A jornalista Renata Rasseli cobre os eventos sociais, culturais e empresariais mais importantes do Estado. Sua marca é aliar notícias a tendências de moda, luxo, turismo e estilo de vida.

"A mulher do século XXI é menos feliz", diz estudiosa da felicidade

Na véspera do Dia Internacional da Mulher, a especialista em felicidade Flávia da Veiga fala sobre os desafios da mulher contemporânea

Publicado em 07/03/2020 às 05h00
Atualizado em 07/03/2020 às 05h01
Flavia da Veiga. Crédito: Reprodução/Instagram/@fladaveiga
Flavia da Veiga. Crédito: Reprodução/Instagram/@fladaveiga

Flavia Rodriguez da Veiga (44) é mais que uma publicitária premiada e uma estudiosa da ciência da felicidade. Flavia é uma mulher forte. Na véspera do Dia Internacional da Mulher, elafala sobre os desafios da mulher contemporânea e afirma:  "Estamos menos felizes que nossas antepassadas".   Depois de passar por momentos delicados, ela abriu mão da carreira de publicitária de sucesso para se  dedicar  a "construir um mundo melhor e mais feliz". Em meio a palestras, incluindo para o TEDx, práticas de ioga e o budismo, Flavia dedica-se muito ao filho Caio (25), que  foi  baleado em 2019, e faz tratamento para  voltar a andar. Tudo isso sem perder o otimismo e a leveza.  "Não devemos esperar a vida perfeita para ser feliz".

Fale da mudança de carreira, de publicitária a expert em felicidade.

 Eu era o esteriotipo perfeito de mulher feliz: bem-sucedida, viajada, casada, filhos saudáveis, publicitária premiada, eu tinha tudo o que eu queria. Mas tinha um pequeno detalhe, quase imperceptível: eu não era feliz. Como publicitária eu sempre quis mudar o mundo. Tentei de todas as formas colocar esse plano em prática. Só faltou um detalhe: começar a mudança por mim mesma. Aprendi a lição no meio da dor. Um trauma me fez repensar toda a minha vida. Naquele momento eu pude enxergar o quanto eu estava infeliz e a urgência de resolver isso. E foi essa urgência de ser feliz diante da fragilidade da vida que me fez estudar sobre a ciência felicidade. E quando comecei a descobrir o que realmente era, eu não quis mais parar, fiz cursos, participei de eventos no mundo inteiro, conversei com os maiores especialistas. Pratiquei durante alguns anos e comecei a compartilhar meu conhecimento com algumas pessoas. E comecei a perceber que meu conhecimento realmente fazia a diferença. Mas o meu grande desafio ainda estava por vir. No dia 30 de março de 2019, meu filho foi baleado e ficaria paralisado da cintura para baixo e as chances de voltar a andar ainda são incertas. Contrariando o que seria natural para muitas pessoas, não senti revolta ou raiva. Eu vivi o momento mais difícil da minha vida com profunda tristeza sim, mas ao mesmo tempo com serenidade, Eu precisei aceitar o que aconteceu. Acolher a dor. E mesmo com todos os sentimentos misturados de tristeza, alegria e gratidão por meu filho estar vivo, esperança que um dia ele voltará a andar, compreendi todas as coisas como um milagre. Infelizmente não controlamos o tempo, a injustiça, a maldade, a dor, a perda. Mas podemos controlar a forma como pensamos e nos sentimos diante dos fatos. E é nesse controle que está todo o nosso poder. E foi exatamente o que aconteceu comigo. Eu não pude controlar a violência contra o meu filho. Mas eu pude controlar a forma como eu reagi. Ao praticar a gratidão por exemplo, eu puder enxergar tudo como um milagre. Depois de tudo que aconteceu comigo adotei como missão compartilhar o que aprendi sobre felicidade e quero alcançar cada vez mais pessoas para dizer que podemos praticar a felicidade e mudar nossa forma de ver e sentir a vida. E acho que a minha maior contribuição é mostrar, através da minha experiência, que não devemos esperar uma vida perfeita para ser feliz. Essa vida não existe. E se a tristeza chegar, acolha. Como humanos estamos expostos a todos os tipos de emoções. A grande diferença não é o sentimento em si, mas o que você faz com ele. Se não fosse por uma situação triste eu não chegaria até aqui, mas eu escolhi transformar a tristeza em algo positivo e construtivo. E construi uma startup de felicidade, chamada BeHappier, para ajudar pessoas a serem mais felizes.

A mulher do século XXI está mais ou menos feliz que as nossas antepassadas?

Menos feliz. Não só as mulheres, mas os brasileiros em geral. No Ranking mundial estamos em 32º lugar, uma grande queda. Os motivos são diversos, como a questão da desigualdade, a instabilidade política, e liquidez dos nossos tempos, ao desconhecimento do que realmente é ser feliz. Já para nós mulheres, as redes sociais e as pressões sociais e a busca pela perfeição dificultam bastante a nossa felicidade.

Qual a importância de termos uma data para marcar o Dia Internacional da Mulher?

Lembrar que não queremos ser iguais, e sim as mesmas oportunidades.

O que você vê de mudança no mercado de trabalho para as mulheres? Avançamos, mas o que ainda falta?

Avançamos, mas ainda falta muito. Alcançar a equidade de gênero poderia gerar um impacto de US$ 1,1 trilhão no PIB da América Latina entre 2015 e 2025, conforme um estudo do McKinsey Global Institute. Ou seja, não estamos falando de equidade só por ser bonitinho e politicamente correto, mas por ser uma questão econômica.

Como foi participar do TEDx?

Sempre fui uma apaixonada pelo TED com seu formato e conteúdo inovadores. E foi no TED que tive meu primeiro contato com o tema Felicidade com a palestra do Shawn Achor. Daquele dia em diante minha vida mudaria para sempre, ao estudar e praticar a ciência da felicidade. E agora, depois de três anos de muitos desafios, o que parecia um sonho distante virou uma realidade (e uma imensa responsabilidade): ser uma palestrante no TEDx (vídeo abaixo). O que começou como um vídeo se tornou a missão da minha vida: compartilhar um pouco da minha história e meu aprendizado para, quem sabe, ajudar as pessoas a serem um pouco mais felizes. Se a felicidade me salvou, essa foi uma das formas de retribuir. 

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