É superintendente regional da Polícia Federal no Espírito Santo, ex-secretário da Justiça e ex-secretário de Controle e Transparência do Espírito Santo, mestre em Gestão Pública pela Ufes

Como a agenda ESG pode impactar a vida das pessoas

Embora o tema desenvolvimento sustentável não seja recente, o ESG foi responsável por conseguir aproximar as visões corporativa e de sustentabilidade

Publicado em 26/08/2023 às 00h30

No dia 1º de setembro, a Polícia Federal no Espírito Santo, em parceria com a Findes, realizará um importante seminário com a palestra de Paul Clements-Hunt, conhecido internacionalmente por ter criado o acrônimo ESG e por ser uma das maiores referências sobre o assunto na atualidade.

O acrônimo ESG, que significa Environmental, Social and Governance (ou em português Ambiental, Social e Governança – ASG), surgiu em 2004 por iniciativa da ONU, que mobilizou esforços para que os investimentos e estratégias corporativas passassem a integrar em seus processos decisórios especial atenção a esses temas.

Esta será uma oportunidade única para que diversos setores da sociedade possam discutir os temas contemporâneos relacionados às dimensões ambiental, social e de governança. Também será debatido o papel das políticas públicas relacionadas, em especial na área de segurança pública, de justiça e de transparência, e como elas desempenham um importante papel no alcance dos objetivos de desenvolvimento sustentável, garantindo de forma equilibrada um ambiente propício à realização de negócios e geração de oportunidades de investimento e emprego.

Embora o tema desenvolvimento sustentável não seja recente, o ESG foi responsável por conseguir aproximar as visões corporativa e de sustentabilidade, demonstrando a importância do desenvolvimento de negócios cada vez mais sustentáveis, transparentes e éticos.

Atualmente, existe um grande montante de recursos de investimentos disponíveis em busca de mercados e ativos que incorporem os princípios ESG como uma medida de minimizar os seus riscos e otimizar os seus retornos. A título de exemplo, segundo o relatório da consultoria McKinsey, o Brasil precisa investir US$ 80 bi por ano para controlar as suas emissões de gases de efeito estufa, um dos temas prioritários dessa pauta.

Fruto dessa cultura, a Agenda 2030 representa compromisso relacionado à sustentabilidade firmado pelos países signatários membros da ONU, sendo composto por 17 objetivos de desenvolvimento sustentáveis e 169 metas. O grande desafio para acelerar o avanço nessas metas está no desenvolvimento de uma pauta de negócios que alinhe os objetivos corporativos com os do planeta e da humanidade.

Paralelamente, no que tange ao serviço público é importante que as políticas públicas, em todos os níveis de governo, sejam criadas e executadas de modo a viabilizar um ambiente democrático, seguro e transparente. Isso permitirá a atração do chamado “capital verde”, capaz de impulsionar a economia nacional e viabilizar o atendimento às necessidades primárias da sociedade.

Na segurança pública e na justiça, a agenda ESG também tem apresentado suas contribuições. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem dado importantes sinalizações incentivando boas práticas de sustentabilidade e apoiando publicamente órgãos e entidades que desenvolvam ações nessa área. Além disso, recentemente criou um painel agregado de ações, metas e estratégias para o Poder Judiciário relacionadas às dimensões ESG e a Agenda 2030.

Floresta - dia do meio ambiente
Meio ambiente . Crédito: Shutterstock

A Polícia Federal, órgão com reconhecimento nacional em razão de sua atuação no combate aos crimes ambientais, à corrupção e à criminalidade em geral, por determinação do nosso diretor-geral, recentemente revisou o seu plano estratégico (PF 80) composto por 11 ações com forte apelo ambiental, social e de governança.

Regionalmente, a Superintendência da PF no Espírito Santo vem desempenhando um importante papel social junto às escolas públicas, com um programa de conscientização sobre os problemas com as drogas, exploração sexual de crianças e adolescentes e corrupção. Ademais, adotamos uma política de redução de consumo de energia, água e de geração de resíduos sólidos, garantindo sua destinação de forma adequada.

Preocupados com a boa governança, estabelecemos uma metodologia de criação de projetos prioritários em cada uma das áreas (operacionais e administrativas) da superintendência, com monitoramento mensal dos indicadores e resultados. Isso tem contribuído (além, obviamente, do comprometimento da excepcional equipe de policiais, administrativos e contratados) para que a PF/ES figure, nos últimos dois anos, entre os primeiros colocados nos índices nacionais de produtividade operacional e administrativa.

Embora sejam ações importantes, reconhecemos que ainda são embrionárias, quando o assunto é a jornada ESG. É preciso cada vez mais que o setor público adote métricas e divulgue de forma clara e transparente as suas práticas, bem como os impactos das medidas implementadas.

É nesse contexto que realizamos, com a Findes e com outros importantes apoios (governo do ES, Rede Gazeta, OAB, ES em Ação, dentre outros), esse Seminário ESG. O tema, afinal, tem grande relevância e considerável potencial de melhorar a vida das pessoas.

Não foi à toa que o Brasil foi escolhido para sediar a Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas (COP30) que será realizada em novembro de 2025, em Belém. Aqui, no Espírito Santo, não podemos ficar atrás. Que esse seminário seja apenas mais uma semente (entre tantas outras já plantadas pela iniciativa privada e pelas instituições públicas) a florescer na vasta agenda ESG.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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