Publicado em 14 de abril de 2020 às 19:43
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, exonerou, na segunda (13), Olivaldi Azevedo, diretor de proteção ambiental do Ibama. A exoneração do major da Polícia Militar de São Paulo foi publicada nesta terça (14) no Diário Oficial da União.>
Olivaldi foi nomeado logo no início da gestão de Salles à frente do Ministério do Meio Ambiente.>
A exoneração ocorreu após a exibição no programa Fantástico, da Rede Globo, de uma operação do Ibama para expulsar invasores de terras indígenas.>
A operação do Ibama também envolveu destruição do maquinário dos garimpeiros, ação permitida segundo o artigo 111 do decreto 6.514, de 2008, mas criticada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).>
>
Em 5 de novembro, Bolsonaro afirmou a representantes da Febram (Federação Brasileira da Mineração) que atuam no Sul e no Sudeste do Pará, na saída do Palácio da Alvorada, que iria tomar providências contra a destruição de maquinário durante fiscalizações ambientas.>
Contudo, afirmações semelhantes já levaram a exonerações. Após ser anunciado como novo superintendente regional do Ibama no Pará, Evandro Cunha dos Santos foi exonerado após afirmar, em audiência pública, que havia recebido ordem para interromper a queima de veículos que são flagrados pela fiscalização do órgão federal cometendo crimes ambientais na Amazônia.>
Além das imagens de destruição de equipamentos, diversos agentes do Ibama aparecem dando depoimentos na reportagem, o que não tem sido uma prática comum desde o início da gestão Salles. O ministro limitou o poder de comunicação do órgão e toda demanda entre o Ibama e a imprensa precisa passar pela assessoria do ministério.>
Durante a reportagem do Fantástico, um posseiro que estava no local e fora expulso pelo Ibama afirmou: "Com aquela conversa que saiu do governo federal, com o ministro, um redução de 5% das áreas indígenas. A gente tá com essa esperança, com essa expectativa para que um dia aconteça isso, para realmente o governo legalizar o pessoal aqui dentro. Enquanto isso a gente tá ocupando aqui.">
Especialistas têm alertado constantemente que as afirmações do presidente quanto à exploração na Amazônia podem incentivar a destruição da floresta.>
Além dos problemas ambientais que causa, a mineração ilegal em terras indígenas pode expor os índios à Covid-19. Na última quinta-feira (9), ocorreu a primeira morte pela doença entre os ianomâmis. Alvanei Xirixana, 15, morreu no Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista. Ele estava internado na UTI havia seis dias.>
Xirixana era da aldeia Rehebe, que fica às margens do rio Uraricoera, região de entrada para milhares de garimpeiros ilegais na Terra Indígena Yanomami (AM/RR). Ele estava ali quando seu estado de saúde piorou e foi transferido para Boa Vista.>
O contágio do adolescente aumentou a apreensão entre os ianomâmis de que se repita a tragédia provocada pela "invasão garimpeira", entre os anos 1960 e 1980, que resultou na morte de cerca de 15% da população, principalmente por causa do sarampo, uma doença viral.>
Questionado, o Ministério do Meio Ambiente não explicou a motivação da exoneração de Olivaldi até a publicação desta reportagem.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta