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Líder do governo chama Pazolini de "criancinha mimada"

Não é de hoje que os dois vêm se estranhando em plenário, mas dessa vez elevaram o nível do conflito para outro patamar

Publicado em 25/11/2019 às 18h22
Enivaldo dos Anjos é líder do governo Casagrande na Assembleia Legislativa. Crédito: Reinado Carvalho/Ales
Enivaldo dos Anjos é líder do governo Casagrande na Assembleia Legislativa. Crédito: Reinado Carvalho/Ales

Os deputados Enivaldo dos Anjos (PSD) e Lorenzo Pazolini (sem partido) protagonizaram um quebra-pau durante as discussões sobre a reforma da Previdência estadual, no início da primeira sessão plenária, na tarde desta segunda-feira (25). Enivaldo é o líder do governo Casagrande (PSB) na Assembleia Legislativa, enquanto Pazolini não faz parte da base do governador e tem votado regularmente contra os projetos enviados pelo Executivo. No ápice da discussão, Enivaldo, que tem quase 70 anos, chegou a chamar Pazolini, 37 anos, de "menino" e “criancinha mimada”.

Não é de hoje que os dois vêm se estranhando em plenário, mas dessa vez elevaram o nível do conflito para outro patamar.

Autor de várias emendas aos dois projetos do governo que alteram as regras para pagamento de aposentadorias a servidores estaduais, Pazolini usou a tribuna, logo no início dos trabalhos, para reclamar da falta de debate para a aprovação das matérias. Os projetos foram enviados por Casagrande no último dia 13.

Um deles é uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC). Uma PEC não pode tramitar em regime de urgência, mas o governo tem pressa na aprovação. Em acordo com o presidente da Assembleia, Erick Musso (Republicanos), o governo encontrou uma solução: desde a semana passada, para acelerar os prazos regimentais de tramitação, o presidente da Casa tem convocado várias sessões plenárias além do usual. Na última quarta-feira (20), foram três no mesmo dia.

Para Pazolini, conforme discursou o deputado da tribuna da Assembleia, a operação do governo revela um “déficit democrático”, um “ambiente refratário ao debate” e uma “transparência opaca”.

“O que nós queremos é debater de maneira salutar. É trazer um pouquinho de racionalidade para que esta Casa possa ser ouvida e para que os servidores também possam ser ouvidos. A quem interessa a discussão de maneira açodada? A quem interessa calar o Parlamento? A quem interessa suprimir o debate?”

Sem a presença de representantes do governo, Pazolini realizou uma reunião para tratar do tema da Previdência nesta segunda-feira (25), às 9 horas.

Enivaldo rebateu com virulência. Para contestar a “falta de debate”, afirmou, em plenário, que o próprio Pazolini participou de uma reunião em que o governo explicou os projetos aos deputados:

“Mentira tem perna curta. Não sei se ele vai às reuniões espiritamente ou de corpo presente. Mas esse deputado só se contenta se for atendido tudo o que ele quer. Ele autoconvocou uma reunião, hoje, às 9 horas, sendo que não é nem presidente de comissão. Tentou colocar que o governo não compareceu, quando na verdade ele não tinha direito nem de participar dessa reunião. A manifestação desse deputado é sempre para se desfazer dos colegas e mostrar que é o melhor, o mais sabido. É um meninozinho sabido, no entender dele. Está com muita empáfia e muita audácia. Está muito topetudo e muito metido a ensinar as coisas. Não vem tentando passar por cima de todo mundo que você não vai chegar a lugar nenhum.”

O líder do governo subiu ainda mais o tom. Chamando o adversário de “menino”, dirigiu-se diretamente a Pazolini:

“Mentiras que foram ditas aqui são dignas de uma criancinha mimada que se acha o sabidão. Então, menino, você aprenda a tratar as pessoas. Porque aqui não é delegacia, onde você se esconde atrás dos policiais, pratica arbitrariedades e expõe vítimas para aparecer na mídia. Você gosta de aparecer. Quem quer aparecer demais mostra o que não deve.”

No dia 13 de novembro, o governador promoveu uma reunião em seu gabinete, seguida de um almoço oferecido aos deputados no Palácio Anchieta, com o objetivo de explicar o teor do pacote da reforma da Previdência estadual. Pazolini foi um dos sete deputados que não compareceu.

EMENDAS DERRUBADAS

Uma das emendas do deputado, derrubada em plenário nesta segunda-feira, previa uma regra de transição para a mudança nas regras de pagamento das aposentadorias.

A pedido do próprio Pazolini, Erick Musso colocou todas as emendas dele em destaque. Assim, as emendas de Pazolini puderam ser votadas em bloco, separadamente das demais. Enivaldo orientou os deputados da base a votar contra as emendas do delegado. Já Pazolini encaminhou “voto sim”, em nome dos “deputados independentes”.

Com só nove votos favoráveis, as emendas de Pazolini foram derrubadas em bloco.

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