Crítico de cinema e apaixonado por cultura pop, Rafael Braz é Jornalista de A Gazeta desde 2008. Além disso é colunista de cultura, comentarista da Rádio CBN Vitória e comanda semanalmente o quadro Em Cartaz

"Rua do Medo: 1978": parte 2 da trilogia é bom terror 'slasher'

"Rua do Medo: 1978 - Parte 2" dá continuidade ao universo de terror da Netflix agora homenageando filmes como "Halloween" e "Sexta-feira 13"

Vitória
Publicado em 07/07/2021 às 13h00
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Filme "Rua do Medo: 1978", da Netflix. Crédito: Netflix/Divulgação

“Rua do Medo: 1978”, segunda parte da trilogia de filmes de terror inspirados na obra de R. L. Kline, que chega à Netflix sexta-feira (9), tem uma obrigação complicada. O longa comandado por Leigh Janiak tem que se conectar com o primeiro e expandir o universo da maldição de Sarah Fier, mas não pode correr o risco de se repetir.

A fórmula encontrada pela diretora foi levar seu novo filme para outra época e outro ambiente. Saem de cena os anos 1990, seus shoppings e jovens desesperançosos, para dar espaço ao final dos anos 1970 e os tradicionais acampamentos de verão americanos, uma espécie de colônias de férias com hormônios à flor da pele.

O período entre 1978 e 1984, com o lançamento de filmes como “Halloween” (1978) e “Sexta-feira 13” (1980), é considerado a Era de Ouro dos filmes de terror “slasher”, uma época em que a ideia era levar o medo às instituições americanas. Os filmes tinham uma forte carga moral - drogas e sexo normalmente levavam à morte; só uma pessoa pura pode se salvar do mal que nunca morre. É nesse universo que Janiak ambiente seu segundo “Rua do Medo”.

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Filme "Rua do Medo: 1978", da Netflix. Crédito: Netflix/Divulgação

Antes de ir a 1978, porém, a trama tem início ainda em 1994, com o desenrolar dos acontecimentos do filme anterior. Deena (Kiana Madeira) e Josh (Benjamin Flores Jr.) finalmente encontram C. Berman (Gillian Jacobs), a sobrevivente do massacre do acampamento de verão Nightwing, 16 anos antes. É a história dela que será contada a partir de agora.

Já no ano presente no título do filme, conhecemos Ziggy Berman (Sadie Sink), uma jovem rebelde de Shadyville perseguida por “colegas” de Sunnyvale por estar supostamente possuída pela bruxa Sarah Fier. O comportamento de Ziggy contrasta com o de sua irmã, Cindy (Emily Rudd), a menina modelo, que não xinga, tem comportamento sempre exemplar e um namorado perfeito, Tommy (McCabe Slye). Não demora para que uma competição entre as duas cidades logo se torne uma grande chacina promovida por uma pessoa com um machado - um dos “assassinos” do filme anterior.

Além do assassino, “Rua do Medo: 1978” traz de volta alguns personagens do primeiro filme para se aprofundar na história deles. Aprendemos um pouco mais sobre Mary (Jordana Spiro) e Nick (agora interpretado por Ted Sutherland) e também sobre Ruby Lane (Jordyn DiNatale), outra das capangas da bruxa.

Leigh Janiak nem sequer era nascida na época do lançamento do primeiro “Sexta-feira 13”, mas não faz feio ao emular o estilo do filme de 1980 em “Rua do Medo: 1978”. A diretora opta por uma imagem granulada e por algumas sequências que acompanham de perto o assassino enquanto ele caminha para encontrar sua próxima vítima; a opção por cobrir seu rosto com um saco é mais uma referência aos psicopatas que cobriam as faces nos clássicos do gênero. A trilha sonora mistura o estilo neoclássico dos slashers originais a músicas pop da época que quebram um pouco a tensão.

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Filme "Rua do Medo: 1978", da Netflix. Crédito: Netflix/Divulgação

O ponto fraco do filme é justamente não cumprir uma de suas obrigações: não repetir seu antecessor. A ambientação é diferente, o estilo de terror homenageado também, mas “Rua do Medo: 1978” tem estrutura muito parecida com a de “1994”, lançado há apenas uma semana. O texto repete erros e acertos de seu antecessor, acertando no clima de que ninguém está salvo, mas derrapando no didatismo. Há também arcos que precisam ser mais bem explicados e nada indica que o terceiro filme, que se passa no longínquo ano de 1666 o fará.

Ainda assim, “Rua do Medo: 1978” funciona ao homenagear o slasher do assassino sem rosto no acampamento de verão sem se preocupar tanto com suas regras. O filme do meio da trilogia é divertido, sexy e violento e gore como os slashers, mas demonstra se importar mais com seus personagens e até tenta garantir a eles um pouco de profundidade e dignidade antes de terem suas cabeças cortadas.

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