vitória
Publicado em 03/05/2022 às 10h37
Avalie formas complementares de construção de patrimônio
Aposentadoria: avalie formas complementares de construção de patrimônio. Crédito: Pexels

Nosso sistema de aposentadoria pública, cujo principal órgão é o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), já fez o brasileiro sonhar no passado com uma boa aposentadoria. Ao longo de décadas de funcionamento, o regime de repartição, onde os trabalhadores ativos contribuem para o pagamento do benefício aos aposentados, se mostrou instável, frágil, e muito suscetível às variações econômicas e mudanças de perfil da população.

À medida em que a expectativa de vida aumenta, a necessidade de mudanças nas regras de aposentadoria, aumentando prazos e diminuindo valores dos benefícios, frustrou os sonhos de milhões de pessoas, em uma dura realidade onde a conta parece nunca fechar.

De fato, construir a aposentadoria é um desafio. No sistema de capitalização, em que é baseada a Previdência Privada, a matemática se impõe. Para receber uma boa aposentadoria, é preciso contribuir mais e por mais tempo. Por isso, é importante ter disciplina nos aportes, mas também procurar otimizar os custos, a alocação e a tributação, porque o retorno financeiro sobre os recursos também será fundamental. Veja as dicas:

Veja quanto custa a sua previdência hoje

Um fundo com taxa de administração de 0,70% a.a. pode ser caro e outro com taxa de 2% a.a. pode ser barato, depende do que ele entrega em termos de resultado. Fundos mais conservadores, baseados em Renda Fixa, especialmente os pós-fixados, devem ser bem mais baratos em relação à taxa. Algumas instituições fazem escalonamento de taxas conforme o tamanho do saldo, e isso costuma penalizar os pequenos investidores. A saída é sair do senso comum, e buscar instituições que tenham preços mais competitivos.

Procure diversificar a gestão dos recursos

Há pouco tempo atrás, a Previdência Privada estava concentrada em grandes instituições, cada uma fazendo a gestão dos recursos dos seus clientes. Como a taxa de juros era mais alta e os juros reais brasileiros eram mais elevados, a dificuldade era menor para entregar resultado consistente.

Nos últimos tempos, as coisas andam muito mais difíceis. Entregar toda a sua previdência a uma única gestora não deixa de ser um risco. Ela pode tomar decisões ruins ou espetaculares, na média ou fora da curva, mas você acaba ficando exposto a um único sistema de decisão. Nos dias atuais, é possível diversificar entre gestores, aproveitando diferentes visões e diversificando ainda mais o seu portfólio.

Aposentados com mais de 80 anos podem ser transferidos de fundo de Previdência
Previdência: é importante ter disciplina nos aportes, mas também procurar otimizar os custos, a alocação e a tributação. Crédito: RawPixel

Reveja a sua alocação e avalie abrir mão da Renda Fixa 100%

O Brasil sempre foi o paraíso dos rentistas, e você já deve ter ouvido essa frase. Isso significa que até pouco tempo atrás, para conseguir um bom retorno, bastava colocar em qualquer fundo conservador e esperar para obter um ótimo retorno, sempre acima da inflação.

No entanto, a realidade mudou. Em 2021, por exemplo, onde chegamos a ter meta SELIC de 2% a.a., a inflação superou 10%. Isso significa juros reais bastante negativos, o que corrói o valor real do saldo em Previdência. Como a alocação em Previdência é voltada ao longo prazo, o que de certa forma dilui o risco da volatilidade, é preciso avaliar outras opções como títulos de inflação, que protegem no longo prazo o juro real contra o IPCA, e também posições em Renda Variável, sempre respeitando o perfil.

O fato é que os juros reais, mesmo com a subida da SELIC, continuam mais baixos do que a média histórica, e isso tende a continuar. A alocação mais conservadora, de renda fixa pós-fixada pública 100%, não é mais indicada para investimentos de longo prazo com visão de proteção de valor real.

Dê tempo ao tempo

A previdência tem regimes de tributação específicos. No regime Regressivo, as vantagens aparecem no longo prazo. Por isso, não invista em Previdência o recurso que você pode precisar a qualquer momento. Quanto mais tempo, menor a alíquota e maior o efeito do diferimento de imposto (previdência só tem cobrança de imposto de renda no resgate, o que retarda o pagamento).

Pense na sua sucessão

A Previdência Privada tem uma característica muito relevante, que é o pagamento do saldo aos beneficiários indicados em caso de falecimento do titular, praticamente sem burocracia e sem pagamento de honorários advocatícios e imposto de transmissão.

Avalie formas complementares de construção de patrimônio

Para quem deseja ter uma boa aposentadoria, Previdência é uma ótima alternativa, principalmente se for bem otimizada, mas existem outras, que podem complementar a construção de uma reserva financeira, inclusive com outras vantagens tributárias. A alocação em ações e fundos imobiliários produz dividendos isentos de imposto, e títulos de renda fixa também isentos de IR estão disponíveis pagando boas taxas.

A ideia é não colocar todos os ovos em uma única cesta. Não é incomum que as pessoas, até por conta de uma questão cultural, apostem sua vida na Previdência Privada, assim como no passado outros já fizeram com a Previdência Pública. Mas é possível compor essa construção de outras formas também muito eficientes.

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