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Sem provas, Bolsonaro levanta dúvidas sobre eleições após atraso do TSE

Sem provas, Bolsonaro levanta dúvidas sobre eleições após atraso do TSE

O presidente deu a declaração sobre o pleito nesta segunda-feira (16) ao conversar com um grupo de apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada

Publicado em 16 de novembro de 2020 às 16:41

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Presidente da República, Jair Bolsonaro, em evento voltado ao turismo em Brasília
Presidente da República, Jair Bolsonaro, em evento voltado ao turismo em Brasília. (Isac Nóbrega)

No dia seguinte às eleições municipais, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a questionar o sistema eleitoral do país e levantou dúvidas sobre o resultado das urnas.

O presidente deu a declaração sobre o pleito nesta segunda-feira (16) ao conversar com um grupo de apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.

"Nós temos que ter um sistema de apuração que não deixe dúvidas. É só isso. Tem que ser confiável e rápido. Não deixar margem para suposições. Agora [temos] um sistema que desconheço no mundo onde ele seja utilizado. Só isso e mais nada", disse.

"O Supremo disse que é inconstitucional o voto impresso, tem proposta de emenda constitucional na Câmara. Se nós não tivermos uma forma confiável de apurar as eleições, a dúvida sempre vai permanecer", continuou o presidente.

Bolsonaro ainda afirmou que a demanda pelo voto impresso é do "povo" e que é preciso atender a população.

"Muita gente fala sem ouvir o povo. No meu caso, estou sempre ouvindo a população eles querem um sistema de apuração que possa demorar um pouco mais, não tem problema nenhum, mas que seja garantido que o voto que essa pessoa deu, vá para aquela pessoa de fato", afirmou.

Aparentando estar abatido, o presidente ainda disse ao grupo de apoiadores no Alvorada "que não está passando bem hoje" e que iria dormir "agora". O mandatário sofreu uma derrota neste domingo ao ver a maioria dos candidatos que apoiou fracassar nas urnas.

A declaração de Bolsonaro ocorre após o primeiro turno das eleições municipais de 2020 ter sido marcado por problemas registrados na ferramenta do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) lançada com o objetivo de facilitar a vida do eleitor, lentidão da divulgação da apuração dos resultados e tentativas de ataques hackers a servidores da corte.

Segundo o presidente do tribunal, ministro Luís Roberto Barroso, houve uma falha em um dos núcleos no supercomputador que processa a totalização dos votos. Apesar do problema, Barroso garantiu que o episódio não afeta o resultado da votação.

"Não há nenhum risco de o resultado não expressar o que foi votado", afirmou por volta das 21h deste domingo (15), em entrevista coletiva à imprensa, que começou com uma hora de atraso por causa dos problemas. "Um dos núcleos de processadores do supercomputador que processa a totalização falhou e foi preciso repará-lo."

É a primeira eleição municipal em que os dados saem direto das seções eleitorais para serem totalizados no TSE. Isso pode ter contribuído para a demora da apuração.

Na conversa com os apoiadores nesta segunda, Bolsonaro evitou comentar resultados específicos das eleições. O presidente apoiou e fez campanha abertamente para 45 candidatos a vereador em diversas cidades do país.

Desse total, ao menos 33 não conseguiram se eleger neste domingo (15). Além desses, o mandatário pediu votos para 13 prefeitos, dos quais apenas dois foram eleitos, ambos de cidades interioranas -Mão Santa (DEM), em Parnaíba, no Piauí, e Gustavo Nunes (PSL), em Ipatinga (MG).

Em São Paulo, Celso Russomanno (Republicanos) terminou o primeiro turno na quarta colocação. Das duas maiores capitais, apenas no Rio de Janeiro Bolsonaro viu seu candidato, Marcelo Crivella (Republicanos), passar para o segundo turno.

Apoiada pelo presidente na campanha suplementar para o Senado em Mato Grosso, Coronel Fernanda (Patriota), também perdeu. Todos os candidatos obtiveram o apoio nas "lives eleitorais gratuitas" de Bolsonaro.

Além desses, vários outros postulantes pelo país tentaram associar o seu nome ao do presidente, mas a maioria dos bolsonaristas acabou embolada nas últimas posições.

Neste domingo, Bolsonaro chegou a apagar posts em que pedia votos para candidatos, entre eles Russomanno.

Nas redes sociais, o presidente também minimizou a derrota dos nomes que tiveram seu respaldo e indicou uma vitória em 2022, com um "sistema eleitoral aperfeiçoado". Ele afirmou que não se engajou completamente nas eleições.

"Minha ajuda a alguns poucos candidatos a prefeito resumiu-se a 4 lives num total de 3 horas", escreveu na noite deste domingo (15).

Bolsonaro ainda usou como exemplo do fracasso da campanha de Geraldo Alckmin à presidência em 2018 para relativizar o resultado da eleição municipal.

"Há 4 anos Geraldo Alckmin elegeu João Doria prefeito de São Paulo no primeiro turno", escreveu.

"Dois anos depois Alckmin obteve apenas 4,7% dos votos na disputa presidencial", completou.

Ao contrário do que afirmaram alguns analistas, o presidente também apontou que a esquerda sofreu uma "histórica derrota" o que sinalizaria que a "onda conservadora chegou em 2018 pra ficar".

"Para 2022 a certeza de que, nas urnas, consolidaremos nossa democracia um sistema eleitoral aperfeiçoado. Deus, Pátria e Família".

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