Publicado em 16 de novembro de 2020 às 13:59
Depois de poucos dos seus candidato apadrinhados terem tido sucesso nas eleições municipais, o presidente Jair Bolsonaro colocou em xeque, mais uma vez, a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro. Para apoiadores nesta segunda-feira (16), o chefe do Executivo voltou a citar o uso do voto impresso ao justificar que é preciso um sistema que "não deixe dúvidas" ou "margem para suposições". >
"Nós temos que ter um sistema de apuração que não deixe dúvidas. É só isso. Tem que ser confiável e rápido, não deixar margem para suposições", disse. Na sequência, Bolsonaro mencionou desconhecer o uso do sistema eleitoral brasileiro, apurado por meio de urna eletrônica, em outros países no mundo.>
"Tenho proposta, tive né. O Supremo (Tribunal Federal) disse que é inconstitucional o voto impresso. (Mas) tem proposta de emendar a Constituição na Câmara. Se não tivermos uma forma confiável de apurar as eleições a dúvida sempre vai permanecer e nós devemos atender a população", disse.>
O presidente disse que a demanda por mudanças no sistema eleitoral do país vem do "povo". "Muita gente fala, alguns falam, sem ouvir o povo, sem sair de seus gabinetes. No meu caso, estou sempre ouvindo a população. Eles querem um sistema de apuração que possa demorar um pouco mais, não tem problema nenhum, mas que seja garantido que o voto que essa pessoa deu vá para aquela pessoa realmente de fato. É só isso", declarou.>
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Nas eleições deste ano, houve lentidão na apuração de votos logo após o fim do pleito causada por um problema em processadores de um computador, segundo explicação do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso. De acordo com o TSE, tradicionalmente a totalização de 100% dos votos só é concluída ao longo da segunda-feira seguinte à votação, com a contagem de votos de locais de difícil acesso. >
Apesar da demora, Barroso afastou as suspeitas sobre a possibilidade de se fraudar os resultados. Segundo ele, não é possível que haja fraude porque os resultados em cada urna são impressos em um boletim, ao final da votação, afixados na seção eleitoral e distribuídos aos partidos.>
Mais cedo, o vice-presidente Hamilton Mourão, em mais um movimento contrário ao de Bolsonaro, havia comentado que o processo eleitoral brasileiro era "muito bom, sem dúvida nenhuma". Na semana passada, Bolsonaro já havia dito, sem provas, que o sistema de votação no Brasil não era "sólido" e que era "passível de fraude". Em declarações anteriores, Bolsonaro tem defendido a volta do voto impresso para o pleito de 2022.>
Na conversa com apoiadores nesta segunda, Bolsonaro chegou a pedir desculpas por estar indisposto, após uma noite mal dormida, e se negou a gravar vídeos e mensagens com o grupo que o esperava em frente ao Palácio da Alvorada. "Peço, por favor, eu não quero gravar nada. Não estou passando bem hoje não, desculpa aí, fui dormir agora", justificou. O presidente chegou ainda a responder um comentário de um apoiador que disse a região Norte "é muito sofrida".>
"Você fala região sofrida, mas o povo de lá escolhe o seu destino", respondeu Bolsonaro. Em seguida, citou que São Paulo e Rio de Janeiro estão "decidindo seu destino", assim como Porto Alegre. Depois, Bolsonaro encerrou a conversa com a claque agradecendo e pedindo desculpas mais uma vez.>
Os resultados de domingo mostraram que poucos candidatos apoiados pelo presidente foram eleitos ou chegaram ao segundo turno. Em São Paulo, Celso Russomanno, do Republicanos, ficou em quarto lugar e não chegou ao segundo turno. No Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, do Republicanos, teve Bolsonaro ao seu lado e está na corrida do segundo turno.>
Em Porto Alegre, apesar de não ter candidato, Bolsonaro tem criticado o apoio dado a Manuela D'Ávila, do PCdoB, que disputará o segundo turno. Conforme o Estadão/Broadcast mostrou, apenas sete dos 45 candidatos a vereador que apareceram no "horário eleitoral gratuito" nas redes sociais do presidente foram eleitos. Entre os prefeitos, além de Crivella, apenas outro nome apoiado por Bolsonaro passou para o segundo turno, o Capitão Wagner (PROS), em Fortaleza.>
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