Publicado em 6 de dezembro de 2022 às 17:00
A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou quatro pessoas por suspeita de envolvimento na morte de 14 cachorros que comeram petiscos contaminados com um insumo não autorizado na produção de alimentos.>
As investigações começaram em 19 de agosto e tiveram conclusão anunciada nesta segunda (5). Os quatro indiciados são ligados à empresa de produtos químicos Tecno Clean, que fica em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Ela é fornecedora de fabricantes de petiscos como a Bassar Pet Food, a primeira a ser citada nas denúncias de tutores e que chegou a ter sua unidade em Guarulhos (SP) interditada.>
A polícia não informou os nomes nem qual a ligação dos quatro indiciados com a empresa - se são empregados ou prestadores de serviço. Todos vão responder por suspeita de crime hediondo, conforme previsto no artigo 273 do Código Penal, que pune a falsificação de substância alimentícia. A pena é de 10 a 15 anos de prisão mais multa.>
As investigações da Polícia Civil e do Ministério da Agricultura indicam a troca de um ingrediente autorizado (propilenoglicol) por uma substância tóxica - o monoetilenoglicol, da mesma família do dietilenoglicol, apontado como a causa da morte e sequelas em consumidores da cerveja Backer em 2020.>
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Os investigadores apuram a hipótese de que a Tecno Clean comprou monoetilenoglicol de uma outra fornecedora, a A&D Química, e revendeu como sendo propilenoglicol para empresas como a Bassar.>
Segundo a corporação, rótulos que identificavam os barris das duas substâncias e que eram acondicionados em um mesmo local foram trocados. O monoetilenoglicol é altamente tóxico, enquanto o propilenoglicol é usado, por exemplo, no setor de alimentos processados.>
"A empresa compra o monoetilenoglicol da A&D e troca o rótulo para revender para a fabricante Bassar", declarou a delegada Danúbia Quadros, responsável pelas investigações. A delegada afirma ainda que, ao fazer a troca dos rótulos, ficou configurado que os suspeitos assumiram o risco de causar mortes.>
A investigação é relativa apenas a Minas Gerais, onde foram detectadas as primeiras mortes de cachorros contaminados por monoetilenoglicol depois de consumirem petiscos. O inquérito foi enviado para a Justiça.>
Segundo a delegada, mais de 40 casos de intoxicação de cachorros foram registrados em todo o país.>
A reportagem entrou em contato com a Tecno Clean nesta terça (6). Um homem atendeu ao telefone, afirmou ser representante da firma, mas não quis dar seu nome. Disse ainda que a empresa falará apenas nos autos.>
Em posicionamentos anteriores, empresa declarou que comprou propilenoglicol da A&D Química e que estava à disposição das autoridades para ajudar nas investigações.>
Em setembro, a A&D Química afirmou que os produtos de seu portfólio não possuem finalidade alimentícia, sendo destinados exclusivamente para produção de itens de higiene e limpeza. A empresa também declarou que está à disposição das autoridades para a elucidação do caso.>
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