Publicado em 17 de agosto de 2020 às 19:00
O senador Nelson Trad (PSD-MS), presidente da Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência, disse nesta segunda-feira (17) que o relatório produzido pelo governo Jair Bolsonaro sobre a atuação de 579 professores e policiais identificados como antifascistas foi uma "perda de tempo" do ministro da Justiça, André Mendonça.>
Trad recebeu na manhã desta segunda um DVD, com uma senha de acesso, que contém as informações.>
Nesta terça-feira (18), o senador fará a apresentação do documento aos demais integrantes da comissão, em reunião fechada.>
"Do que que valeu isso? Do trabalho do Ministério da Justiça, isso [o relatório] foi perda de tempo. Foi uma perda de tempo", disse o senador, após acessar o conteúdo.>
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Trad afirmou que, a partir de agora, o colegiado deverá cobrar explicações do ministério sobre os motivos pelo qual o relatório foi elaborado.>
"No Brasil, isso não tem valia nenhuma porque nunca ninguém sofreu nenhuma consequência em torno disso [relatórios de inteligência]. Agora, se teve isso e ninguém nunca sofreu nada, em troca de que teve? Os desdobramentos disso serão apreciados", disse Trad.>
O documento foi entregue pelo Ministério da Justiça no último dia 11, três dias após Mendonça admitir aos congressistas da comissão a existência de um relatório produzido pelo governo sobre a atuação de professores e policiais.>
Embora tenha sido recebido há quase uma semana, apenas nesta segunda-feira o presidente do colegiado acessou o material.>
Trad estava em viagem ao Líbano, acompanhando a comitiva que foi prestar ajuda humanitária ao país após uma explosão na região portuária de Beirute. O grupo voltou ao Brasil no sábado (15).>
O relatório, que foi revelado pelo UOL, é controverso, uma vez que inicialmente o próprio Ministério da Justiça havia negado sua existência.>
Segundo Mendonça, a comissão era o ambiente correto para discutir as ações de inteligência ao justificar porque não atendeu ao pedido do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o caso.>
Antes, o Ministério da Justiça havia afirmado à ministra do Supremo Cármen Lúcia que não produz "dossiê" contra opositores e que nunca monitorou adversários com "viés investigativo, punitivo ou persecutório penal". O plenário do STF deve discutir o tema nesta quarta-feira (19).>
Aos congressistas o ministro da Justiça afirmou que a palavra "dossiê" é uma expressão inadequada para a atividade de inteligência.>
"Dossiê é algo feito às escuras para fins indevidos, que não estão no sistema, que não está relatado oficialmente. Dossiê não é algo que você distribui", disse Mendonça durante reunião da comissão.>
No encontro virtual, ele ressaltou que, se o documento fosse algo ilegal, não teria os registros e protocolos feitos no sistema do ministério nem seria distribuído às forças de segurança locais.>
A pasta informou ainda que vai encaminhar ao colegiado o resultado da sindicância investigativa para apuração dos fatos envolvendo o relatório.>
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