Publicado em 13 de maio de 2020 às 19:11
Em defesa preliminar, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro afirmou que a continuidade da investigação contra ele no Conselho de Ética da Presidência da República seria uma "retaliação" às "revelações" que fez ao deixar o governo Jair Bolsonaro (sem partido).>
Moro saiu do governo no dia 24 de abril acusando o presidente de tentar interferir na Polícia Federal. O ex-ministro disse que Bolsonaro queria nomear pessoas próximas a ele no comando da corporação.>
Em resposta, Bolsonaro afirmou que Moro teria exigido uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal) em troca da permanência no cargo de ministro da Justiça.>
Em denúncia encaminhada ao Conselho de Ética no último dia 30, os juristas Celso Antônio Bandeira de Mello e Lenio Luiz Streck usaram a acusação do presidente contra Moro para apontar uma possível infração ética e ato de improbidade administrativa do ex-ministro.>
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Eles afirmaram ainda que Moro pode ter prevaricado no cargo ao não denunciar as tentativas de Bolsonaro interferir na PF antes da sua demissão.>
Em sua defesa prévia, Moro afirmou ao relator do caso, Paulo Henrique Lucon, que a acusação feita por Bolsonaro que consta na denúncia "carece de qualquer comprovação dos fatos" e "destoa da própria lógica dos fatos havidos".>
O ex-ministro diz ainda que não praticou nenhuma conduta antiética e que dar prosseguimento à representação contra ele "representaria na prática retaliação" pelas "revelações" que fez sobre a troca do comando da Polícia Federal.>
"Dar andamento a essa representação, com eventual imposição de sanção, representaria verdadeira retaliação da administração pública federal à conduta do subscritor de revelar os fatos, a seu ver irregulares, que circundavam a substituição do diretor-geral da Polícia Federal por ato do sr. presidente da República", disse Moro na defesa preliminar.>
Ele afirmou que aceitou o convite para exercer o cargo de ministro da Justiça renunciando à magistratura "para construção de políticas públicas consistentes no combate ao crime organizado, criminalidade violenta e corrupção".>
"Jamais foi estabelecida como condição para aceitação do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública a futura nomeação para outro cargo, ainda mais para ministro do Supremo Tribunal Federal.">
Ele afirma que, se seu objetivo era a vaga no STF, teria aceitado a substituição do diretor-geral da Polícia Federal. "Pois assim manteria minhas chances de ser escolhido pelo sr. presidente da República para a vaga no Supremo.">
Para tentar provar o seu ponto de vista, Moro relembrou que "confrontado com essa possibilidade pela deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP)", de aceitar a substituição do diretor-geral Maurício Valeixo "em troca de esforços de seu grupo político", refutou.>
O ex-ministro afirma que a "denúncia é totalmente improcedente, carente de prova, e ainda inconsistente com a lógica dos fatos já conhecidos e provados objetivamente".>
Moro também negou ter prevaricado enquanto era ministro da Justiça por não ter denunciando antes do pedido de demissão a suposta tentativa de Bolsonaro interferir na Polícia Federal.>
Para os advogados que impetraram a denúncia, Moro reconheceu que sabia de atos ilícitos e deixou de proceder ao encaminhamento de informações para órgãos e autoridades competentes assim que foi confrontado por Bolsonaro para mudar o comando da PF.>
A denúncia diz ainda que Moro cometeu "ato ilícito" ao pedir uma pensão para fazer parte do governo.>
Na entrevista coletiva em que anunciou sua saída do cargo, o ex-ministro disse que sua única condição para ingressar no governo foi um acordo para pagamento de uma pensão para sua família caso algo acontecesse com ele.>
Em sua defesa, Moro admite que solicitou a Bolsonaro a pensão caso fosse vítima de um atentado pelo crime organizado.>
"Evidentemente, medida da espécie só seria cabível no caso de minha morte, condição não desejada por mim, e dependeria a implementação dela do envio de projeto de lei ao Congresso e de sua aprovação.">
"Não se trata de solicitação de vantagem indevida, já que a sua concessão demandaria de aprovação de medida legislativa diante do evento morte por assassinato pelo crime organizado", argumenta Moro em sua defesa.>
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