Advogada, coordenadora de Projetos CADH, mestre em Direitos e Garantias Fundamentais (FDV) e especialista em Direitos Humanos e Segurança Pública

Campanha da Fraternidade 2024: como atender ao chamado da verdadeira amizade

É preciso coragem para abordar um assunto tão importante e determinante para uma vivência em sociedade com menos sofrimento; e se conscientizar de que esse processo de ‘cainização’ ainda está longe de acabar

Publicado em 05/02/2024 às 13h00

Há 60 anos a Campanha da Fraternidade dá o tom social e político na Igreja Particular do Brasil. Por meio de uma iniciativa de Dom Eugênio de Araújo Sales, a campanha nasceu em terras nordestinas, como expressão da caridade e da solidariedade a favor da dignidade humana.

Lançada durante o período quaresmal, logo após o carnaval, a campanha é uma é expressão de comunhão, conversão e partilha. Tendo como objetivo despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular, os cristãos na busca do bem comum; educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor, exigência central do Evangelho e renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na evangelização, na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária. Em alguns anos, a CF foi trabalhada de forma ecumênica, com a parceria de outras igrejas cristãs, em um exercício importante de conviver na diferença em prol de um bem comum.

Os temas das Campanhas da Fraternidade sempre dialogam com as dores do povo sofrido de Deus. Sempre se aproximam de assuntos espinhosos que afligem a sociedade. Prima por trazer para o povo as pistas para a construção de uma sociedade melhor de se viver para todas as pessoas, e não somente algumas.

A polarização e rompimentos de amizade e familiares ocorridos no Brasil nos últimos anos levou a Igreja Particular a trabalhar o tema da Fraternidade e Amizade Social, inspirado em um dos documentos contemporâneos da Igreja mais desafiadores para a humanidade, a "Frattelli Tutti", na perspectiva diferente de fraternidade francesa que muito fora distorcida no mundo moderno, e que de certa forma nos direcionou para o lugar  em que estamos, quando nos deparamos com a sociedade do individualismo e nos negamos à coletividade diversa.

É preciso coragem para abordar um assunto tão importante e determinante para uma vivência em sociedade com menos sofrimento; e se conscientizar de que esse processo de ‘cainização’ ainda está longe de acabar, e não findará sem que façamos a nossa parte.

Superar sentimentos de autoafirmação, atender ao chamado à verdadeira amizade, incentivar o perdão e viver em paz são os maiores desafios do mundo atual, com as premissas do aprendizado das tecnologias do afeto e do bem viver.

Dia da Amizade
Dia da Amizade . Crédito: Reprodução/Pexels

A amizade social tem como pano de fundo a fraternidade, esse respeito, essa convivência harmônica na diferença, essa confiança que nós temos nas pessoas, esse espaço onde podemos dialogar, onde podemos dizer o que sentimos, podemos partilhar as nossas aflições. A amizade, ela acolhe, a amizade, ela reconcilia, a amizade sempre de novo fortalece, encaminha a vida, como bem nos exorta o texto base da CF 2024.

Mesmo aqueles que não professam a fé cristã podem adotar as premissas para a tecnologia do afeto e do bem viver, pois ao final todos ganham, se tivermos uma sociedade mais leve, mesmo com as dificuldades e diferenças que são normais na vida.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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