Publicado em 25 de agosto de 2021 às 16:17
"No momento atual, é como jogar uma segunda bóia para alguns enquanto outros estão se afogando ao lado", afirmou nesta quarta-feira (25) o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Ghebreyesus, sobre a decisão de alguns países de aplicar uma dose de reforço nos que já foram completamente imunizados contra a Covid. >
Mais que um problema moral, é um erro de política pública, disseram vários diretores da entidade. "Tomadores de decisão não devem usar recursos escassos como a vacina em uma aplicação sem comprovação científica, desviando-a de suas duas principais prioridades no momento: evitar mortes e impedir o surgimento de variantes mais perigosas", declarou Kate O'brien, diretora de imunização da OMS. >
Apesar da não recomendação pela entidade internacional, diversos governos têm optado pela aplicação de reforço em parte da sua população, principalmente com o risco adicional da variante delta, mais contagiosa. >
É o caso do Brasil: nesta quinta, o governo federal anunciou que idosos começam a recebê-la em 15 de setembro, e o governo paulista começa a terceira rodada de injeções no dia 6, para os maiores de 60 anos. >
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Para a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, a precipitação pode ser não só um desperdício como ineficiente. Ela diz que painel recente com cientistas de vários institutos de ponta concluiu que ainda não há evidências suficientes nem sobre a eficácia de uma terceira dose nem sobre sua segurança. >
Por outro lado, já há consenso de que a imunização completa originalmente prescrita (uma dose, no caso da Janssen, e duas doses para as outras) oferece proteção duradoura contra doenças severas, hospitalização e mortes, que são o grande prejuízo desta pandemia, de acordo com O'brien. >
"Sem comprovação científica de que seja necessário o reforço, as vacinas precisam ir para os mais vulneráveis e para médicos e enfermeiros desesperados por proteção nos países mais pobres do mundo", disse a diretora de imunização. >
É também uma questão de longo prazo, segundo ela, já que o lento avanço da imunização em parte do mundo mantém a pandemia ativa, além de abrir caminho para mutantes que podem até escapar da proteção oferecida pelos fármacos usados no momento. >
Na última semana, de acordo com os dados da OMS, 4,5 milhões de pessoas foram diagnosticadas com Covid e 68 mil morreram da doença no mundo. "Houve uma estabilização, mas num patamar muito alto e, principalmente, muito desigual", disse Ghebreyesus. >
Swaminathan afirmou que só com mais experimentos será possível determinar se reforços de vacina são realmente necessários, e que essa recomendação pode variar de acordo com o imunizante tomado anteriormente, a variante presente no país e o grupo de risco em questão.>
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