Publicado em 30 de dezembro de 2020 às 11:21
O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Humberto Martins, negou liminar para revogar a prisão preventiva do juiz Leonardo Safi de Melo, da 21ª Vara Cível Federal de São Paulo. Ele foi denunciado por corrupção passiva, peculato, lavagem dinheiro e organização criminosa na Operação Westminster. >
No despacho assinado no domingo (27), o ministro argumenta que não há ilegalidade que justifique o habeas corpus e observa risco de obstrução da instrução processual ou da retomada do suposto esquema de venda de decisões judiciais atribuído ao magistrado caso ele seja colocado em liberdade.>
"Existem indícios suficientes de autoria e materialidade delitivas, estando presente ainda o periculum libertatis, tendo em vista a necessidade de interromper o fluxo de atividades espúrias desenvolvidas pela suposta organização criminosa, além de garantir uma instrução processual livre de interferências indevidas", escreveu o ministro.>
A decisão contraria um pedido apresentado pela defesa do magistrado. O advogado argumentava que, com o fim da instrução criminal, a prisão preventiva com fundamento na garantia da ordem pública teria perdido a finalidade. Acrescentou ainda que o juiz já foi afastado das funções, teve o sigilo bancário quebrado e os bens bloqueados pela Justiça.>
>
Martins, que é responsável pelo plantão no tribunal, observou que o pedido pode ser apreciado ao término recesso pelo ministro Og Fernandes, relator do caso.>
Em agosto, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu cassar uma liminar que havia beneficiado o juiz com liberdade monitorada por tornozeleira eletrônica e recolhimento domiciliar noturno.>
Leonardo Safi foi preso em junho na Operação Westminster sob suspeita de liderar uma organização que cobrava propinas para expedir sentenças na 21ª Vara Cível Federal em São Paulo. >
Segundo o Ministério Público Federal, o juiz escolhia processos envolvendo precatórios milionários, usava intermediários para se aproximar de uma das partes da ação e pedia uma 'comissão' em troca de decisões favoráveis.>
A articulação das negociações ficaria a cargo do diretor da Vara, Divannir Ribeiro Barile, apontado como braço direito do juiz no suposto esquema. Segundo as investigações, Divannir teria chegado a afirmar a interlocutores dos pedidos de propinas que falava em nome dos 'ingleses', em referência ao chefe. A menção batizou a operação de Westminster, distrito na cidade de Londres.>
O suposto esquema foi relevado à Polícia Federal por dois advogados que alegam terem sido coagidos. Orientados pelos investigadores, eles chegaram a participar de ações controladas, incluindo encontros gravados, como estratégia para colher provas e expor o modus operandi do grupo.>
Na ocasião da prisão, o advogado Carlos Kauffmann, que representa o juiz, afirmou que a sentença questionada na investigação "obedeceu estritamente a ordem e rito procedimental".>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta