Publicado em 30 de maio de 2023 às 13:48
O Espírito Santo caminha para se tornar referência nacional em inovação no país. Hoje, o maior ecossistema de startups do Brasil é Santa Catarina, que é do mesmo tamanho que o ES. Especialistas da área acreditam que se seguir a trilha de aceleração que tem traçado, o Estado capixaba tem tudo para ocupar essa primeira posição.>
E um dos responsáveis por isso é o Fundo Soberano (Funses), que foi criado pelo Governo do Estado com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável e servir de poupança intergeracional. O Funses conta com recursos financeiros provenientes da indústria do petróleo. >
É uma iniciativa inédita no Brasil e se diferencia por se tratar de um Fundo Soberano gerido por um Estado, algo que é inédito nas Américas. Outros Estados que também recebem royalties de petróleo, gás ou mineração já estão avaliando a possibilidade de criarem fundos soberanos, tamanho é o impacto positivo e a repercussão que este projeto vem trazendo.>
“O objetivo principal do Fundo Soberano é criar uma rota de diversificação da matriz econômica do Estado usando o dinheiro do petróleo e do gás, um recurso que é finito, para criar riqueza a longo prazo para o Espírito Santo. Isso não só tem acontecido, como temos atraído empresas de tecnologia de fora daqui que se integraram ao ecossistema local trazendo uma intensa troca de experiências e conhecimentos que enriquecem e fortalecem o cenário empresarial do Espírito Santo”, explica Felipe Marcondes de Mattos, diretor de Venture Capital da TM3 Capital.>
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A TM3 Capital é a empresa responsável por fazer a gestão do Fundo de Investimentos e Participações (FIP) do Funses1, que é coordenado pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes). Este fundo é um dos maiores da categoria no país, com aporte de R$ 250 milhões para acelerar e investir em empresas nos próximos 10 anos, passando por todos os estágios da jornada de desenvolvimento. >
Com um ano de operação do FIP, dezenas de empresas capixabas foram aceleradas e investidas, causando um impacto direto no fomento das companhias locais de tecnologia.>
Uma dessas startups é a Converta, que faz a conversão de sites em aplicativos. CEO e fundador, Alexandre Moreira conta que entre o começo e o final da aceleração, no ano passado – o programa tem duração de três meses e a startup é acompanhada por cinco anos –, a empresa aumentou em 12 vezes o tamanho.>
A Converta é capixaba, tem sede em Vila Velha e tem uma equipe de oito pessoas, entre prestadores e colaboradores. No momento, está com vaga aberta para contratação. “Este ano estamos tendo um crescimento médio de 20%”, informou Alexandre, que classifica a experiência no processo de aceleração do FIP como “incrível”. >
“Tenho certeza que foi uma das melhores experiências que eu já tive nesse sentido. Eu sou um defensor de carteirinha desse programa. O FIP é excelente para o Estado. A gente sabe que o sistema de inovação do Espírito Santo tem tudo para ser um dos maiores do Brasil.”>
A empresa, que tem apenas um ano, tem clientes em sete países. “É uma empresa do Espírito Santo que está atendendo um mercado internacional. Com o tempo, a gente passa a ter um valor de mercado que chama atenção das grandes como Google e Locaweb”, afirma o CEO. >
Outra empresa capixaba que está colhendo resultados positivos após passar pela aceleração e receber investimentos do FIP Funses 1 é a Actiz, uma startup que produz software para gestão de laboratório para controle de qualidade.>
A empresa participou da primeira turma de aceleração, em junho do ano passado. “A Actiz nasceu em 2017 e a gente nem se posicionava como startup. A gente era uma empresa de dois sócios. Fomos ao Bandes buscar capital de giro em 2022, e eles nos apresentaram o programa do Funses”, conta o CEO da empresa, Ramon Spinassé. >
De acordo com ele, a aceleração transformou completamente a história da Actiz. “Muda a forma da empresa se comportar da porta pra dentro e da porta pra fora. Pra dentro a gente fala em gestão, em tratamento com o colaborador, a gente fala em cultura, valores e, da porta pra fora, é como a gente oferece o nosso produto, como abordar o mercado.” >
Segundo Ramon, o aporte financeiro foi interessante, mas a aceleração “foi extremamente mais importante. Ela mudou a nossa história”. >
Ramon disse ainda que antes de passar pelo processo, a Actiz era avaliada em R$ 6 milhões, depois da aceleração, está em R$ 15 milhões, em menos de um ano. >
A empresa saiu de oito colaboradores, antes da aceleração, para 18 e está em ascensão. De acordo com Ramon, o escritório hoje tem porte para 30 funcionários e a Actiz já conta com grandes empresas entre os clientes, tanto do Espírito Santo, como de outros estados e de outros países.>
Quem passou recentemente pelo programa de aceleração do FIP Funses 1 e segue uma trajetória de sucesso é a Switch, uma startup capixaba que produz um aplicativo que conecta prestadores de serviços a empresas que precisam contratar no ramo de alimentação. >
“Foi muito aprendizado. No dia a dia a gente não consegue analisar os processos dentro da empresa e a aceleração possibilitou isso. Foi uma experiência de aprender sobre a gestão do nosso negócio, detalhar estratégias e os próximos passos. Foi muito bom passar por esse processo”, comenta Robson Vesper, CEO e fundador da Switch.>
Ele conta que, após passar pela aceleração, a startup teve crescimento no número de oportunidades para os profissionais. “Conseguimos aumentar bastante as vagas disponibilizadas para esses profissionais. Através do app, os profissionais, de maneira 100% gratuita, conseguem ter acesso a essas oportunidades, se candidatar. Ajudamos mais de 5 mil pessoas na região Sudeste e a nossa meta é chegar a 100 mil famílias”, destaca o CEO.>
Já a Fisarmonica, uma startup que oferece uma escola de música on-line, passou pelo processo de aceleração no final do ano passado.>
“No processo de aceleração a gente trabalhou muito a questão da organização da empresa, buscando elevar o nível de maturidade. Quando a gente negociou com o Funses já era uma empresa que gerava caixa e o investimento veio a somar no crescimento e serviu para estruturar os pilares de alavancagem do negócio”, explica Rodolfo Vidal, CEO da Fisarmonica.>
Ele conta que do final do ano passado para o primeiro trimestre deste ano a startup dobrou o número de vendas mensais e agora inicia um plano ainda mais agressivo de crescimento. >
A empresa capixaba atua nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia e Rio Grande do Sul. RS é o seu maior mercado consumidor. >
Dentro da equipe são 15 funcionários e a expectativa é dobrar o time até o final do ano, além de empresas terceirizadas que ajudam nesta jornada.>
“Além de trazer mais maturidade para as empresas locais, o FIP Funses atrai empresas de fora e, com certeza, ao longo do tempo vamos perceber o crescimento do ecossistema de tecnologia e inovação no nosso Estado”, finaliza Rodolfo. >
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