Crítico de cinema e colunista de cultura de A Gazeta

"Bad Trip", da Netflix, é uma grande e divertida pegadinha

"Bad Trip", comédia lançada pela Netflix, é toda construída com esquetes de pegadinhas que colocam os figurantes como parte fundamental do filme

Vitória
Publicado em 29/03/2021 às 17h36
Atualizado em 29/03/2021 às 17h36
Filme
Filme "Bad Trip", da Netflix. Crédito: Netflix/Divulgação

Como você reagiria sendo protagonista de uma pegadinha? Algo bobo como, por exemplo, um aspirador de pó sugar a roupa do sujeito aspirando seu carro, deixando-o nu? Por mais absurdo que pareça, a reação é imprevisível e é provável que nunca saibamos como seria a nossa reação diante de uma situação dessas. Esse definitivamente não é o caso, porém, para todos os figurantes de “Bad Trip”, comédia lançada pela Netflix na última semana.

Estrelado e escrito pelo comediante Eric Andre e dirigido por Kitao Sukari, parceiro de Andre em sua série de TV, “Bad Trip” é um filme peculiar, com uma jornada bem definida, com início, meio e fim, mas todo construído com esquetes de pegadinhas. Na trama, Chris (Eric Andre) e seu melhor amigo, Bud (Lil Rel Howery), largam seus empregos sofridos, pegam o carro de Trina (Tiffany Haddish), irmã de Bud que atualmente cumpre pena, e partem em uma jornada cruzando a Costa Leste dos EUA, da Flórida a Nova York, para reencontrar o amor juvenil de Chris, Maria (Michaela Conlin). O problema é que Trina foge, não encontra seu estimado carro e inicia uma busca furiosa pelos dois.

“Bad Trip” é construído como um road movie, com a dupla se conhecendo e se desentendendo a cada novo passo da viagem. A diferença é que eles envolvem não-atores em suas confusões. As pegadinhas aqui, vale ressaltar, nunca humilham os participantes, apenas os colocam como figurantes nas inusitadas e às vezes constrangedoras situações do roteiro - as reações são ótimas e muito naturais, com todos parecendo se divertir bastante ao final.

Há cenas curiosas, como a de um soldado recrutando para o exército americano, cuja reação acaba sendo incorporada à narrativa e parece fazer todo o sentido para o filme. Apesar disso, a maior parte das esquetes funciona apenas para fazer o espectador rir e se imaginar dentro daquelas situações.

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Filme "Bad Trip", da Netflix. Crédito: Netflix/Divulgação

É interessante perceber como o roteiro depende de algumas respostas dos participantes para se movimentar Em uma cena, por exemplo, após conversar com um senhor num banco de praça, Chris começa um número musical, com direito a dançarinos e tudo, em um shopping cheio. Claro que as pessoas percebem que aquilo é combinado, mas não sabem como agir diante do que veem.

“Bad Trip” funciona por não serem as cenas exageradas e pelos atores não serem tão conhecidos do grande público. Apesar da semelhança, não é um filme como os dois “Borat”, por exemplo, que ridicularizam os participantes com o intuito de extrair o pior deles em um retrato da sociedade americana. O filme de Kitao Sakurai é leve, divertido e com o qual é fácil se identificar ou se colocar no lugar daquelas pessoas. Os atores abraçam o ridículo e a improbabilidade daquela

É claro que a escolha pelo formato prejudica um pouco a narrativa, aproximando mais o filme dos bons momentos “Jackass” do que de uma obra como “Débi & Loide”, por exemplo. “Bad Trip” é um apanhado de esquetes com um fio narrativo entre elas. Ao final, a história pouco importa e serve apenas como justificativa para todas as situações que vemos em tela. Vale assistir aos créditos para ver como as pessoas reagiram à revelação de que estavam sendo filmadas e, ainda, para perceber como o filme foi realizado - foram várias pegadinhas, com pessoas diferentes, e as melhores foram selecionadas para o filme. O resultado é ótimo, uma comédia leve e ridiculamente divertida.

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