Crítico de cinema e colunista de cultura de A Gazeta

"Bill & Ted: Encare a Música" é uma divertida bobeira nostálgica

Em cartaz nos cinemas, "Bill & Ted: Encare a Música" encerra a trilogia estrelada por Keanu Reeves e Alex Winter quase 30 anos depois do segundo filme

Vitória
Publicado em 06/11/2020 às 12h00
Atualizado em 06/11/2020 às 12h00
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Filme "Bill & Ted: Encare a Música". Crédito: Imagem Filmes/Divulgação

São quase 30 anos desde “Bill & Ted: Dois Loucos no Tempo” (1991), filme que dava sequência ao ótimo “Bill & Ted: Uma Aventura Fantástica” (1989), mas Bill Preston (Alex Winter) e Ted “Theodore” Logan (Keanu Reeves) ainda não conseguiram unir o mundo pelo poder da música da banda Wyld Stallyns. Nesse tempo, porém, eles se casaram com suas respectivas princesas e tiveram filhas. A vida seguiu também para Bill e Ted, que viram seus dias de sucesso ficarem para trás e tiveram que se adaptar (mais ou menos) às demandas da vida adulta.

Em “Bill & Ted: Encare a Música”, em cartaz nos cinemas, a dupla deixa o rock um pouco de lado e continua experimentando com novas sonoridades. As filhas, Thea (Samara Weaving) e Billie (Brigette Lundy-Paine), são as maiores e únicas fãs restantes do Wyld Stallyns, que já viveu dias melhores após o sucesso do final do segundo filme, assim como os relacionamentos de Bill e Ted. Talvez seja hora de deixar o passado de aventuras, rock’n’roll e viagem no tempo no passado… Isso, claro, até o futuro precisar deles novamente.

Kelly (Kristen Schaal), filha do finado Rufus, interpretado pelo saudoso George Carlin nos dois primeiros filmes, volta no tempo com uma mensagem: Bill e Ted têm 77 minutos antes de apresentar a música que vai salvar a humanidade. O problema é que eles não fazem ideia de que música é essa e resolvem viajar ao futuro para roubar a música deles mesmos, pois em algum momento a terão composto, é o que diz a profecia.

“Bill & Ted: Encare a Música” traz de volta o frescor e a energia dos primeiros filmes, mas respeita a nova era de seus protagonistas. O comportamento de Bill e Ted, agora com uns 50 anos, é ainda mais ridículo e, por que não, adorável. Ao mesmo tempo que carregam uma ingenuidade genuína, eles têm ciência de que precisam ser exemplos para as filhas e que precisam crescer para não estragar seus casamentos.

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Filme "Bill & Ted: Encare a Música". Crédito: Imagem Filmes/Divulgação

Grande parte da graça do filme vem da impecável química entre Keanu Reeves e Alex Winter, que não tinha um papel em um filme desde “Freaklândia: O Parque dos Horrores” (1993), há mais de 20 anos - Winter, vale ressaltar, se tornou um documentarista renomado. A relação entre Preston e Logan carrega o filme e enche a memória do espectador de nostalgia mesmo que o filme opte por não se sustentar somente neste aspecto.

Os encontros deles com suas versões em diferentes pontos do tempo são ótimos e abrem espaço até para uma excelente participação especial, mas o roteiro surpreende e dá protagonismo para Thea e Billie, cada uma delas, claro, nomeada em homenagem ao melhor amigo do pai. Samara Weaving e Bridgette Lundy-Payne aproveitam a oportunidade não apenas emulando a química entre Reeves e Winter, mas conferindo ao filme um ar mais contemporâneo tanto musicalmente quanto socialmente - os tempos, afinal, são outros.

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Filme "Bill & Ted: Encare a Música". Crédito: Imagem Filmes/Divulgação

É importante ressaltar que, deixando de lado a nostalgia e a memória afetiva, os dois primeiros filmes não são obras-primas, mas sim dois filmes razoáveis, com ótimos momentos, mas que marcaram uma geração misturando humor, "Doctor Who" e rock'n'roll; o filme que encerra a trilogia segue o mesmo caminho.

O novo “Bill & Ted” é uma grande homenagem não somente à música, mas ao sonho da música, de fazer algo relevante. O filme dirigido por Dean Parisot é obviamente muito bobo e não vai funcionar para muita gente, e isso é totalmente compreensível. Ainda assim, “Bill & Ted: Encare a Música” é um filme positivo, alegre até mesmo quando seus personagens vão ao inferno, um filme que se assume puro entretenimento e entrega justamente isso. Bill e Ted não vão salvar a humanidade, mas podem muito bem colocar um sorriso no rosto do público - como os protagonistas dizem “sejam excelentes uns com os outros”.

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Cinema Rafael Braz

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