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Secretário de Saúde de SP diz que governo não usou base científica contra Covid

Secretário de Saúde de SP diz que governo não usou base científica contra Covid

Jean Gorinchteyn citou nomes para exemplificar grupos de médicos que forneceram recomendações baseados em experiências pessoais e não na ciência

Publicado em 10 de abril de 2022 às 15:03

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Jean Gorinchteyn, novo secretário de Saúde do Estado de São Paulo
Jean Gorinchteyn, secretário de Saúde do Estado de São Paulo. (Governo do Estado de São Paulo)

A adoção de tratamento precoce e medicamentos sem comprovação científica no tratamento de Covid-19 pelo governo federal foi embasada na recomendação de médicos, apontou o secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn. "Sempre culpamos um gestor político por ter certas falas e posições, mas certamente quem embase esses políticos é a classe médica que traz essa dicotomia de informações", disse Gorinchteyn há pouco, durante a 8ª Brazil Conference, evento organizado pela comunidade brasileira de estudantes em Boston (EUA) e transmitido pelo Estadão.

Ele citou nomes como o da médica Nise Yamaguchi e do médico e ex-deputado federal Osmar Terra para exemplificar grupos de médicos que forneceram recomendações baseados em experiências pessoais e não na ciência. "Sem dúvidas, houve um aparelhamento do ministério da Saúde, mas quem baseava ministério e governo eram médicos", acrescentou.

Gorinchteyn cobrou representação dos Conselhos Regionais de Medicina baseada na ciência e disse que deixaram de fazer seu papel de representatividade da pesquisa durante a pandemia. "Precisamos que Conselhos se coloquem de forma ética e científica, à margem de bandeiras e de política. Precisamos de estrutura para representações de saúde, até mesmo para discutirmos quem serão nossos ministros da saúde, que se falseiam em jalecos médicos e fazem exatamente aquilo que o crivo político exige", defendeu.

Já o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, avalia que os médicos foram o polo passivo das recomendações do Ministério da Saúde. "Quem mobilizou a indústria do Exército para produção de cloroquina e hidroxicloroquina e montou um gabinete paralelo foi a Presidência da República. Foi um movimento organizado do governo brasileiro. A cloroquina virou forma de se contrapor às vacinas e às medidas de isolamento social", disse Covas, citando atos como a não publicação de uma nota técnica sobre os efeitos colaterais da cloroquina pelo ministério de Ciência e Tecnologia "O ministério da Saúde sofreu intervenção militar. No meio da crise foi nomeado um general como ministro".

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