Jornalista de A Gazeta há 10 anos, está à frente da editoria de Esportes desde 2016. Como colunista, traz os bastidores e as análises dos principais acontecimentos esportivos no Espírito Santo e no Brasil

O que vi do Catar durante a Copa do Mundo

Um país maquiado para o Mundial, em que 85% da população é composta por imigrantes e que viu o "clima de Copa do Mundo" ser  posto em prática pelos turistas

Cenas do mercado Souq Waqif em Doha, no Catar
Cenas do mercado Souq Waqif em Doha, no Catar. Crédito: Vitor Jubini

Início da madrugada de terça-feira (20) aqui em Doha, dia de voltar para casa. Separando as roupas sujas das limpas, guardando as lembrancinhas, escolhendo a roupa da longa viagem de 14h para São Paulo e para o chá de aeroporto de 13h em Guarulhos até finalmente embarcarmos para Vitória, se assim a greve dos funcionários dos aeroportos nos permitir.

Mas na cabeça passa um filme de tudo que eu e Vitor Jubini vivemos por aqui. Foram 32 dias de intenso trabalho. Uma cobertura dividida entre o futebol na Copa do Mundo e curiosidades do país do Oriente Médio. Textos no site, entradas nas rádios de A Gazeta, lives nas redes sociais e inserções na TV Gazeta. Ufa! Deu trabalho, mas foi bom demais vivenciar uma cultura completamente diferente da nossa.

Com a cabeça mais tranquila após esse turbilhão de emoções é mais fácil falar do país que abriu suas portas para a Copa do Mundo. E com 10 minutos de bola rolando no Mundial deu para perceber que futebol não é o forte dos cataris, não à toa são os donos da pior campanha da competição. O único objetivo da Copa por aqui foi abrir as portas do mundo árabe e sua cultura para o planeta. Tentar desconstruir uma imagem de intolerância ao diferente e mostrar a todos os povos que é possível confraternizar e ser feliz no Oriente Médio.

O Catar tem sua população estipulada em quase três milhões de habitantes, sendo que 85% são imigrantes em sua maioria de Bangladesh, Índia, Paquistão, Nepal e entre outros países da Ásia e da África. Ou seja, um país onde os locais são muito reclusos, quase não são vistos. para encontrá-los você tem que estar em áreas nobres. Enquanto isso, os imigrantes movem o país com sua força braçal nos subempregos. A exceção são aqueles que vem contratados pelas grandes empresas que estão chegando ao mundo árabe.

Mulheres no Catar

Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar. Vitor Jubini
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar
Mulheres no Catar
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Mulheres no Catar

A Copa do Mundo passou pelo Catar, e o clima de festa ficou por conta dos turistas do mundo inteiro e dos imigrantes que vivem no país que são apaixonados por futebol, principalmente por Brasil e Argentina, por conta de grandes estrelas do futebol como Messi e Neymar, e pelo histórico de serem os dois países colonizados que conseguem bater de frente com seus colonizadores no gramado. Realidade até então distante de seleções africanas e asiáticas, que foi quebrada pelo Marrocos, grande sensação do torneio e que contou com torcida fervorosa na arquibancada.

No mais, turistas, em sua maioria muito ricos e divertiram no Catar. O Soaq Waqif, principal mercado e centro cultural de Doha, foi sinônimo de festa. Um verdadeiro ponto de encontro de torcedores do mundo inteiro, que confraternizaram no local . Foi a verdadeira beleza da Copa, o futebol e a alegria que ele leva em sua essência. Tudo protagonizado por quem já vive o esporte em seu país, inclusive os 40 mil argentinos que desembarcaram por aqui e viram sua seleção conquistar a taça. Um show à parte na Copa.

Mas quem se divertiu, ou tem muito dinheiro, ou teve que se preparar muito financeiramente para a viagem. O Catar é um país caro. Hospedagem, alimentação, diversão, bebida alcoólica e demais atrações não estão a preços acessíveis. Há opções baratas? Para algumas coisas, sim, mas está longe de ser a regra. Brasileiros gastaram entre 20 mil e 100 mil reais para curtirem a Copa, entre os que viram pouco e os que ficaram durante todo o torneio.

Longe do glamour e da euforia dos oito estádios que receberam os 64 jogos da Copa, o país tem uma série de problemas. Abuso e mortes dos trabalhadores que atuaram nas obras das arenas, desrespeito e intolerância com pessoas LGBTQIA+, tratamento inadequado com mulheres estrangeiras. Durante a Copa vimos vários relatos de mulheres que foram seguidas ou filmadas, e até abordadas de forma invasiva.

A impressão é que o Catar foi maquiado e que a Copa do Mundo afrouxou o rigor. Assim, os turistas puderam curtir o momento. Mas se tem algo muito positivo a se destacar é a sensação de segurança. Inimigos do fuso-horário local, eu e Jubini andamos pelas madrugadas tranquilamente e sem preocupação com violência quando saíamos para fazer um lanche ou ir ao supermercado na cidade que não dorme.

Sem dúvidas é um país controverso, que tem muito a melhorar, mas que tem muito a oferecer também. Não posso negar que fomos bem tratados na maioria dos ambientes, aprendemos sobre uma cultura encantadora, visitamos lugares lindos que se dividem entre a tradição e a modernidade, e conhecemos pessoas admiráveis no dia a dia. Sem dúvidas vivenciamos uma experiência que levaremos para a vida.

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