Análises semanais do setor da construção civil, engenharia, arquitetura e decoração, com especialistas do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-ES), Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo (CAU-ES), e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-ES).

Uma experiência fotográfica no Cais das Artes

O conjunto edificado será um espaço que vai respirar cultura e entretenimento, onde poderemos apreciar o ir e vir de navios e ter um contato maior com o mar

Vitória
Publicado em 22/09/2022 às 01h59
Vista aérea das obras do Cais das Artes em Vitória.
Vista aérea das obras do Cais das Artes: o edifício principal (museu), de formato horizontal, está suspenso do solo e permite uma total integração com a paisagem. Crédito: Cleferson Comarela/Vixfly Drones

*João Marcelo de Souza Moreira

Recentemente o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB/ES), com o apoio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/ES), organizou um concurso fotográfico aberto à participação de arquitetos e urbanistas entusiastas dessa arte. O objetivo do concurso é gerar imagens de equipamentos urbanos e mostrar como eles se inserem no contexto da cidade, para posteriormente apresentar essas imagens em uma exposição. O local escolhido foi nada menos que o Cais das Artes e a decisão não poderia ter sido mais acertada.

Como parte do corpo de jurados, participei da visita técnica junto aos inscritos do concurso e pude apreciar e imaginar tudo o que aquela edificação vai trazer para a população do nosso Estado. Fui com meu olhar de fotógrafo para perceber as nuances de luz e sombra do local, mas foi a minha sensibilidade de arquiteto que me permitiu vislumbrar a espantosa qualidade do conjunto edificado e a genialidade do arquiteto que o concebeu.

Falo de Paulo Mendes da Rocha, vencedor do prêmio Pritzker - o maior da arquitetura mundial. Nascido na cidade de Vitória, Paulo Mendes concebeu o projeto do Cais das Artes como sendo “um confronto entre construção e natureza”.

Durante a visita pude constatar que por trás dos tapumes, que impedem a visão do conjunto, o edifício principal (museu), de formato horizontal, está suspenso do solo e permite uma total integração com a paisagem. Sua forma cria um espaço de convívio, que emoldura a vista das montanhas e destaca o Convento da Penha ao fundo. Um espaço que vai respirar cultura e entretenimento e onde poderemos apreciar o ir e vir de navios e ter um contato maior com o mar.

Ao percorrer os amplos espaços da obra inacabada não é difícil imaginar a grande quantidade de pessoas circulando e apreciando os primorosos espetáculos e exibições artísticas que o espaço poderá abrigar. Hoje eu tenho a convicção de que o Espírito Santo se tornará rota obrigatória de visitação não só de brasileiros, mas de gente de toda parte, pois não faltarão turistas querendo frequentar um local tão peculiar e agradável.

Digo isso, baseado no sucesso de outros equipamentos culturais, como o Museu de Arte de São Paulo (MASP), o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro e o Guggenheim de Bilbao, na Espanha, entre outros, que trouxeram um enorme desenvolvimento urbano e imobiliário em seus entornos.

A população capixaba, impedida que está de conhecer de perto o potencial do conjunto projetado, tem criticado negativamente a construção do Cais das Artes. Já foi sugerido que fossem dados outros usos ao empreendimento e cogitou-se até que o mesmo fosse demolido.

Como arquiteto e urbanista, acredito fortemente que não podemos perder a oportunidade de ter um espaço cultural como esse em nosso Estado. Vejo a conclusão do Cais das Artes como uma dívida à memória de Paulo Mendes da Rocha, que deve ser honrada e, principalmente, como um grande presente que pode e deve ser entregue aos capixabas de hoje e das próximas gerações.

*João Marcelo de Souza Moreira é arquiteto e urbanista, fotógrafo, pós-graduado em Gestão de Obras e Projetos e conselheiro do CAU/ES.

João Marcelo de Souza Moreira é arquiteto e urbanista, fotógrafo, pós-graduado em Gestão de Obras e Projetos e conselheiro do CAU/ES
João Marcelo de Souza Moreira: "Como arquiteto e urbanista, acredito fortemente que não podemos perder a oportunidade de ter um espaço cultural como esse em nosso Estado" . Crédito: Camilla Baptistin/CAU/Divulgação

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