Publicado em 14 de maio de 2020 às 09:10
A criação de diretrizes para o isolamento social para Estados e municípios é considerada uma das principais bandeiras da gestão do ministro da Saúde, Nelson Teich, para a crise do novo coronavírus. Sua divulgação, porém, foi cancelada nesta quarta-feira (13), após novo embate com conselhos que reúnem gestores de estados e municípios.>
Em reunião no mesmo dia com o ministro, o grupo afirmou que a medida seria "inoportuna" e defendeu a derrubada da proposta, "especialmente por estarmos, neste momento, em franco crescimento diário do número de casos e de óbitos pela Covid-19", informou em nota o presidente do Conass, conselho que reúne secretários estaduais de saúde, Alberto Beltrame.>
Em nota, o ministério admite que não houve consenso, mas afirma que a discussão será aprofundada. Representantes dos estados e municípios, no entanto, dizem ver pouca chance de que isso ocorra no momento.>
"Deixamos claro que apenas discutiremos este tema quando tivermos evidências de que o número de casos e óbitos comece a diminuir", afirmou Beltrame.>
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"A mensagem sobre o isolamento social deve ser clara e objetiva. Gerar dúvidas na sociedade sobre sua importância ou mesmo relativizá-la nos parece inadequado", completou.>
Uma versão inicial da diretriz havia sido apresentada por Teich na segunda-feira (11). O plano indicava diferentes pontuações para definir quando estados e municípios deveriam afrouxar ou tornar mais rígidas as regras de isolamento social.>
No resumo apresentado, o plano tinha cinco níveis de restrições e distanciamento com base em uma classificação que levava em conta a estrutura da rede de saúde e a velocidade de transmissão do novo coronavírus.>
Na ocasião, o ministro afirmou que os detalhes seriam divulgados nesta quarta, o que acabou não ocorrendo.>
O esboço contava com uma espécie de pontuação, medida de acordo com as respostas a um questionário que envolvia a análise de quatro eixos: capacidade instalada de leitos, indicadores epidemiológicos (como volume de internações e óbitos), velocidade de crescimento de casos e índices de mobilidade urbana.>
A partir daí, segundo as diretrizes, seriam definidos cinco níveis de risco, de "muito baixo" até "muito alto", e as medidas indicadas variavam desde um "distanciamento social seletivo" até "restrição máxima".>
Secretários municipais de saúde defendem que, antes de discutir uma mudança no modelo de isolamento, haja apoio para outras medidas, como habilitação de leitos de UTI e oferta de testes.>
"Temos outras prioridades no momento que não essas", afirma Wilames Bezerra, presidente do Conasems, conselho que reúne secretários municipais de saúde. >
Em nota, o ministério diz que a estratégia tem sido debatida desde sábado com conselhos dos secretários de saúde estaduais e municipais, sem entendimento até o momento. >
"Devido a complexidade de organização de orientações para um país continental, observando as diversas realidades locais e cenários diferenciados em relação ao Covid-19, a discussão entre Ministério da Saúde, Conass e Conasems sobre diretrizes será aprofundada", aponta. >
Desde que assumiu o cargo, Teich vem modulando o discurso sobre o isolamento social. Inicialmente, ele chegou a dizer que o país "não sobrevive um ano parado" e defendeu um "plano de saída" do isolamento. >
Em seguida, pressionado por parlamentares, passou a dizer que o ministério "nunca mudou" de posição sobre o distanciamento. Ainda assim, vem defendendo que as medidas sejam avaliadas de acordo com o cenário de cada local. >
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